Percorrer por autor "Fantasia, Ana"
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Item Cartografias dos Estudos Africanos(Marca D'Agua, 2013) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, AnaTrabalhamos neste artigo um conjunto de questões relativas aos Estudos Africanos, aos Estudos Sobre o Desenvolvimento e sobre as Epistemologias do Sul. Durante os trabalhos de preparação da investigação no sul de Moçambique, nomeadamente na revisão de literatura, formos encontrando algumas questões umas de natureza teoria, outras de natureza metodológica que mereceram alguma atenção e reflexão. Aqui procuramos aprofundar essas questões duma forma crítica O artigo encontra-se articulado em torno de três questões. Estas questões não esgotam os campos de reflexão, mas constituem um importante momento reflexivo que permite o desenvolvimento dos trabalhos de investigação no âmbito do projeto Casa Muss-amb-ike. Ao mesmo tempo constituíram um importante contributo para o Curso de Formação Avançada do Doutoramento em Estudos Africanos, realizado por Ana Fantasia no ISCTE-IUL, com a qual temos vindo a desenvolver os projetos em Moçambique.Item O Futuro da Saúde Global(2016) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, AnaO conhecimento científico tem-nos ajudado a resolver os problemas das sociedades. É um processo que nos ajuda a identificar os problemas (diagnóstico) e a procurar soluções (experiencia). A ciência é sem dúvida um instrumento de conhecimento do mundo e uma ferramenta para a sua transformação. Sabemos que a investigação científica nem sempre tem uma aplicação imediata, mas que ela é fundamental para se continuar a pensar sobre o mundo. No tempo dos nossos avós, por exemplo, criaram-se as universidades. Podemos considerar, para simplificar que existiam dois tipos de ensino. Os estudos gerais, mais dados às filosofias, às letras, às leis e às artes, e os estudos técnicos, mais voltados para as questões práticas, das engenharias, da economia, da agricultura, da veterinária. A medicina talvez seja neste contexto um caso interessante, pois sendo, na sua função social, uma técnica que é aplicada de forma rigorosa segundo princípios comprovadamente científicos e no âmbito duma ética consensualizada, não deixa também de ser um pensamento sobre a vida e a morte.Item Uma leitura crítica da teoria do pós-desenvolvimento(2015) Fantasia, Ana; Leite, Pedro PereiraNeste trabalho efetuamos uma leitura crítica do artigo “Post-development as a concept and social practice”, de Arturo Escobar (2007) inserido no livro “Exploring Post-Development: Theory and Practice, Problems and Perspectives” editado por Aram Ziai, Routledge, pp 18 - 31 Nesse artigo de Arturo Escobar apresenta uma síntese detalhada da sua crítica ao conceito de desenvolvimento e propõe um novo fundamento epistémico para o conceito de desenvolvimento. Após uma revisão sobre a emergência do conceito de desenvolvimento e das várias criticas que têm vindo a surgir desde os anos oitenta, Escobar argumenta, perante a desadequação do conceito, sobre a necessidade duma transição paradigmática onde é essencial formular uma conceção que traduza o pensamento e a prática sobre as possibilidades de construção de formas alternativas de gerir a mudança social. O artigo desenvolve em seguida os fundamentos da crítica ao conceito de desenvolvimento, contextualiza a emergência da crítica feita pelo pós-desenvolvimento para terminar com a argumentação sobre a possibilidade de pensar a emergência do mundo global com uma nova forma de olhar para as possibilidades de uma ação inovadora no mundoItem Leitura da Agenda Pós 2015 a partir da teoria crítica do desenvolvimento(2015) Fantasia, Ana; Leite, Pedro PereiraEm 2000 a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou e definiu oito objetivos de desenvolvimento do milénio a atingir em 2015. Com esse compromisso procurou alcançar um conjunto de ambiciosas metas, objetivadas através de indicadores quantitativos verificados num horizonte temporal de 15 anos. Anualmente os resultados atingidos são reportados à Assembleia Geral. Neste ano de 2015, é já claro o grau de aquisição destes objetivos, e discute-se de que forma é que se dará continuidade a esse compromisso. Neste artigo abordamos os contextos de formação destes objetivos no âmbito da Teoria do Desenvolvimento a partir da relação da compatibilização entre os fins, aqui apresentados como “os objetivos”, com os meios alocados pelos diferentes atores envolvidos. A análise