Doutoramento em Ciências da Saúde

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    Contribución a un enfoque no convencional de la Función Vascular Periférica : estudio del impacto fisiológico del masaje en la circulación del miembro inferior
    (2021) Rocha, Clemente José Gomes da; Rodrigues, Luís Monteiro, orient.; Buján Varela, Julia, orient.
    A massagem é uma técnica manipulativa há muito conhecida, utilizada com múltiplas finalidades associadas principalmente à saúde e ao bem-estar, designadamente na reabilitação e no tratamento e alívio de sintomas associados a múltiplos contextos osteo-mio-articulares e vasculares. Aceite como benéfica em muitas condições de saúde e bem acolhida pelo paciente, recomendada para todos os grupos etários, desde a infância aos indivíduos mais velhos, a demonstração do seu impacto fisiológico e mecanismos envolvidos é ainda muito limitada, porventura até controversa ou inconclusiva. Alguns estudos têm sugerido uma contribuição positiva da massagem na modulação da dor, alívio da fadiga e no controle da ansiedade e do stress, independentemente das patologias de base. Contudo, a utilização de diferentes técnicas e protocolos de massagem, múltiplas e variadas técnicas de registo, e a quase impossibilidade de compararmos resultados, são algumas das dificuldades que justificam estas complexidades. O nosso trabalho teve por objetivo central, estudar o impacto fisiológico da massagem no membro inferior humano e os mecanismos de adaptação envolvidos, em populações saudáveis, previamente selecionadas e caracterizadas. Para registo de eventos da microcirculação e no sentido de garantir o total conforto e segurança dos participantes, recorremos a técnicas óticas não invasivas, amplamente testadas, fiáveis e reconhecidas para este fim, como a fluxometria por laser Doppler (FLD) um dos mais reconhecidos “gold-standards” e a fotopletismografia (FPG), que vem sendo usada como meio complementar de quantificação da microcirculação. Adicionalmente, e com o objetivo de estender a capacidade de análise direta destes sinais biológicos, necessariamente complexos pela sua natureza oscilatória e não-estacionária, recorremos a outras estratégias matemáticas para processamento de sinais. Utilizámos a transformada de Ondeleta (TO), que tem vindo a ser adaptada e utilizada para decomposição destes sinais biológicos com o intuito de melhorar expandir as capacidades de quantificação, passando por contribuir para a normalização de procedimentos, desde logo ao nível da definição do desenho experimental e, mais recentemente a análise de entropia como forma de analisar a complexidade de sinais biológicos. O presente projeto contou com a colaboração de 98 participantes (32.6 ± 15.5 anos) de ambos os sexos (47 homens e 51 mulheres). Nos artigos aqui descritos, utilizamos um total de quatro grupos, sendo o primeiro de massagem com 32 participantes (19.8 ± 1.5 anos), com 16 homens e 16 mulheres, e no segundo grupo, do procedimento de RVA (Reflexo Veno-Arteriolar), foi de 12 participantes (26.0 ± 5.0 anos), com 5 homens e 7 mulheres. Os dois últimos grupos, com indivíduos mais velhos, foram um de massagem (52.6 ± 6.2 anos), com 11 homens e 11 mulheres, e no último grupo, submetido ao procedimento de RVA (50.3 ± 5.6 anos), com 5 homens e 5 mulheres. Todos os participantes selecionados foram confirmados como sendo normotensos e sem sinais de comprometimento vascular, com índice tornozelo-braço (ITB) > 1.0. O projeto foi previamente avaliado pela Comissão de Ética institucional (CE 03/2013.12) e todos os procedimentos observaram os princípios da boa pratica clínica estabelecidos pela Declaração de Helsínquia e subsequentes emendas. O protocolo de massagem foi avaliado em duas das suas variantes em termos de direção da aplicação: proximal ou ascendente e descendente ou distal. Em todos os casos o procedimento foi aplicado num dos membros inferiores (perna e pé) previamente aleatorizado, servindo o outro membro como controlo. O procedimento experimental de massagem, envolveu três fases de registo continuo, em supinação, com a Fase I a corresponder ao registo em repouso (baseline), durante 10 minutos, a Fase II, de provocação com aplicação de massagem da perna e pé durante 5 minutos e a Fase III, de recuperação durante por 10 minutos. A perfusão sanguínea foi avaliada simultaneamente por FPG (PLUX Biosystems, Portugal) e por FLD (PF 5010, Perimed, Suécia), com as sondas aplicadas em ambos os pés, na superfície plantar dos dedos 1 e 2, respetivamente. A pressão arterial, medida no braço foi igualmente registada nas três fases do protocolo. A aplicação das duas variantes do protocolo, cuja ordem de aplicação foi previamente aleatorizada foi intermediada por um período de washout de trinta minutos. Para “refinamento analítico” dos sinais de FLD, foi também analisado um subgrupo de massagem com 29 voluntários (19.9 ± 1.6 anos, 13 homens e 16 mulheres), conforme descrito acima e com recurso à TO, foram decompostos os sinais de FLD nas suas componentes oscilatórias, para avaliar os potenciais mecanismos envolvidos. Foram considerados os seguintes intervalos de frequência de 0.05 a 2Hz: cardíaca de 0.6 Hz a 2 Hz; respiratória de 0.145 Hz a 0.6 Hz; miogénica