Revista Lusófona de Ciência das Religiões Ano V, nº 09/10 (2006)
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Item Da crítica à sociologia da religião : uma viragem e seu impacto sócio-cultural(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Dix, Steffen; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA sociologia da religião é ainda uma disciplina relativamente jovem dentro da realidade académica. Tendo em conta as dificuldades recentes em reagir aos movimentos na paisagem religiosa actual pode parecer que este ramo da sociologia já se encontra numa crise profunda. Uma possibilidade de redefinir o lugar da sociologia da religião encontra-se também na reflexão sobre as origens desta disciplina científica que nasceu dentro do seio da crítica da religião. E esta remonta curiosamente das primeiras perguntas inocentes sobre a origem do mundo fora de uma explicação divina. O artigo presente pretende redesenhar em traços gerais o desenvolvimento da crítica da religião a partir dos filósofos pré-socraticos até os escritos de Feuerbach e chama depois brevemente atenção para Karl Marx, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud cujos criticas da religião tiveram um impacto enorme para a futura sociologia da religião.Item Para uma revolução epistemológica dos estudos indológicos(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Calazans, José Carlos; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA tese romântica de uma invasão ariana na Índia (que os historiadores positivistas tradicionais defendiam e que ainda hoje se mantêm), não podia tolerar a vetusta antiguidade dos Vedas, provada pela informação astronómica neles contida. De facto, nos Vedas não se encontra uma única referência a invasão, nem aí consta nenhuma descrição geográfica que possa ser identificável com a Ásia central, com os Balcãs ou com a Anatólia. (…) O modelo de autenticidade científica actual, atravessa uma profunda crise do paradigma dominante originado pelo racionalismo, que no caso da Indologia começou com Max Müller, A. B. Keith, J. Eggeling, W. D. Whitney, A. A. Macdonell e outros.Item Devoured by wild animals : trauma and post-traumatic stress in the children of São Tomé(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Simms, Norman; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoFugindo para Portugal, em 1492, para escaparem às conversões forçadas em Castela, os mais pobres e provavelmente os mais devotos Sefarditas foram confrontados com a inevitabilidade de pagaram um imposto à Coroa portuguesa. Esses judeus e os seus filhos viviam, na realidade, como escravos do rei de Portugal. O monarca passou aos capitães de São Tomé dois milhares de crianças destas escravizadas famílias, enviadas para uma nova colonização na ilha de S. Tomé. Muitos deles morreram no caminho ou nos primeiros meses, supostamente, devorados por animais selvagens, pois existiriam crocodilos e serpentes negras gigantes. Ficaram marcadas traumaticamente ao longo de gerações, pelo menos até ao século XVI, quando muitos dos descendentes seguiram para o Brasil, para a indústria nascente do açúcar. Alguns dos descendentes, em terceira ou quarta geração, destes acontecimentos traumáticos de 1493 parece terem regressado ao Judaísmo aquando do domínio holandês no Recife. Este ensaio examina as evidências de um continuado e forte trauma, assim como os diferentes níveis de uma possível memória do Judaísmo que terão vivido ainda em crianças.Item 'Estudos teológicos': contornos de uma nova edição(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Pinto, Paulo Mendes; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO Centro de Estudos, a Licenciatura e a Revista Lusófona de Ciência das Religiões, não poderiam nunca deixar de retomar estes textos. Tidos e lidos como fontes do seu tempo, ou como textos ainda interpelantes nos seus conteúdos, eles são um suspiro de um tempo. Não um suspiro de últimos dias, últimos momentos, não,a partir deste laboratório, é que se veio a fazer muito mais obra, mas de um suspiro de enfado, de desconforto em relação aos tempos que corriam, ao estado da teologia no nosso país, ao marasmo recorrente, tradicional, castiço e decadente a que tantos campos do pensamento foram votados durante séculos.Item Dicionário histórico das Ordens e Instituições afins em Portugal(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Franco, Eduardo; Coutinho, Maria João; Pinto, Paulo Mendes; Ferreira, Sílvia; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEste Dicionário faculta ao público, em geral, e aos investigadores, em