dos meios leva-nos a mapear os processos implementados no campo da Ajuda ao Desenvolvimento. A partir dessa análise interrogamos a eficácia e a eficiência da ajuda ao desenvolvimento e a adequação do conceito de Desenvolvimento na discussão atual sobre os Objetivos de Desenvolvimento sustentável.Item Lisboa Cidade Africana: Percursos e Lugares de Memória da Presença Africana(Marca D'Agua, 2013) Leite, Pedro Pereira; Henriques, Isabel de Castro; Fantasia, AnaLisboa, cidade de tantos vales e colinas quantos os mitos que envolvem a sua história e as populações que a inventaram, estende-se ao longo do Tejo, no lugar onde o rio termina o seu percurso por terras ibéricas e mergulha no oceano Atlântico. Lisboa nasceu na colina do Castelo de São Jorge, onde um povoado da Idade do Bronze deixou os seus vestígios, que cruzaram com muitas outras marcas gravadas por gregos, fenícios, lusitanos, romanos, visigodos, árabes, judeus e cristãos. Um longo caminho de gentes e de culturas, de estórias e de lendas, de deuses e de heróis que, como Ulisses o fundador mítico da cidade – Olisipo - que lhe deve o nome, construiram e reconstruiram este espaço urbano. Se os romanos, dando conta da posição estratégica da cidade desde 195 a.C., a organizaram em torno das actividades ligadas ao mar, construindo numerosos edifícios que permanecem, foram os árabes e os berberes, que a conquistaram aos visigodos e a ocuparam por volta de 714-719, assegurando, de forma irreversível, o desenvolvimento económico, comercial e cultural da cidade, a que chamaram Lisbûna. Durante quatro séculos, a presença muçulmana deixou no espaço da cidade, saberes, práticas, valores mouriscos, mas também patrimónios construídos - muralhas, bairros, casas e ruas labirínticas ainda bem visíveis em certos lugares da velha cidade – , fixando a densidade urbana de Lisboa e a sua vocação comercial e portuária. Conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques, em 1147, Lisboa adquiriu uma nova dimensão política com a instalação da Corte portuguesa, tornando-se em 1256 a cidade- capital do reino de Portugal. Desenvolvimento comercial, aumento demográfico, novos núcleos habitacionais, muralhas, torres e cercas, palácios, conventos, igrejas, edifícios e espaços públicos destinados a diversas actividades, como armazéns, feiras e mercados, vieram a dar novo fôlego à cidade medieval, reflectindo o lugar que desempenhava, desde finais do século XIII, no comércio marítimo europeu. A expansão marítima quatrocentista veio consolidar um já longo um processo de vocação marítima da cidade. A abertura do oceano Atlântico, as novidades descobertas, as populações encontradas e as relações estabelecidas fixararam o carácter multicultural de Lisboa que, em 1551, atingia 100.000 habitantes. O poder da cidade assentava nos laços comerciais que mantinha com outros espaços urbanos espalhados pelo mundo, nas Américas, na África, na Ásia, de onde provinham, as mercadorias cobiçadas nos mercados europeus. Ouro e prata, pedras preciosas, pimenta e outras especiarias, drogas, tabaco e açucar, madeiras, textéis e muitos escravos, a maioria africanos, faziam de Lisboa um lugar de negócios e de riqueza, que atraía muitos e diversos mercadores oriundos do espaço europeu. O país todo rodopiava em torno de uma actividade comercial frenética que gerava dinâmicas de crescimento urbano, económico, agrícola, industrial/artesanal e movimentos populacionais intensos. A Lisboa quinhentista e seiscentista cresceu, reconstruiu-se, renovou-se, diversificou-se, na arquitectura, na organização e gestão dos espaços, nos quotidianos urbanos, nos sistemas sociais, religiosos, técnicos, culturais, marcados pela pluralidade das gentes e das ideias que chegavam, circulavam e se fixavam na cidade. A Lisboa dos Descobrimentos transformou-se no grande centro do comércio europeu, marcada pelas construções ribeirinhas que asseguravam o poder político e económico. Do Terreiro do Paço ao Rossio, do Convento da Madre de Deus ao Mosteiro dos Jerónimos e à Torre de Belém, multiplicaram-se grandes construções, como palácios, igrejas, conventos, edifícios comerciais, mas também bairros novos, ruas, praças e espaços públicos assegurando funções diversas, indispensáveis à vida urbana. A grandiosidade arquitéctonica manteve-se durante a dominação filipina, tornando-se magnífica e faustosa no século XVII, graças ao ouro do Brasil – quer dizer, ao trabalho escravo africano -, que permitiu grandes e luxuosas construções, mas também a