de 0.052 Hz a 0.145 Hz; simpática de 0.021 Hz a 0.052 Hz; endotelial dependente de Óxido Nítrico (endoDON) de 0.0095 Hz a 0.021 Hz; e endotelial independente de Óxido Nítrico (endoION) de 0.005 a 0.0095 Hz. Para validação da TO nos sinais de FPG, usamos outra ferramenta de refinamento analítico, a análise de textura (AT) e dados de um grupo com 12 voluntários (26.0 ± 5.0 anos, 5 homens e 7 mulheres), submetidos a dois protocolos, um de massagem conforme descrito acima e também a um protocolo de RVA, em que os participantes realizaram um procedimento de 10 minutos em supina com as pernas estendidas, Fase I (baseline); 10 minutos com um membro pendente a 50 cm em relação ao nível do coração, Fase II (teste); e 10 minutos após retorno à posição inicial, Fase III (recuperação). O membro de teste foi aleatorizado e o contralateral permaneceu imóvel e serviu como controlo. Nesta validação da complexidade do sinal de FPG, analisamos ainda a textura dos escalogramas da TO, usando como comparação a entropia multiescala (EME), procedimento padrão, tendo sido confirmada a utilidade da AT na análise da complexidade em sinais de FPG, pese embora ter sido verificada uma menor sensibilidade desta técnica nas zonas espectrais de menores frequências em relação à entropia multiescala. Foram usados ainda neste estudo, dois grupos de indivíduos saudáveis, mas mais velhos, sujeitos à aplicação de mesmos protocolos, de massagem e de RVA, para avaliação e comparação das respostas identificadas com os grupos de jovens. O nosso projeto foi estruturado em quatro marcos, sendo o primeiro a definição do procedimento experimental, o qual permitiu observar de imediato que o impacto da massagem na perfusão se observava em ambos os membros, apesar de aplicada em apenas uma dos membros. O segundo marco, em que pretendemos aprofundar a análise da perfusão, verificamos também que a análise de correlação dos sinais brutos de LDF e FPG confirmou existirem correlações significativas, em especial nas fases I e III, existindo ainda correlações fracas a moderadas na análise de correlação dos componentes de ambos os sinais obtidos com a TO, sendo a direção da resposta dos sinais e das suas componentes em geral coincidentes, embora com distintas intensidades de registo. Com este marco, ainda confirmamos a utilidade da análise de textura na análise da complexidade em sinais de FPG, embora exista uma menor sensibilidade desta técnica nas zonas espectrais de menores frequências em relação à entropia multiescala. No terceiro marco confirmamos a adequação das tecnologias de medição não invasivas escolhidas e verificamos que o espectro médio dos perfis dos sinais de FLD e de FPG possuem diferentes amplitudes, independentemente dos estímulos que os fazem variar, tendo observado que o FLD parece ser mais sensível para os componentes de baixa frequência, enquanto o FPG parece possuir maior capacidade de discriminação. Este estudo confirmou a vantagem da utilização simultânea das duas tecnologias para avaliar, complementarmente, eventos que envolvam a alteração da perfusão microcirculatória de forma mais abrangente, já que as tecnologias óticas utilizadas interagem de modo diferente com os tecidos. No último marco, confirmámos que, nas presentes condições experimentais, a massagem envolve mais do que uma alteração da microcirculação local que designamos por Resposta Imediata de Adaptação Hemodinâmica (ou PAHR Prompt Adaptive Hemodynamic Response) que impacta toda a hemodinâmica cardiocirculatória sistémica. Esta resposta foi abordada complementarmente em indivíduos igualmente saudáveis, mas mais velhos, constituindo o último manuscrito desta coleção, recentemente submetido para publicação. Aqui demonstramos que, embora os tipos de respostas obtidas sejam semelhantes às obtidas nos participantes jovens, esta PAHR é dependente da idade e por isso menos evidente embora presente, reforçando o interesse da utilização deste potencial indicador em meio clínico. Com base nos resultados obtidos nestas publicações, pudemos então fundamentar as seguintes principais conclusões: - que o procedimento experimental que desenhamos, demonstrou ser rigoroso, facilmente reprodutível e totalmente adequado aos propósitos do estudo, assegurando ainda o total conforto, e bem-estar dos participantes. - que as tecnologias escolhidas para avaliar a microcirculação, nomeadamente a FLD e a FPG, demonstraram ser adequadas ao estudo, pois os resultados permitiram descrever quantitativamente com rigor, a microcirculação periférica in vivo, em condições dinâmicas como as envolvidas na massagem, tendo sido verificado que a utilização de ambas as tecnologias, fornece uma análise mais sustentada sobre os fenómenos em causa. - que a manobra de massagem quando aplicada no membro inferior de indivíduos jovens e saudáveis, permite aumentar o fluxo microcirculatório no membro inferior massajado, mas igualmente no membro contralateral, sendo este efeito, independente do sentido em que é aplicada a massagem, influenciando a hemodinâmica em geral, afetando a frequência cardíaca e a pressão arterial. - que esta resposta hemodinâmica à massagem que identificamos neste estudo (PAHR), embora seja semelhante, é claramente dependente da idade.
