ECATI - Teses de Doutoramento
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Item Amachina: a dimensão paradoxal do interface na obra de arte interativa(2016) Neves, José Carlos Santos; Pinto, José Gomes, orient.Pretendemos com esta dissertação mostrar a dinâmica paradoxal do interface enquanto forma de expressão artística, onde é escolho e fundação para a determinação da obra de arte interativa. Escolho, enquanto enigma para a interatividade; é fundação, pois dele depende uma experiência artística de formato em aberto. Amachina é o objeto de estudo desta hipótese, tendo sido concebida como um interface entre humano e computador com autonomia estética e funcional para com este. Trata-se de fazer do interface a obra em si mesma, trazendo deste modo a atitude contemplativa do todo e a de descoberta do interface para um mesmo patamar. A noção do interface enquanto obstáculo à determinação da obra de arte interativa parte do princípio que aquele assume uma dimensão de desafio desligado do conjunto da obra quando é o foco do spect-acteur, comprometendo dessa forma os factores contemplativo e imersivo. A opção de esvaziar a Amachina de conteúdos mediados por computador visou mitigar a contaminação, por fatores externos ao objeto de interação, do estudo das implicações do interface na experiência artística. Amachina situar-se-á num contraponto à obra interativa que descura as mais valias estéticas e emotivas do interface enquanto máquina tangível, ao mesmo tempo que propõe formatos de interação alternativos ao postulado digital que em geral rege as obras daquele tipo.Item A curadoria entendida enquanto ato artístico : o caso WAIT(2021) Franco, Orlando Miguel GasparA presente investigação resulta de um trabalho contínuo, que buscou compreender as relações entre reflexão teórica e prática artística implicadas na construção do projeto WAIT. A práxis do artista é sempre um território complexo onde abundam as questões. Questões em torno da imagem e as suas aparências, questões em torno da materialidade da obra, questões em torno da forma de a dar a ver. Torna-se determinante encetar sempre que possível um campo para a investigação, que abarque todos estes processos. Neste sentido esta dissertação percorre um campo de reflexão e interrogação em torno dos fenómenos da imagem, da sua aparição à sua receção. De que forma os artistas lidam com o crescente número de imagens, de que modo produzem uma eleição, para acolherem as suas imagens. Foi também necessário recorrer a um conjunto de referências históricas que protagonizam a importância dos novos media na produção e exposição de obras de arte. Tornou-se assim necessário traçar um percurso que analisa a história das práticas da instalação de imagem em movimento, recorrendo às práticas da instalação-filme e instalação vídeo durante o século XX. Não deixámos de parte a importante mudança que ocorre no século XIX com o surgimento da fotografia e do cinema. A exposição WAIT assume-se como zona central de estudo, neste trabalho, pelos motivos que elencamos em seguida: Pode uma exposição constituir-se enquanto objeto artístico? Podemos entender a exposição como uma décima arte? Para isso, este trabalho pretende também investigar alguns dos fenómenos recentes em torno das práticas curatoriais, nas suas mais diversas expressões, em particular quando o curador é em simultâneo artista visual. Por último, esta dissertação, apresenta um conjunto de elementos estruturais à prática artística, que influenciaram a conceção da exposição WAIT.Item O hiperobjeto artístico e a autonomia da curadoria : novos media e modelos expositivos(2023) Lança, Constança Pérez Babo; Miranda, José Bragança de, orient.A presente investigação tem como objetivo nuclear analisar o impacto da arte dos novos media na autonomia da curadoria. Propõe-se a Tese de que tais obras de arte se tratam de hiperobjetos que problematizam e reconfiguram o contexto expositivo e museológico, uma vez que escapam e rejeitam as categorias da Estética, exigem novos modelos expositivos e inauguram dinâmicas inéditas de participação. Inviabilizam o controlo absoluto por parte quer do curador, quer da instituição e do próprio artista, impondo a reestruturação do sistema hierárquico institucional. Sugerem, inclusivamente, um novo museu. Perante este enquadramento, identifica-se e declara-se, doravante, uma nova etapa de crise na esfera da arte. Com efeito, para além das reformas e dos obstáculos já anteriormente decorridos na arte, a estrutura, o sistema e a hierarquia desta vêm-se destabilizados e fragilizados pelo hiperobjeto artístico, nomeadamente na medida em que este altera as relações entre obra, artista, espectador, curador e museu. Emerge um artista curador, criador de situações dinâmicas e relacionais, e um espectador decisor e coprodutor. Ao mesmo tempo, reforça-se