grande obra que foi o Aqueduto das Águas Livres, que veio permitir um abastecimento regular das águas à cidade de Lisboa. A Lisboa da segunda metade do século XVIII ficou marcada pelo devastador terramoto de 1755. Da reconstrução da cidade, obra do iluminista Marquês de Pombal, salienta-se a Baixa pombalina, que, obedecendo a um plano urbanístico de quadrícula aberta, consagrou a centralidade do Rossio – espaço de encontro e de comércio - e do Terreiro do Paço, a Praça do Comércio, que manteve a sua vocação fluvial e a sua dimensão político/nacional. No século XIX, o liberalismo viria a introduzir novas dinâmicas nos quotidianos da cidade, marcadas pela vertente social: a Baixa e o Chiado tornaram-se lugares de lojas, cafés, teatros, livrarias e clubes procurados pelas elites lisboetas, ao mesmo tempo que a abertura da Avenida da Liberdade, em 1879, transferiu a expansão urbana para o interior, afastando-se do Tejo, procedendo-se nessa zona da cidade à instalação de núcleos habitacionais e de edifícios destinados a assegurar o desenvolvimento industrial e comercial da nova urbe oitocentista. A emergência e consolidação do Estado Novo, desde 1926 e até 1974, traduziu-se numa reorganização da cidade marcada pelas ideias nacionalistas de um sistema colonialista e totalitário que optou pela criação de uma Lisboa monumental ao serviço do poder: edificios públicos, novas urbanizações, grandes construções, simbolizavam o passado glorioso dos Descobrimentos portugueses, legitimando a dureza das relações coloniais e fornecendo o alimento patriótico, destinado a opacizar a violência da miséria e da opressão do regime. Se o desenvolvimento da periferia da cidade, a construção de bairros sociais, algumas importantes obras de engenharia civil marcaram as políticas relativas à reorganização da cidade, foi sobretudo a intervenção na zona de Belém, que pôs em evidência o projecto urbano da Ditadura : a Exposição do Mundo Português (1940), junto ao Mosteiro dos Jerónimos, veio dar a conhecer aos portugueses a justeza e a generosidade das políticas coloniais do regime, perante a selvajaria dos povos colonizados, trazidos e expostos como animais, para servirem de justificação à tão altruísta e humanitária «missão civilizadora» dos portugueses no mundo. O Portugal democrático, nascido da revolução do 25 de Abril de 1974 abriu as portas a uma modernização do país, que permitiu assegurar novas linhas de intervenção urbana, como a reabilitação de bairros históricos de Lisboa e a valorização dos patrimónios arquitectónico e cultural da cidade. Mas os novos imigrantes africanos continuaram a conhecer os bairros periféricos degradados e os trabalhos duros, e a confrontar-se com novas e velhas formulações de um preconceito secular, reforçado, nas décadas finais do império, pela violência da guerra colonial, que deixou marcas profundas na população portuguesa. É neste contexto de vários séculos, de Quinhentos até hoje, que se desenvolve uma longa, constante e continuada ‘migração’ de populações africanas que, «à força» até aos finais do século XVIII, e depois «pela força » do colonialismo do fim de Oitocentos a 1974, e da globalização dos nossos dias, se foram instalando na cidade de Lisboa. A presença destas populações sempre diferiu de qualquer outra : a maioria dos africanos não vieram de livre vontade, procurando concretizar projectos próprios como aconteceu com romanos e árabes, mas trazidos pela violência da escravatura, capturados ou comprados em África, para serem introduzidos, despojados de tudo, até da sua humanidade, no extremo ocidental do fragmento ibérico da Europa. Durante séculos desempenharam tarefas indispensáveis, mas também as mais duras e mais desvalorizadas da sociedade. Inseridos em 7 todos os sectores criadores de riqueza, os africanos, escravos ou livres, foram um elemento estruturante da vida urbana portuguesa. A visibilidade da sua presença apresenta-se hoje marcada por uma grande fragilidade, não só porque a sua integração se fez no quadro das tarefas quotidianas que não deixaram as marcas das grandes obras cuja materialidade lhes permite atingir a perenidade, mas também porque, desconsideradas e rejeitadas, as populações africanas foram sempre transferidas para o espaço do desinteressante, do indesejável, do condenável. Cabe à História recuperar esses percursos das relações humanas e fornecer os elementos indispensáveis à reconstrução do passado, permitindo organizar a memória dos homens e das sociedades, esclarecendo