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    Innovative nanotechnology formulations for the treatment of yeast infections in oral mucosa
    (2018) Roque, Luís Miguel Vasques; Rijo, Patrícia, orient.; Reis, Catarina, orient.; Molpeceres García del Pozo, Jesús, orient.
    La candidiasis oral es una infección provocada por hongos oportunistas que generalmente afecta a personas con inmunodeficiencia, bien por una infección viral o por un síndrome asociado a otras causas. Sin embargo, en algunos casos pueden verse afectadas personas sanas. Aunque Candida albicans es el principal agente patógeno causante de esta enfermedad, las infecciones por otras especies de Candida, como C. krusei, C. glabrata y C. dubliniensis también se han relacionado con la candidiasis oral. A pesar de los progresos en el tratamiento, polienos (como la nistatina) y azoles siguen siendo los agentes antifúngicos más utilizados para el tratamiento de estas infecciones. No obstante, la mayoría de estos agentes presentan algunas desventajas tales como la mala absorción oral del fármaco, el contenido en alcohol de las formulaciones y la necesidad de una administración muy frecuente. Por lo tanto, el principal desafío en el tratamiento de las infecciones orales por Candida consiste en el aumento de la penetración y la permanencia de los antifúngicos en contacto con la mucosa oral o mucosa bucal. Para ello, la tecnología de la encapsulación constituye una posible estrategia. Así, el objetivo principal de esta Tesis ha sido el estudio de la encapsulación de agentes antifúngicos en varios tipos de partículas poliméricas con propiedades mucoadhesivas, incorporadas en formulaciones de aplicación bucal como pasta de dientes, gel oral y películas orales (sin alcohol) con la finalidad de aumentar su eficacia. En este contexto, cabe destacar que tres de las formulaciones de nanopartículas evaluadas, nanopartículas de ácido poliláctico, de ácido poli(láctico-co-glicólico) y de alginato cargadas con nistatina, uno de los medicamentos antifúngicos más utilizados en el mercado, presentan ventajas por su tamaño de partícula, carga superficial y eficacia de encapsulación del fármaco. Cuando dichas nanopartículas se incorporan en una formulación semisólida se obtienen perfiles de liberación, permeabilidad, y mucoadhesión que aumentan la eficacia del tratamiento frente a una solución comercial de nistatina, sin detectarse toxicidad de los componentes de la formulación. Asimismo, con la finalidad de convertir estas formulaciones en un tratamiento más natural, se determinó la actividad antifúngica de extractos de planta procedente de Glycyrrhiza glabra (regaliz). Una vez identificado el extracto con mayor actividad, y uno de los principales compuestos responsables de la misma, se procedió a su encapsulación en los sistemas de nanopartículas anteriormente mencionados. En conclusión, la formulación final desarrollada presenta un mejor perfil terapéutico en comparación con la solución comercial de nistatina, indicando que la encapsulación del fármaco antimicótico en asociación con un extracto natural podría constituir un futuro tratamiento con éxito.
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    Lamiaceae extracts and compounds for topical application through nano delivery systems
    (2017) Pereira, Filipe Jorge da Silva; Rijo, Patrícia, dir.; Reis, Catarina, dir.; Díaz Lanza, Ana M., dir.
