Percorrer por autor "Rocha, Clemente José Gomes da"
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Item Contribución a un enfoque no convencional de la Función Vascular Periférica : estudio del impacto fisiológico del masaje en la circulación del miembro inferior(2021) Rocha, Clemente José Gomes da; Rodrigues, Luís Monteiro, orient.; Buján Varela, Julia, orient.A massagem é uma técnica manipulativa há muito conhecida, utilizada com múltiplas finalidades associadas principalmente à saúde e ao bem-estar, designadamente na reabilitação e no tratamento e alívio de sintomas associados a múltiplos contextos osteo-mio-articulares e vasculares. Aceite como benéfica em muitas condições de saúde e bem acolhida pelo paciente, recomendada para todos os grupos etários, desde a infância aos indivíduos mais velhos, a demonstração do seu impacto fisiológico e mecanismos envolvidos é ainda muito limitada, porventura até controversa ou inconclusiva. Alguns estudos têm sugerido uma contribuição positiva da massagem na modulação da dor, alívio da fadiga e no controle da ansiedade e do stress, independentemente das patologias de base. Contudo, a utilização de diferentes técnicas e protocolos de massagem, múltiplas e variadas técnicas de registo, e a quase impossibilidade de compararmos resultados, são algumas das dificuldades que justificam estas complexidades. O nosso trabalho teve por objetivo central, estudar o impacto fisiológico da massagem no membro inferior humano e os mecanismos de adaptação envolvidos, em populações saudáveis, previamente selecionadas e caracterizadas. Para registo de eventos da microcirculação e no sentido de garantir o total conforto e segurança dos participantes, recorremos a técnicas óticas não invasivas, amplamente testadas, fiáveis e reconhecidas para este fim, como a fluxometria por laser Doppler (FLD) um dos mais reconhecidos “gold-standards” e a fotopletismografia (FPG), que vem sendo usada como meio complementar de quantificação da microcirculação. Adicionalmente, e com o objetivo de estender a capacidade de análise direta destes sinais biológicos, necessariamente complexos pela sua natureza oscilatória e não-estacionária, recorremos a outras estratégias matemáticas para processamento de sinais. Utilizámos a transformada de Ondeleta (TO), que tem vindo a ser adaptada e utilizada para decomposição destes sinais biológicos com o intuito de melhorar expandir as capacidades de quantificação, passando por contribuir para a normalização de procedimentos, desde logo ao nível da definição do desenho experimental e, mais recentemente a análise de entropia como forma de analisar a complexidade de sinais biológicos. O presente projeto contou com a colaboração de 98 participantes (32.6 ± 15.5 anos) de ambos os sexos (47 homens e 51 mulheres). Nos artigos aqui descritos, utilizamos um total de quatro grupos, sendo o primeiro de massagem com 32 participantes (19.8 ± 1.5 anos), com 16 homens e 16 mulheres, e no segundo grupo, do procedimento de RVA (Reflexo Veno-Arteriolar), foi de 12 participantes (26.0 ± 5.0 anos), com 5 homens e 7 mulheres. Os dois últimos grupos, com indivíduos mais velhos, foram um de massagem (52.6 ± 6.2 anos), com 11 homens e 11 mulheres, e no último grupo, submetido ao procedimento de RVA (50.3 ± 5.6 anos), com 5 homens e 5 mulheres. Todos os participantes selecionados foram confirmados como sendo normotensos e sem sinais de comprometimento vascular, com índice tornozelo-braço (ITB) > 1.0. O projeto foi previamente avaliado pela Comissão de Ética institucional (CE 03/2013.12) e todos os procedimentos observaram os princípios da boa pratica clínica estabelecidos pela Declaração de Helsínquia e subsequentes emendas. O protocolo de massagem foi avaliado em duas das suas variantes em termos de direção da aplicação: proximal ou ascendente e descendente ou distal. Em todos os casos o procedimento foi aplicado num dos membros inferiores (perna e pé) previamente aleatorizado, servindo o outro membro como controlo. O procedimento experimental de massagem, envolveu três fases de registo continuo, em supinação, com a Fase I a corresponder ao registo em repouso (baseline), durante 10 minutos, a Fase II, de provocação com aplicação de massagem da perna e pé durante 5 minutos e a Fase III, de recuperação durante por 10 minutos. A perfusão sanguínea foi avaliada simultaneamente por FPG (PLUX Biosystems, Portugal) e por FLD (PF 5010, Perimed, Suécia), com as sondas aplicadas em ambos os pés, na superfície plantar dos dedos 1 e 2, respetivamente. A pressão arterial, medida no braço foi igualmente registada nas três fases do protocolo. A aplicação das duas variantes do protocolo, cuja ordem de aplicação foi previamente aleatorizada foi intermediada por um período de washout de trinta minutos. Para “refinamento analítico” dos sinais de FLD, foi também analisado um subgrupo de massagem com 29 voluntários (19.9 ± 1.6 anos, 13 homens e 16 mulheres), conforme descrito acima e com recurso à TO, foram decompostos os sinais de FLD nas suas componentes oscilatórias, para avaliar os potenciais mecanismos envolvidos. Foram considerados os seguintes intervalos de frequência de 0.05 a 2Hz: cardíaca de 0.6 Hz a 2 Hz; respiratória de 0.145 Hz a 0.6 