identidades, contribuindo para resgatar conhecimentos capazes de contribuir para estruturar solidariedades, eliminar as fronteiras do preconceito, da discriminação e da exclusão, e promover diálogos inter e pluriculturais criadores de uma cultura da igualdade e da paz. O objectivo deste Roteiro é dar a ver a africanidade de Lisboa, dispersa numa pluralidade de memórias e de vestígios imateriais e invísiveis nos dias que vivemos. A história diz-nos como foi a instalação e a vida de milhares de africanos que durante séculos participaram no processo de construção do facto nacional. Percorrendo a cidade, munidos do conhecimento histórico, somos surpreendidos pela vigorosa presença africana que invadiu todos os espaços da sociedade lisboeta, reconstruímos uma Lisboa escondida, submersa por um preconceito secular que ainda domina o nosso imaginário colectivo, e compreendemos, com mais clareza, não só comportamentos, valores, práticas que permanecem nos quotidianos urbanos, como também as reinvenções constantes da identidade portuguesa.Item Lisbon Saraswati: A experiência de viagem pelas memórias de Lisboa(Marca D' Água, 2013) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, AnaDo que falamos quando verbalizamos a experiencia do espaço e do tempo. Falamos do que somos ou falamos do que vemos. A experiência do ser no espaço e no tempo delimita um objeto fenomenológico que se contem a sim mesmo. A poética da intersubjetividade é uma proposta da epistemologia crítica para resolução da velha questão do contexto e da circunstância. Nós somos o que somos pela experiência no mundo, ao mesmo tempo que o que fazemos e como o fazemos molda o que somos. Propomos uma epistemologia em que o sujeito participa na construção dos seus próprios objetos relevantes. Uma fórmula em que o uno se concretiza no todo. Neste projeto, que tem por cenário da Baixa de Lisboa, trabalhamos algumas questões conceituais relacionadas com a poética da intersubjectividade . Num primeiro momento trabalhamos a poética do tempo. O tempo como fenómeno social inscrito na mudança como construtor de vínculos entre as comunidades. Olhamos para as suas memórias, para as suas técnicas, para os seus rituais e para as diferentes narrativas que permitem criar escalas de observação da intensividade e da extensividade dos fenómenos. Escalas que são observadas nas continuidades e nas rupturas desses fenómenos, visíveis através das memórias e dos esquecimentos. As narrativas de legitimação. De seguida procuraremos na poética do espaço a relação entre as escalas de observação e os processos de polarização no espaço. As diferentes escalas do espaço permitem olhar para a sua estruturação como narrativa de legitimação cristalizadas nas dinâmicas de fluxos. De seguida trabalhamos a poética da viagem, uma metodologia que permite ao observador deslocar-se entre as escalas de observação, olhar para as qualidades do espaço e do tempo, para as sua quantidades e para o modos como os indivíduos se apropriam e se organizam criando estabilidades ou instabilidades reagindo a causas internas ou externa. Na poética da viagem construímos a duas mãos uma narrativa simbólica, procurando a forma, os valores e os ritmos da Baixa.Item Modos de Fazer e Estar em Djabula Moçambique(2014) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, Ana; Maridalho, Patrícia; Zacarias, FilipaWe present the preliminary results of the project "Tree of Memories" developed at the Community Center of Djabula, a village south of Maputo where the NGO VIDA work for an emancipatory social intervention. The association supports the forms of land use and local resources for the generation and diversification of income and support the local community, training of community members for social intervention and the development and use of local knowledge. The results have been scattered in other communities in order to provide a more equitable distribution yields. The project "Tree of Memories" aims working modes of use of social memory in the community for creating social innovation. The article presents the results achieved so far, describing the process of identifying the agents and the recognition of space.Item As Narrativas Biográficas e as metodologias de investigação-acção sobre a memória e o esquecimento(Marca D' Água, 2013-06) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, AnaThe integration of Biographical Knowledge in research processes is a methodological proposal of critical empiricism that shifts the centre