    La resistencia a los antibióticos es uno de los principales problemas de salud que afectan a todos los continentes, ya sean países desarrollados o en desarrollo. Este tipo de infección es responsable de un elevado número de víctimas, siendo una de las más importantes causas de muerte en todo el mundo, sin una forma efectiva de terapia. Los desarrollos producidos en el campo de la nanotecnología han revelado formas más eficaces de terapéutica, mientras que se desvelan nuevas estructuras procedentes de nuevos recursos naturales nunca antes estudiados. Estas serán las nuevas terapias para este enorme problema. Con este trabajo, se analiza el potencial y la capacidad de la 7α-acetoxi-6β-hidroxiarilanona como un nuevo compuesto para el tratamiento de infecciones asociadas con bacterias resistentes. Del mismo modo, se propone la combinación de una forma terapéutica de origen natural (extracto o compuesto aislado) con una nueva técnica de administración utilizando diferentes tipos de nanopartículas para el tratamiento de infecciones tópicas. La obtención de 7α-acetoxi-6β-hidroxiroiletanona a partir de Plectranthus grandidentatus Gürke se optimizaró, a través de siete métodos diferentes de extracción. La mayor cantidad de 7α-acetoxi-6β-hidroxiroiletanona se obtuvo mediante extracción con fluido supercrítico, suministrando una cantidad de AHR aproximadamente seis veces mayor que la del segundo método mejor evaluado. Se utilizó la 7α-acetoxi-6β-hidroxiarilanona aislada para los estudios de caracterización de sus propiedades fisicoquímicas. Se obtuvieron datos importantes, tales como la estructura molecular y cristalina de la 7α-acetoxi-6β-hidroxiarilanona a partir de la difracción de rayos X de cristal único y se estudió el comportamiento térmico del compuesto mediante calorimetría de barrido diferencial. Se estudió el mecanismo de acción que justifica la alta actividad antibacteriana y la baja citotoxicidad de la 7α-acetoxi-6β-hidroxiroileanona sobre un tipo de cepa de Staphylococcus aureus resistente a la meticilina. Con este objetivo, se realizaron diferentes estudios sobre la interación de este posible nuevo antibiótico en la membrana y en la pared celular de la bacteria. La 7α-acetoxi-6β-hidroxiarilanona ha revelado un efecto no significativo en la permeabilidad pasiva, al mismo tiempo, las bacterias tratadas con esta royleanona muestran disrupción de la pared celular, sin revelar lisis celular. La combinación de nanopartículas con productos naturales se ensayó utilizando dos plantas de la familia Lamiaceae. Para ello se prepararon diferentes extractos de Lavandula stoechas ssp. Luisieri (Rozeira) Rozeira y Lavandula pedunculata (Mill.) Cav. y se estableció su perfil antioxidante por inhibición de la peroxidación lipídica que confirmó dicha actividad. Debido a su alta actividad antioxidante, contenido fenólico y cantidad de flavonoides, los extractos metanólicos de Lavandula stoechas ssp. Luisieri y Lavandula pedunculata fueron seleccionados y encapsulados en nanopartículas de Poli (ácido láctico-co-glicólico). La encapsulación dio como resultado la formación de nanopartículas poligénicas de PLGA con una forma esférica bien definida y un alto rendimiento de encapsulación (˃96%). La permeación epidérmica preliminar de ambos extractos a través de la epidermis humana y su citotoxicidad in vitro en estudios de queratinocitos humanos sugirieron riesgos bajos de toxicidad. También se estudió la combinación de nanopartículas con 7α-acetoxi-6β-hidroxiroileanona. A través de un enfoque diferente, distintas nanopartículas de plata fueron sintetizadas con éxito usando sales de citrato y borohidruro como agentes reductores. La ampicilina, como modelo, y la 7α-acetoxi-6β-hidroxi-roiletanona como nueva forma terapéutica se asociaron con ambos tipos de nanopartículas de plata sintetizadas. La caracterización mostró que se formaron nanopartículas pequeñas y monodispersas con forma esférica. La capacidad antibacteriana del antibiótico cuando se conjugó con nanopartículas de plata fue también elevada. La prueba de irritación cutánea in vivo realizada en modelos animales mostró ausencia de eritema o cambios de color de la piel. En definitiva, el estudio desarrollado sobre esta nueva molécula muestra resultados prometedores para la futura aplicación como antibiótico. El conocimiento de sus propiedades químicas y mecánicas puede dar lugar a estructuras con mejor actividad terapéutica y menores efectos secundarios. Su combinación con la nanotecnología puede conducir a propiedades farmacológicas ventajosas para las personas infectadas con este tipo de bacterias.
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    Gestão de resíduos hospitalares: estudo de referenciais de boas práticas, com base na perceção e na avaliação do risco de exposição ocupacional num hospital central
    (2018) Edra, Beatriz da Graça Nunes Veiga; Costa, Maria do Céu, dir.; Asúnsolo del Barco, Ángel, dir.
