International Journal of Film and Media Arts, Vol. 6, Nº. 1 (2021)
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Percorrer International Journal of Film and Media Arts, Vol. 6, Nº. 1 (2021) por autor "Fernandes, Manuel Luís Bogalheiro da Rocha"
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Item Techno-animism or the magical existence of technical objects = Tecno-animismo ou a existência mágica de objetos técnicos(Lusofona University, 2021) Fernandes, Manuel Luís Bogalheiro da Rocha; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoSe, por um lado, a noção clássica de artefacto pressupõe objetos inertes e uma confiabilidade entre o usuário e os usos que podem ser extraídos dos objetos, por outro lado, reconhece-se a suspeita de que os objectos técnicos e os seus esquemas operatórios, as máquinas e as suas soluções “artificiais”, encerram em si um carácter inautêntico e adulterador, como se de uma potência própria de astúcia e de engano se tratasse, capaz de, no limite, se emancipar e se processar de forma autónoma, independentemente dos usos e das apreensões que os humanos, seus operadores, possam fazer. O imaginário ocidental da técnica ter-se-á assim constituído sob pressupostos que, a par das leis formais da mecânica ou da matematicidade fria que governa qualquer gramática de códigos, projectaram uma dimensão mágica e especulativa naquilo que de artificial permite manipular a produtividade original da natureza. Com o surgimento das tecnologias digitais e a informatização geral dos artefactos, essa dimensão adquiriu forma naquilo que Philip K. Dick considerou a tendência do tecno-animismo e que, mais tarde, seria materialmente concretizada pela computação ubíqua e pela internet das coisas na era do chamado capitalismo cognitivo. Neste artigo, procuramos abordar o tecno-animismo como uma estética especulativa que, ao projectar uma vida própria nos objectos técnicos, lhes inscreve uma alteridade e uma estranheza que potencia perspectivas para além dos usos e relações habituais que se dão por garantidas e que escondem os objectos, assim como para além das estratégias políticas ou comerciais que os mobilizam. Encantar objetos técnicos é, por um lado, criar uma possibilidade para os suspender dos seus fluxos instrumentais e, por outro, instalar um realismo mágico ou problemático que perturba as articulações de uma realidade mera e exclusivamente humana.