of production of knowledge to the research objects. We try to show haw Biographical Narratives can allow bypassing the locks and the deviations from real observation by the researcher and focus is work on actors in process. In the critique of the Eurocentric paradigm and is production of hegemonic scientific discourses by Bonaventura Sousa Santos (Santos, 2000) proposes the "south epistemologies" as a research process and the inclusion of knowledge of actors as the research field. In the article we will try to look at the process of production of biographical narratives using the tools of south epistemological proposal. We start reviewing the methodologies working on biographical objects. Then we present the preliminary studies and research we have been doing in communities in southern Mozambique in Djabula Community Centre. These results should be completed with other works on the ground, and now we opened as a collaborative process discussion on African Studies community. The project will be completed in the coming months, through the proposal of a "House of memories" to develop with the local population through articles, stories, sounds and dances that are chosen and will support the chosen narratives by the community. The projects created with local players, from their problems allow rapprochement and dialogue between the different knowledge.Item As narrativas biográficas: oralidade e intersubjectividade(Marca D'Agua, 2014) Leite, Pedro Pereira; Fantasia, AnaA questão da intersubjetividade tem vindo a ser abordada na teoria do conhecimento com uma proposta de superação da relação do sujeito (aquele que formula os problemas) com o seu objeto de conhecimento (formulação de problemas sobre os quais são aplicados os métodos de observação e medição). Esta crítica ao paradigma racional, que tem vindo a ser feito entre outros pela escola de Frankfurt, de onde salientam os trabalhos de Jürgen Habermas (1990) Axel Honneth (2011) e ente nós pelos trabalhos de Boaventura Sousa Santos (1987). Entre outras questões a teoria crítica fundamenta uma proposta de reformulação dos modos de objetivação do real a partir da intersubjetividade. Propomo-nos neste trabalho a efetuar uma análise sobre a intersubjetividade na museologia a partir duma postura de investigação-ação através do recurso das narrativas biográficas. No paradigma da ciência social moderna as categorias de espaço e tempo surgem como formulações absolutas (SANTOS, 1987). Invariáveis a partir das quais se efetuam a construção de narrativas lineares sobre os espaços e as comunidades. A crítica de construção destas categorias como fenómenos processuais, interelacionais e reflexivos (HABERMAS, 1990) tem vindo a concluir que uma narrativa não pode aspirar a constituir-se mais do que uma entre outras narrativas possíveis. A possibilidade de narrativa emerge assim não pelo seu caráter universal e único, mas pela sua relação com as forças sociais que em determinadas conjunturas a tornam dominantes. A critica destas narrativas implica equacionar a sua expressão como possibilidade narrativa. A visão critica sobre as narrativas como fenómenos que resultam dum processo social interrelacional evidencia, na museologia, a necessidade de equacionar o sujeito que produz o discurso. Ora, neste ponto de vista, uma narrativa museológica, como processo de conhecimento construído a partir do sujeito museólogo, é um processo que resulta mais próprio conhecimento prévio do sujeito como que construindo um efeito de imagem refletida num espelho. A narrativa museológica moderna é portanto um conhecimento que se reflete a si mesmo. Ora a construção deste conhecimento reflexivo, a partir do qual se reconstroem as narrativas, é também criticado a partir do seu efeito processual. Isto é, ao projetarmos no mundo uma interrogação que nos é devolvida como resposta (quando construímos um problema já construímos, intuitivamente, a resposta para esses problemas (Ver JESUINO,2000 Processos Cognitivos), também estamos ao mesmo tempo a predeterminar a essa narrativa construindo os seus próprios limites de possibilidade, a partir da sua formulação. A comunicação não é neutra e não existe sem desencadear uma multiplicidade de efeitos a partir da qual se geram novos campos de tensão. O reconhecimento deste princípio da incerteza nas narrativas (do sujeito sobre o objeto),pelo efeito de reflexo e pelo efeito processual, induz uma consciência sobre as narrativas museológicas como campos de possibilidades contínuas.