    A natureza, diversidade e perigosidade dos resíduos hospitalares (RH) exige procedimentos específicos na sua gestão. A necessidade de uma intervenção especifica sobre os RH, é incontornável na sociedade atual, pelas exigências de Saúde Pública e Ambiental, e obriga a que as instituições de saúde integrem o processo de gestão de RH no seu plano institucional de gestão estratégica, tendo em conta uma perspetiva sociotécnica e tendo por base referenciais de boas práticas associados. O presente estudo foi desenvolvido no Centro Hospitalar de S. João (CHSJ) e teve 3 objetivos: 1) avaliar as práticas de gestão de RH e conhecer a perceção dos riscos por parte dos profissionais de saúde relativamente aos RH em diversos contextos; 2) avaliar o risco percecionado e 3) propor referenciais para um guia de implementação de boas práticas com vista à melhoria contínua. Para a concretização destes objetivos desenhou-se um estudo observacional, descritivo e correlacional de caráter transversal, utilizando como instrumento de recolha de informação um questionário (já validado). Foi aplicado a uma amostra de 1800 profissionais da área clínica, dos quais se obteve uma taxa de resposta de 44%, com 789 inquéritos devidamente validados dos diversos grupos profissionais, de 31 serviços da unidade de saúde CHSJ, que corresponde a um erro máximo de 3,1% (considerando uma amostra aleatória simples, sem reposição para um nível de confiança de 95%). Os dados foram tratados com recurso a estatística descritiva e inferencial, recor-rendo ao software IBM SPSS 23.0. Este trabalho apresenta oito capítulos. Num primeiro capítulo realizou-se uma revisão integrativa da literatura e uma recolha de informação na instituição relacionada com o processo de gestão de RH, em todas as suas verten-tes, bem como um levantamento dos dados relativos à sua produção, durante os últimos cinco anos. No segundo capítulo expõe-se a justificação do estudo e apresentam-se os objetivos, já referidos, como as hipóteses de investigação decorrentes da questão de partida assim definida: existe uma perceção de risco de exposição ocupacional por parte dos profissionais de Saúde, que difere de grupo profissional e se relaciona com a prática de Gestão de Resíduos Hospitalares? O desenho de estudo apresentado no terceiro capítulo, onde se enquadra a metodologia, a população, o instrumento de colheita de dados e os testes estatísticos aplicados. As categorias profissionais selecionadas para este estudo foram médicos, enfermeiros e auxiliares de ação médica, categorias que representam a maioria dos trabalhadores do CHSJ e que em termos de conteúdo funcional são aqueles que mais estão envolvidos com o processo de gestão dos RH. O quarto capítulo é referente ao primeiro objetivo deste trabalho, no qual se avaliaram as práticas relativas à gestão de RH, por parte de todas as categorias profissionais e a perceção de risco dos profissionais relativa aos diferentes grupos de RH e sua gestão. Os resultados mostram que 79% dos profissionais estão em contacto diário com os RH, sendo os enfermeiros a categoria que tem contacto mais frequente com os RH, seguindo-se os auxiliares e os médicos. Relativamente às práticas de triagem, o conhecimento relativo ao Grupo I e II é adequado, sendo que os profissionais de saúde apresentam dúvidas na prática de triagem relativamente aos RH que pertencem ao grupo III e IV, por exemplo os fármacos rejeitados com uma percentagem de 48,7% de respostas não conformes e as peças anatómicas não identificáveis com 53,7% de respostas não conformes. Verificou-se que os profissionais que apresentam conhecimento inadequado, demonstrado pela triagem incorreta dos RH, encontram-se, em termos de prevalência, sempre ou frequentemente em contacto com a tipologia de RH questionada, demonstrando assim a necessidade de aquisição de conhecimento especifico.A perceção de risco dos RH associado à Saúde, é elevada para 43,2% dos profissionais, e muito elevada para 36,5% dos inquiridos. O Ambiente é o item em que 49,7% dos profissionais consideram existir um risco muito elevado e 35,6% consideram-no elevado. Relativamente aos outros objetos de risco questionados, como para a Saúde dos profissionais, doentes e trabalhadores dos serviços de suporte, não existem diferenças significativas por parte dos profissionais que consideram existir um risco elevado de uma forma consensual em todos os itens referidos. A menor perceção de risco está associada aos visitantes, para os quais só 25,7% dos profissionais con-sideram existir risco elevado. Foram analisados outros contextos de perceção de risco por parte dos profissionais, relativamente ao tipo de RH e prática de triagem, para a Saúde e para o Ambiente, e às várias etapas de gestão de RH e em relação ao risco de tratamento/destino final dos RH de acordo com os dispositivos de acondiciona-mento, para a Saúde e para o Ambiente. Os dados mostram que a perceção de grau de risco dos RH e o grau de risco dos mesmos, mais especificamente para a Saúde de Ambiente, estão correlacionados num sentido direto. No capítulo quinto, desenvolveu-se o segundo objetivo, avaliação do risco percecionado, que engloba a análise de um conjunto de itens, nomeadamente a informação relativa aos acidentes ocorridos e os resultados mostram que 23,2% dos profissionais teve acidentes com RH. Dentro destes destacam-se os acidentes com materiais corto perfurantes, 44% dos profissionais inquiridos já tiveram ocorrência de acidentes com este tipo de material. Outro item englobado neste objetivo é referente à perceção de riscos nos diferentes contextos, salientando a identifica-ção de risco por parte dos profissionais, para a Saúde dos profissionais de saúde, dos doentes e dos visitantes, dos trabalhadores de suporte e para o Ambiente, que, embora apresente diferenças nas três categorias profissionais, no entanto, dentro destas, não existe diferença desta perceção entre os profissionais, que já sofreram acidentes com RH e os que não sofreram. A questão da formação/sensibilização e consecutivamente conhecimento, foi também considerada neste capítu-lo quinto. Apesar de 95,3% dos profissionais reconhecer a pertinência e 55,9% terem participado em acções de formação, 39,5% não frequentaram qualquer tipo de formação. Dos profissionais que tiveram formação, 76% referencia que as formações abrangeram os riscos associados à Saúde e Ambiente, mas só 31,9% considera que os conhecimentos dos riscos inerentes aos RH são suficientes. No sexto capítulo, apresenta-se um conjunto de Referenciais associados à Gestão de RH em diferentes domínios, que serviram de base à elaboração de um Guia de Implementação de Boas Práticas, tendo por base a avaliação das práticas, perceção do risco e avaliação do risco dos RH percecionado. Finalmente, está listada a bibliografia consultada e os Anexos (artigo publicado, artigo e comunicações submeti-das no âmbito deste trabalho, autorização do CHSJ, questionário aplicado e um documento estatístico de apoio).