a diluição de dicotomias e princípios modernos sugerindo um novo que não se define pelo progresso, mas pela pós produção e pela metamorfose. Conduz-se, ainda, ao debate da “imaterialidade” da obra de arte, e, no seu seguimento, à recusa da classificação dos objetos dos novos media enquanto imateriais. Neste âmbito, a investigação sustenta-se em teoria da Estética, sobretudo em Hegel, na viragem tecnológica anunciada por Walter Benjamin, na Estética Relacional de Nicolas Bourriaud e na redefinição dos objetos a partir do conceito “hiperobjeto” de Timothy Morton. Estudam-se, igualmente, a obra de Marcel Duchamp, as transformações na arte desde os anos 1960, e, especialmente, a década de 1990, na qual se situa o eclodir da tecnologia digital no contexto artístico e institucional, período durante o qual se testemunhou a transição para uma criação artística menos “objetual”, mais híbrida, participativa e interativa. Assim se atravessa da obra modernista à hiperobjetual. É também a partir daqui que se permite identificar e avaliar de que formas se manifesta e atua a hiperobjetualidade no campo artístico, principalmente ao nível da sua interferência na curadoria e na exposição, nesta última, sublinhe-se, tanto enquanto espaço como obra de arte. Constata-se que os hiperobjetos são instáveis e desenham-se caso a caso, razão pela qual impedem o estabelecimento de um conjunto de modelos expositivos continuamente aplicáveis. Pelo contrário, requerem soluções individuais e propícias a sucessivas reformulações e renegociações. Assim sendo, apontam-se, para análise e estudo de caso, exemplos de formatos, eles mesmos flexíveis, móveis, adaptáveis, híbridos e híper, que representem e respondam aos desafios impostos pelos novos media à curadoria. O primeiro, e a partir do qual se aprofunda o debate da (i)materialidade, será a exposição Les Immatériaux (1985, Centre Georges Pompidou), concebida por Jean-François Lyotard e Thierry Chaput. O segundo caso, a obra Immaterial Display (2021), discutida mediante o contexto da exposição itinerante Matter, Non-Matter, Anti-Matter (2021-2023) e do projeto Beyond Matter – Cultural Heritage on the Verge of Virtual Reality (2020-2023), iniciados pelo Zentrum fur Kunst und Medien Karlsruhe (ZKM). A peça em causa consiste num paradigma de novas modalidades curatoriais, expositivas, receptivas e experienciais, bem como num exemplar de hiperobjeto. Daí se avança com a proposta de um novo museu, o hipermuseu. Immaterial Display, mas também Les Immatériaux e várias ações do projeto Beyond Matter, realizam-se e projetam-se, com efeito, para lá da matéria, consolidando-se, assim, enquanto eventos da expressão e da concretização do tecnológico no campo artístico. É neste quadro que este estudo se inscreve e no qual pretende, de certo modo, constituir um manifesto da condição digital, virtual e hiperobjetual da arte. Atenta-se a demonstrar que a arte, enquanto campo no qual se inclui a curadoria, a par dos restantes domínios humanos, encontram na tecnologia o seu mediador e o seu vínculo a tudo o que, no mundo, os excede. Palavras-chave: arte dos novos media; hiperobjeto; curadoria; tecnologia; digital; virtual; museu; espectadorItem SkinTower o Ecrã no Corpo(2019) Trindade, João Nepomuceno Bacelar Salazar; Pinto, José Gomes, orient.A Peça de Arte Tecnológica como transdução de novos momentos éticos. Se a arte é concomitante ao ser humano, se a consciência humana nasce no mesmo momento em que a arte emerge, tentamos fazer uma aproximação ao modo como esta questão – a transdução de novos momentos éticos - está situada entre os domínios estético e político. Tal como a linguagem política, também a artística, não tem um poder em si mesma, no entanto, esse poder pode surgir a qualquer momento, como resultado da utilização que tem como objetivo final o domínio do corpo. A Peça de Arte Tecnológica, como um dos segmentos da Media Art encontra, também, um dos seus pontos basilares nos diferentes tipos de ilusão que consegue provocar, no entanto todos eles podem verter-se ou procurar produzir novas formas de ativismo. Assim, potenciando a ação daqueles que com ela se confrontam, este tipo de peças, não podem olvidar o Corpo, tanto o social como o individual, por isso mesmo, a Peça de Arte Tecnológica não pode isolar-se em si mesma, esquecendo o seu caracter confrontacional o que a pode remeter para um estatuto de inutilidade. Também por isso, o conhecimento dos graus e tipos de ilusão/alienação/alucinação obtidos com este tipo de obras de arte é fundamental para a classificação dos processos cognitivos, conscientes e inconscientes, que a partir delas podem surgir. Finalmente, e considerando o âmbito deste doutoramento em Arte dos Media1 produzimos uma peça de arte tecnológica onde todos os pontos anteriormente expressos neste resumo se encontram presentes.