Hz; miogénica de 0.052 Hz a 0.145 Hz; simpática de 0.021 Hz a 0.052 Hz; endotelial dependente de Óxido Nítrico (endoDON) de 0.0095 Hz a 0.021 Hz; e endotelial independente de Óxido Nítrico (endoION) de 0.005 a 0.0095 Hz. Para validação da TO nos sinais de FPG, usamos outra ferramenta de refinamento analítico, a análise de textura (AT) e dados de um grupo com 12 voluntários (26.0 ± 5.0 anos, 5 homens e 7 mulheres), submetidos a dois protocolos, um de massagem conforme descrito acima e também a um protocolo de RVA, em que os participantes realizaram um procedimento de 10 minutos em supina com as pernas estendidas, Fase I (baseline); 10 minutos com um membro pendente a 50 cm em relação ao nível do coração, Fase II (teste); e 10 minutos após retorno à posição inicial, Fase III (recuperação). O membro de teste foi aleatorizado e o contralateral permaneceu imóvel e serviu como controlo. Nesta validação da complexidade do sinal de FPG, analisamos ainda a textura dos escalogramas da TO, usando como comparação a entropia multiescala (EME), procedimento padrão, tendo sido confirmada a utilidade da AT na análise da complexidade em sinais de FPG, pese embora ter sido verificada uma menor sensibilidade desta técnica nas zonas espectrais de menores frequências em relação à entropia multiescala. Foram usados ainda neste estudo, dois grupos de indivíduos saudáveis, mas mais velhos, sujeitos à aplicação de mesmos protocolos, de massagem e de RVA, para avaliação e comparação das respostas identificadas com os grupos de jovens. O nosso projeto foi estruturado em quatro marcos, sendo o primeiro a definição do procedimento experimental, o qual permitiu observar de imediato que o impacto da massagem na perfusão se observava em ambos os membros, apesar de aplicada em apenas uma dos membros. O segundo marco, em que pretendemos aprofundar a análise da perfusão, verificamos também que a análise de correlação dos sinais brutos de LDF e FPG confirmou existirem correlações significativas, em especial nas fases I e III, existindo ainda correlações fracas a moderadas na análise de correlação dos componentes de ambos os sinais obtidos com a TO, sendo a direção da resposta dos sinais e das suas componentes em geral coincidentes, embora com distintas intensidades de registo. Com este marco, ainda confirmamos a utilidade da análise de textura na análise da complexidade em sinais de FPG, embora exista uma menor sensibilidade desta técnica nas zonas espectrais de menores frequências em relação à entropia multiescala. No terceiro marco confirmamos a adequação das tecnologias de medição não invasivas escolhidas e verificamos que o espectro médio dos perfis dos sinais de FLD e de FPG possuem diferentes amplitudes, independentemente dos estímulos que os fazem variar, tendo observado que o FLD parece ser mais sensível para os componentes de baixa frequência, enquanto o FPG parece possuir maior capacidade de discriminação. Este estudo confirmou a vantagem da utilização simultânea das duas tecnologias para avaliar, complementarmente, eventos que envolvam a alteração da perfusão microcirculatória de forma mais abrangente, já que as tecnologias óticas utilizadas interagem de modo diferente com os tecidos. No último marco, confirmámos que, nas presentes condições experimentais, a massagem envolve mais do que uma alteração da microcirculação local que designamos por Resposta Imediata de Adaptação Hemodinâmica (ou PAHR Prompt Adaptive Hemodynamic Response) que impacta toda a hemodinâmica cardiocirculatória sistémica. Esta resposta foi abordada complementarmente em indivíduos igualmente saudáveis, mas mais velhos, constituindo o último manuscrito desta coleção, recentemente submetido para publicação. Aqui demonstramos que, embora os tipos de respostas obtidas sejam semelhantes às obtidas nos participantes jovens, esta PAHR é dependente da idade e por isso menos evidente embora presente, reforçando o interesse da utilização deste potencial indicador em meio clínico. Com base nos resultados obtidos nestas publicações, pudemos então fundamentar as seguintes principais conclusões: - que o procedimento experimental que desenhamos, demonstrou ser rigoroso, facilmente reprodutível e totalmente adequado aos propósitos do estudo, assegurando ainda o total conforto, e bem-estar dos participantes. - que as tecnologias escolhidas para avaliar a microcirculação, nomeadamente a FLD e a FPG, demonstraram ser adequadas ao estudo, pois os resultados permitiram descrever quantitativamente com rigor, a microcirculação periférica in vivo, em condições dinâmicas como as envolvidas na massagem, tendo sido verificado que a utilização de ambas as tecnologias, fornece uma análise mais sustentada sobre os fenómenos em causa. - que a manobra de massagem quando aplicada no membro inferior de indivíduos jovens e saudáveis, permite aumentar o fluxo microcirculatório no membro inferior massajado, mas igualmente no membro contralateral, sendo este efeito, independente do sentido em que é aplicada a massagem, influenciando a hemodinâmica em geral, afetando a frequência cardíaca e a pressão arterial. - que esta resposta hemodinâmica à massagem que identificamos neste estudo (PAHR), embora seja semelhante, é claramente dependente da idade.