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    Redox modulation by sod mimics in renal cancer: from etiology to progression
    (2017) Costa, João Guilherme; Fernandes, Ana Sofia, dir.; Oliveira, Nuno Guerreiro, dir.; Lucio Cazaña, Francisco Javier, dir.
    Cancer is a multistep process and oxidative stress has been pointed out to have critical roles on its initiation, promotion and progression. This thesis addresses the redox modulation afforded by the superoxide dismutase mimic (SODm) MnTnHex-2-PyP (MnP), a prototype of the Manganese(III) porphyrins (MnPs), which are catalytical polyfunctional antioxidants with the ability to modulate different cellular redox pathways. Two different renal cell models were used to address initiation and progression cellular events. Firstly, the role of MnP on the toxicity of non-tumor renal cells exposed to the ochratoxin A (OTA) was evaluated. The MnP protected cells from the OTA-induced cytotoxicity. In addition, it modulated the intracellular reactive oxygen species (ROS) levels and decreased the percentage of cells in apoptosis when compared with cells exposed only to OTA. The role of the MnP in renal cancer progression was subsequently studied in a human renal cancer cell model. MnP decreased the cell viability of human 786-O cells and also induced an increase in intracellular ROS. Notably, low concentrations of the MnP significantly decreased the chemotactic migration of the 786-O cells. This study contributed to clarify the role of oxidative stress in OTA-induced toxicity. In addition, this work revealed the potential of MnTnHex-2-PyP in renal cancer treatment, by decreasing cancer cells viability and migration. Overall, this MnP protected non-tumor cells from the toxic effects induced by OTA, while it had a beneficial effect against renal cancer cells. The results obtained herein reinforce the multiple potential applications of MnPs and warrant further studies towards their therapeutic use.
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    Modelo DPSEEA e vigilância em saúde ambiental em Portugal: doenças oncológicas
    (2017) Nunes, Rogério Paulo da Silva; Justo, Cipriano, dir.; Estudante, Margarida, dir.
    Em Portugal o cancro é a principal causa de morte em todas as idades. Estima-se que mundialmente a proporção de casos de cancro atribuíveis a fatores de risco modificáveis exceda um terço do total de casos de cancro. Estes são casos evitáveis. O modelo de organização de indicadores DPSEEA: Força Motriz-Pressão- Situação-Exposição-Efeito-Ação organiza os indicadores de saúde ambiental, simplificando a descrição e a análise das relações entre desenvolvimento, ambiente e saúde, visando auxiliar a tomada de decisões. Através de uma pesquisa aplicada, descritiva e documental procurou-se elaborar um quadro de indicadores alicerçado no modelo DPSEEA, otimizando a utilização da informação disponível para uma leitura da situação e evolução da saúde ambiental em Portugal com impacto na área das doenças oncológicas. Foram consultados os sites de 41 entidades públicas de nível mundial, europeu e nacional, e selecionados 81 potenciais indicadores. A seleção dos 18 indicadores mais adequados, 3 por cada dimensão do modelo DPSEEA, foi efetuada com a colaboração de um painel de peritos com 21 contributos efetivos, organizados por grupos de forma aleatória e estratificada por áreas de formação. Os indicadores foram classificados numa escala de Likert quanto à validez, solidez, relevância, sensibilidade e qualidade estatística. Estatisticamente as diferenças nas pontuações observadas para os diferentes indicadores em todas as dimensões são estatisticamente significativas e o conjunto de 3 indicadores escolhidos para cada dimensão é igualmente relevante em 95% dos mesmos (p<0,05). O desempenho do país foi determinado pela classificação de 0 a 100 obtida pelo cálculo de três números índice: o índice desempenho, para cada um dos 18 indicadores, o índice dimensão para cada uma das 6 dimensões, e o índice global: Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝐷𝑒𝑠𝑒𝑚𝑝𝑒𝑛ℎ𝑜 = 𝑥 − 𝑥𝑚𝑖𝑛 𝑥𝑚𝑎𝑥 − 𝑥𝑚𝑖𝑛 ×100 Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝐷𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠ã𝑜 = 𝐼𝑛𝑑1×0.5 + 𝐼𝑛𝑑2×0.25 + 𝐼𝑛𝑑3×0.25 Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 = (𝐼𝐷𝐹𝑀 + 𝐼𝐷𝑃 + 𝐼𝐷𝑆 + 𝐼𝐷𝐸𝑥 + 𝐼𝐷𝐸𝑓 + 𝐼𝐷𝐴)/6 O índice desempenho é um índice relativo que considera os resultados dos países da Europa dos 15: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França,Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino Unido e Suécia, sendo os outros dois dependentes deste. Com a metodologia descrita obteve-se um índice global de valor 55 integrado num painel constituído pelos seguintes indicadores e respetivos resultados para Portugal: i. Força