particular, um conjunto de instrumentos de pesquisa e de compreensão sobre a diversidade das ordens, congregações e outras instituições similares em Portugal desde a sua fundação aos dias de hoje.Item Subsídios para uma bibliografia do Protestantismo no espaço lusófono(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Branco, Paulo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoCom esta bibliografia, pretendemos contribuir para um melhor entendimento do movimento sócio-religioso conhecido por Reforma, e especialmente, as suas repercussões, directas e indirectas, no nosso país. Os protestantes só tardiamente e com muitas dificuldades é que puderam entrar e radicarem-se em Portugal. Em relação a praticamente toda a Lusofonia, será a Igreja Reformada Holandesa a primeira a surgir em Portugal (1641). Hoje, representam 2,5-3% da população portuguesa em todas as denominações protestantes, evangélicas e algumas menos ortodoxas. Não quisemos deixar de fora os novos países da Língua Oficial Portuguesa, em virtude da sua relação histórica, e para podermos estabelecer essa ponte com o Protestantismo, consideramo-los no período colonial até à sua independência. Assim sendo, esperamos que esta seja uma primeira ajuda, útil para todos os que desejem investigar o Protestantismo Lusófono.Item O mito dos Jesuítas em Portugal : séculos XVI-XX(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Franco, José Eduardo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA presente dissertação propõe uma análise, perspectivada na longa duração, das percepções polémicas do carácter, da acção e do papel dos Jesuítas nos diferentes âmbitos da história de Portugal, enquanto configuradoras de uma imagem que ganhou contornos mitificantes, especialmente a partir do ministério político do Primeiro Ministro de D. José I (175-1777). Assim, o Marquês de Pombal é aqui estudado como o fundador do mito da Companhia de Jesus em Portugal. Mas não é possível compreender as raízes, a dimensão, o impacte, as funcionalidades e o significado deste mito negro na cultura e na mentalidade portuguesas se não tivermos em conta os antecedentes deste processo de engendramento de uma imagiologia mítica e a sua recepção e recriação posterior. Por isso, a nossa prospecção hermenêutica insere a fundação pombalina do mito jesuíta numa banda temporal mais lata, que nos permite apreciar a génese, a formação e a evolução do mito, englobando mais de quatro séculos de história.Item A biblioteca de Nag Hammadi finalmente em português(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Vasconcellos, Pedro Lima; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoItem Reflexões teológicas acerca do conceito de 'demónio'(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Gomes, Manuel Jorge; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO Mal personificado. Lúcifer, astro brilhante, filho da aurora...Figurando na literatura e nas artes, alimentada não só pelos ecos da cultura popular, mas também pelo espírito luminoso de teólogos, intelectuais e eruditos de todas as épocas, a silhueta do Demónio persegue-nos desde o fundo das eras e sobrevive até aos nossos dias, tendendo, por mais paradoxal que isso nos possa parecer, a rejuvenescer-se e a enraizar-se mais e mais no pensamento contemporâneo…Item Cronologia para o estudo do protestantismo no espaço lusófono(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Branco, Paulo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA cronologia que se apresenta neste artigo, permite colocar em ordem os principais acontecimentos que, directa ou indirectamente, marcaram a história do Protestantismo lusófono. Apesar de Portugal não ter tido o privilégio de conhecer a Reforma, e do tardio interessedos portugueses pelo Protestantismo, este acabou por efectivamente chegar até nós com vitalidade e expressão, a partir dos princípios do século XIV, ultrapassando impedimentos legais e ilegais, lutas e perseguições levantadas, quer pela Igreja católica quer pelas monarquias e ditaduras. É nosso desejo que, no futuro, esta cronologia possa ser aumentada e melhorada, através do contributo de mais investigadores que trabalhem na recuperação da história do Protestantismo português e do Protestantismo lusófono.Item A Bíblia de João Ferreira Annes d'Almeida(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Alves, Herculano; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoJoão Ferreira d'Almeida foi o primeiro tradutor da Bíblia para a língua portuguesa, no séc. XVII. O seu Novo Testamento foi publicado em 1681, em Batávia, actual Jacarta, onde