Qual é o interesse em contar histórias que nem sequer são verdadeiras?
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Data
2007
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Editora
Edições Universitárias Lusófonas
Resumo
A escrita pós-moderna de Salman Rushdie faz confluir, de modo irónico, tradições aparentemente incompatíveis entre si. No seu romance Haroun and the Sea of Stories (1990), os recursos de Rushdie a várias culturas reúnem-se para dar origem a uma nova e imaginativa consciência multicultural. Claro que esta atitude é baseada na suposição de que as tradições não devem ser rejeitadas como irrelevantes, já que constituem aquilo que é a nossa herança cultural. O próprio Rushdie associa a escrita ficcional à procura de uma noção de verdade, por muito irónica que esta seja, defendendo que a condição contemporânea se caracteriza pela rejeição de explicações totalizantes. Para além disso, Ruhdie afirma que o romance, como forma criada para discutir a fragmentação da verdade, se insere nesta demanda. É como se ele, em Haroun, também quisesse recriar nos seus leitores a desinquietante, senão exultante, semelhança com o mundo exterior, em constante movimento de redefinição. Neste sentido, esta “chutnificação da história”, como Salman Rushdie lhe chama, não nega nem a noção do passado, nem a da identidade, confirmando, antes pelo contrário, que tanto a história como as identidades que cria constituem processos intermináveis.
As a post-modern author, Salman Rushdie’s writing mirrors an ironical survey of various and seemingly incompatible traditions. In his novel Haroun and the Sea of Stories (1990), Rushdie’s resources of diverse cultures are brought together to give rise to a new imaginative and “multicultural” consciousness. This attitude is of course based on the assumption that traditions should not be dismissed as irrelevant as they constitute what is called the cultural heritage. Rushdie himself associates the writing of fiction with the search for some notion of truth, however ironic and qualified, as he claims that the rejection of totalized explanations is the modern condition. Furthermore, Rushdie states that the novel, as the form created to discuss the fragmentation of truth, comes in such quest. It is as though in Haroun Rushdie also meant to recreate for its readers the disquieting, if exhilarating, semblance of an outside world in constant flux and redefinition. Hence, this “chutnification of history” as Salman Rushdie calls it, denies neither the notion of the past, nor that of identity; on the contrary it affirms that both history and the identities it creates are a never-ending process.
As a post-modern author, Salman Rushdie’s writing mirrors an ironical survey of various and seemingly incompatible traditions. In his novel Haroun and the Sea of Stories (1990), Rushdie’s resources of diverse cultures are brought together to give rise to a new imaginative and “multicultural” consciousness. This attitude is of course based on the assumption that traditions should not be dismissed as irrelevant as they constitute what is called the cultural heritage. Rushdie himself associates the writing of fiction with the search for some notion of truth, however ironic and qualified, as he claims that the rejection of totalized explanations is the modern condition. Furthermore, Rushdie states that the novel, as the form created to discuss the fragmentation of truth, comes in such quest. It is as though in Haroun Rushdie also meant to recreate for its readers the disquieting, if exhilarating, semblance of an outside world in constant flux and redefinition. Hence, this “chutnification of history” as Salman Rushdie calls it, denies neither the notion of the past, nor that of identity; on the contrary it affirms that both history and the identities it creates are a never-ending process.
Descrição
Caleidoscópio : Revista de Comunicação e Cultura
Palavras-chave
COMUNICAÇÃO, ESCRITA, LITERATURA, COMMUNICATION, WRITING, LITERATURE
Citação
Pires , M J 2007 , ' Qual é o interesse em contar histórias que nem sequer são verdadeiras? ' , Caleidoscópio : Revista de Comunicação e Cultura .