Motriz – taxa de motorização: 100, uso de princípios ativos pesticidas por área de culturas aráveis e arvenses: 29, notificações de exportações de produtos químicos, misturas ou artigos sujeitos a prévia informação e consentimento: 80. Índice dimensão: 77; ii. Pressão – tabagismo atual de qualquer produto de tabaco (>15 anos): mulheres 100 / homens 60, variação nas emissões de PCB: 0, variação nas emissões de dioxinas e furanos: 64. Índice dimensão: 56; iii. Situação – nível de média diária de radiação ultravioleta ambiental: 13, índice de qualidade do ar: 90, amostras não conformes de deteção de resíduos em animais criados destinados a alimentação: 83. Índice dimensão: 50; iv. Exposição – população exposta a níveis de PM2.5 superiores aos limites da WHO: 68, mercúrio ingerido através da alimentação: 0, população a viver em áreas urbanas: 99. Índice dimensão: 59; v. Efeitos – taxa de mortalidade por neoplasmas malignos em tecidos linfoide e hematopoiético: 56, taxa de incidência de melanoma (<55 anos): 98, taxa de incidência de cancro: 34,5. Índice dimensão: 61; vi. Ação – Número de locais públicos livres de fumo: 37,5, amostras para controlo de resíduos em animais criados destinados a alimentação: 26, despesa consolidada em ambiente dos organismos da administração pública em proteção da qualidade do ar e clima: 2,5. Índice dimensão: 26. Portugal detém programas de ação para os domínios ambientais presentes que importa revisar procurando a sua otimização e uma efetiva intervenção intersectorial em saúde ambiental da qual resulte a diminuição da exposição a determinantes ambientais oncológicos.
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    Calidad del aire interior en la habitación del bebé: estudio de las concentraciones de compuestos orgánicos volátiles
    (2017) Santos, Raquel Maria Rodrigues dos; Fernandes, Ana Sofia, dir.; Castanheira, Liliana, dir.
    Os bebés passam a maior parte do tempo em casa. Apesar da qualidade do ar em contexto residencial ser ainda pouco conhecida, assume-se que é muito importante para a saúde das crianças, especialmente no contributo para o aparecimento de doença respiratória. Alguns Compostos Orgânicos Voláteis (COV) têm sido associados à asma e a sintomas de doença respiratória. A sibilância, frequentemente associada à asma, representa um sinal habitual de apresentação em consulta médica e pode aparecer de forma recorrente. A sua prevalência tem vindo a aumentar, assumindo enorme relevância e impacto na família e na sociedade pelos custos materiais e imateriais inerentes. Com base nesses pressupostos, esta investigação procurou associações entre os níveis de COV no interior do quarto de bebés, com as características do quarto e com episódios de sibilância nos bebés, com o objetivo de contribuir para o aumento do conhecimento em Saúde Ambiental da Criança. Para tal, realizou-se um estudo transversal, através da avaliação da qualidade do ar no quarto de bebés (0-36 meses), residentes na área geográfica do Arco Ribeirinho (Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo). De outubro de 2015 a março de 2016, técnicos de Saúde Ambiental deslocaram-se aos quartos dos bebés (n=131), e realizaram medições de parâmetros da qualidade do ar interior: concentrações de Compostos Orgânicos Voláteis Totais (COVT), Dióxido de Carbono (CO2), Monóxido de Carbono (CO), Temperatura e Humidade Relativa. Ao mesmo tempo foi aplicado um questionário para estudar as características do quarto, bem como para verificar a ocorrência de episódios de sibilância. O resultado dos níveis médios foi de 2,4 mg/m3, 1260,8 mg/m3, 0,2 mg/m3, 18,4 0C, 75%, para COVT, CO2, CO, Temperatura e Humidade Relativa, respetivamente. Os níveis médios de COVT constituem um valor oito vezes superior ao máximo de referência (0,3 mg/m3). Com exceção do CO, todos os parâmetros apresentaram um número significativo de valores que se afastou da referência. Os COVT estavam elevados em 39,7% dos quartos e o CO2 em 19,7% dos quartos. A Temperatura e a Humidade Relativa encontravam-se fora do intervalo de referência em 77,9% e 89% dos quartos, respetivamente. Não foi encontrada associação estatisticamente significativa, entre qualquer dos parâmetros da qualidade do ar, com a ocorrência de episódios de sibilância. Também não ficou demostrada associação estatística entre os níveis de COVT e as características do quarto. No entanto, apesar de não terem sido encontradas associações significativas, os resultados contêm muita informação relevante que sugere a necessidade de estudos adicionais para avaliar a exposição dos bebés à poluição do ar interior, especialmente em contexto residencial. Palavras-chave: Qualidade do ar interior, compostos orgânicos voláteis (COV), dióxido de carbono, monóxido de carbono, bebé, quarto de bebé, sibilância.