Almeida viveu grande parte da sua vida. Esta primeira Bíblia passou,mais tarde, da Ásia para Portugal e daí para os países de língua portuguesa. Teve até hoje umas 2000 edições, num total de uns 150 000 000 de exemplares, o que faz deste tradutor o mais produtivo da língua portuguesa. É praticamente a única Bíblia editada pelos protestantes de língua portuguesa, mas o seu autor e a sua obra guardava ainda muitos mistérios, antes deste estudo.Item Ramsés II e a batalha de Kadesh(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Carreira, Paulo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNo presente trabalho, é feita uma leitura comparativa entre duas descrições da batalha de Kadesh (c. 1286 a.C.) travada entre Egípcios e Hititas. Referimo-nos ao poema de Pentaweret e ao chamado «Texto do Boletim». Em qualquer deles, a grandiloquênciadas palavras não consegue esconder o facto de Ramsés II ter estado à beira de sofrer uma tremenda derrota, enganado que fora a respeito da localização exacta do exército inimigo. O rei é pródigo em elogios à sua própria bravura, exaltando o auxílio que houve do seu divino pai, Amon. No entanto, lendo entre as linhas dos dois textos, apercebemo-nos de que Ramsés não conseguiu sair vitorioso deste prélio e foi incapaz de tomar Kadesh. Tendo ambos os adversários optado por uma espécie de empate, o status quo ante bellum foi mantido.Item Fé ou razão? : o dilema do pensamento moderno(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Silva, Simão Daniel Cristóvão Fonseca da; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEste artigo tem como objectivo indagar a problemática questão filosófica: Fé ou razão?A nossa análise incide particularmente no pensamento moderno, com efeito, analisaremos autores como Kant, Hegel e Kierkegaard. Apresentando o existencialismo de Kierkegaard, em oposição ao criticismo de Kant e idealismo de Hegel, este estudo procura demonstrar que a racionalidade não compromete a fé. Não existem dois caminhos, em qualquer dualismo, apenas uma tensão entre o conhecimento adquirido e o conhecimento revelado.Item A Igreja Católica e o seu discurso utópico sob o prisma do semanário O São Paulo(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Lanza, Fábio; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoTrata-se de um texto elaborado a partir de pesquisa de doutorado em andamento, que tem por objeto a atuação da Igreja Católica na Arquidiocese de São Paulo, no período da ditadura militar (1964-1985). Tendo por foco central o estudo do Semanário O São Paulo. O texto parte da utopia pretendida por membros da arquidiocese naquele período, que contestava a visão de sociedade imposta pelos governantes. O Semanário O São Paulo se conflitava com a linha jornalística pretendida pelos militares, e adotava uma “vocação cidadã”. O trabalho busca avaliar a presença de um meio de comunicação numa realidade conflitante, utilizando fontes orais e análise de conteúdo.Item Resquícios históricos da presença da Reforma no espaço lusófono, durante o século XVI(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Oliveira, Rui A. Costa; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoItem Dr. Robert Reid Kalley e o estabelecimento do Presbiterianismo em Portugal e no Brasil(Edições Universitárias Lusófonas, 2006) Oliveira, Rui A. Costa; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoSão várias as teses que correm sobre as razões que impediram ou retardaram a difusão das ideias da Reforma, em Portugal. Porém, uma atenta leitura de muitos dos factos sociais, ocorridos nos espaços sob soberania da coroa portuguesa, desde o século XVI até aos temerários passos dados pelo Rev. Kalley, já em meados do século XIX – para cuja reflexão poderão concorrer estas notas –, constituem indícios consistentes que nos forçam a acreditar que, também em Portugal, desde o início, correram esses «novos ventos» da religião reformada. Apesar da apertada de vigilância, quer das inquisitoriais cautelas, que propunham a cega defesa da doutrina da fé institucionalizada, quer das suspeitosas dúvidas que sempre acompanhavam as ideias de mudança, esses «ventos» chegavam e manifestavam-se, ora envoltos de sinais de contradição e contestação social, importados por via daqueles cuja mobilidade os aproximara dos meios fulcrais europeus onde ocorriam as grandes transformações, ora veiculados pelos agentes da inovação, que, através das naus das demandas e nos portos nacionais de transvaze, juntamente com as mercadorias, deixavam também a atrevida crítica dos olhares e a arriscada inquietação do questionamento.