Percorrer por autor "Correia, Joana Cristina Belo"
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Item Avaliação da utilidade da tomografia computorizada na morfometria dentária de canis lupus familiaris(2017) Correia, Joana Cristina Belo; Pires, Ana Elisabete, orient.O estudo da dentição apresenta uma grande importância do ponto de vista arqueológico, para identificação das espécies. Os dentes constituem uma evidência para a identificação, dado os tecidos dentários manterem-se preservados durante um longo período de tempo após a degradação dos tecidos moles. Os dentes apresentam vantagens relativamente ao esqueleto, visto que são altamente resistentes ao traumatismo mecânico e químico, e são também menos afetados por fatores hormonais e nutricionais. Este estudo visou avaliar a utilidade da tomografia computorizada (TC) para recolha de dados de morfometria dentária na elaboração de uma base de dados de referência para a espécie Canis lupus familiaris. Neste estudo piloto, recorreu-se a uma coleção de 14 maxilas e cinco mandíbulas de exemplares de cães atuais, pertencentes ao Laboratório de Anatomia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (Lisboa, Portugal). Nestas peças anatómicas, foram avaliados 17 dentes caninos maxilares, cinco caninos mandibulares e 24 quartos pré-molares maxilares, perfazendo um total de 46 dentes. A análise morfométrica padrão de cada peça dentária consistiu na medição manual com recurso a um paquímetro digital (Fischer Darex®, França), do comprimento mesiodistal (MD) e vestíbulopalatino (VP) de cada dente por dois observadores distintos. As medidas foram repetidas 4 a 6 vezes de forma independente, em dois dias distintos. O método alternativo consistiu na análise de imagens de tomografia computorizada adquiridas com um equipamento helicoidal de dois cortes (BRIVO CT325, GE Medical Systems, EUA) das mesmas peças dentárias, com recurso ao programa informático de processamento de imagens DICOM (Horos 64-bit). Neste caso as medidas foram recolhidas por um só observador e repetidas 5 vezes de forma independente em dois dias distintos. Em ambos os métodos as medições revelaram assim um excelente nível de repetibilidade e reprodutibilidade: nas medições efetuadas com paquímetro verificou-se um erro técnico de medição intraobservador (dois observadores) entre 0,63% e 3,29% e interobservador entre 0,72% e 2,98%, ambos dentro do nível aceitável (<5%). No caso da TC, obteve-se um erro intraobservador (um observador) entre 0,35% e 2,44% (<5%). As médias das medições obtidas por paquímetro e tomografia para o MD do quarto prémolar maxilar, foram respetivamente 𝑥̅=16,59 mm e 𝑥̅=16,64 mm, e 𝑥̅=6,70 mm e 𝑥̅=6,62 mm para o VP do mesmo dente. Para o dente canino as médias das medições obtidas por paquímetro e tomografia foram respetivamente, 𝑥̅=9,29 mm e 𝑥̅=9,19 mm, para o MD do canino, e 𝑥̅=5,83 mm e 𝑥̅=5,82 mm para o VP do canino, verificando-se uma grande semelhança entre os valores. Foram aplicadas diversas abordagens para avaliar a concordância entre os dois métodos – método padrão (paquímetro) e o alternativo (TC). O teste estatístico não-paramétrico de Wilcoxon demonstrou diferenças estatisticamente significativas entre as duas técnicas para o MD (p<0,01) e VP (p<0,05) do dente quarto pré-molar maxilar. Relativamente a cada medida, o desvio mínimo observado entre técnicas foi 0,00 mm e o máximo foi 0,93 mm. Para as quatro medidas avaliadas, o teste de Spearman mostrou haver uma correlação significativa (p<0,01) entre as duas técnicas de medição. Obtiveram-se ainda coeficientes de fiabilidade superiores a 0,95. Relativamente ao método Bland-Altman, apenas as medições do MD do quarto prémolar maxilar e do canino, cumpriam os requisitos de aplicação do teste, e somente para o MD do canino não se verificam diferenças nas medições recolhidas entre as duas técnicas de medição. Apesar destes resultados, a diferença máxima encontrada entre as duas técnicas foi de -0,208 mm para o MD do quarto pré-molar maxilar, 0,862 mm para o VP do mesmo dente, 0,933 mm para o MD do dente canino, e 0,547 mm para o VP. Estes desvios ao nível das décimas de milímetro não comprometem a aferição das medidas de cada dente. Este estudo permitiu concluir que a tomografia computorizada fornece medidas odontométricas fiáveis, podendo contribuir para a construção de uma vasta base de dados de morfometria dentária de referência para a espécie Canis lupus familiaris, recorrendo à análise de exames tomográficos de vários indivíduos de raças diferentes arquivados em centros médico veterinários.