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    Ligand-functionalized nanoparticles for targeted therapy of melanoma in situ
    (2016) Silva, Catarina Mendes Alves de Oliveira; Rijo, Patrícia, orient.; Reis, Catarina, dir.; Molpeceres García Del Pozo, Jesús, dir.
    El melanoma cutáneo es un tipo de cáncer con origen en los melanocitos que se vuelven malignos. El tratamiento del melanoma cutáneo ha evolucionado mucho en los últimos treinta años, sin embargo, no ha conseguido incrementar significativamente la supervivencia de los pacientes con cáncer avanzado. Además, el tratamiento presenta muchas limitaciones, como una reducida especificidad, efectos secundarios graves y multi-resistencia a los fármacos. De hecho, un paso importante para el éxito del tratamiento del melanoma es su detección precoz. En el caso de que no haya metástasis, el cáncer puede ser extirpado por cirugía, pero hay casos en que el riesgo de la intervención, así como el elevado riesgo de recurrencia, obligan a un tratamiento adyuvante. Actualmente, sólo está aprobado un tratamiento adyuvante, con interferón alfa, para estos casos. De este modo, el principal objetivo de esta tesis es el estudio de alternativas para tratamientos adyuvantes, más eficientes y menos agresivos, del melanoma cutáneo. En este contexto, se han estudiado dos estrategias para aplicación de sistemas de nanopartículas. La primera estrategia consiste en el desarrollo de nanopartículas de oro, cubiertas con polímeros naturales y péptidos, con absorción en la región del infrarojo próximo, para terapia fototérmica. La segunda estrategia incluye el desarrollo de nanopartículas hibridas, para encapsulación de compuestos antitumorales, cubiertas con polímeros naturales y péptidos, capaces de una acción química local en el tumor. Conjuntamente, hemos investigado el comportamiento físico-químico y la estabilidad de las nanopartículas para cada aplicación. Reconociendo la importancia de un tratamiento eficaz y específico, ambas las estrategias se basan en un direccionamiento específico hacia las células de melanoma, que sobre-expresan múltiples receptores en su superficie. Por fin, se utilizaron modelos animales de melanoma humano para evaluación de la eficacia de las dos formulaciones propuestas. En conclusión, es posible desarrollar nanosistemas que comprenden diferentes estrategias terapéuticas, basadas en núcleos con estructuras distintas y funcionalización de superficies con múltiples ligandos, para una aplicación amplia y exitosa en los cánceres heterogéneos, tales como el melanoma cutáneo.
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    Isolation, modeling and phytosome forms of antimicrobial and antiproliferative compounds from plectranthus spp.
    (2016) Matias, Diogo Henrique Correia; Rijo, Patrícia, orient.; Reis, Catarina, dir.; Díaz-Lanza, Ana Maria, dir.
    Os produtos naturais têm sido uma valiosa fonte de novos produtos farmacêuticos. As plantas de género Plectranthus L'Her (Lamiaceae) possuem uma ampla diversidade de usos etnomedicinais, que correspondem a uma indicação da presença de potenciais fármacos na sua composição. Métodos inovadores para a veiculação dos produtos naturais, como os fitossomas, demostraram ser uma estratégia promissora para a melhora da veiculação e estabilidade destes produtos. Três plantas do género Plectranthus foram estudadas: P. madagascariensis, P. neochilus e P. porcatus. Extratos foram preparados pela conjugação de técnicas de extração como infusão, decocção, maceração, micro-ondas, ultrassons ou de extração por fluidos supercríticos, utilizando como solventes água, acetona, metanol ou dióxido de carbono supercrítico. Os extratos preparados foram perfilados por HPLC-DAD e identificados alguns dos principais componentes, por comparação com padrões, verificando-se na sua constituição polifenois, diterpenos e flavonoides. Os mesmos extratos foram avaliados em termos das suas atividades antimicrobiana (bactérias de Gram positivo, Gram negativo e leveduras), antioxidante (captura de radicais) e citotóxica (células MDA-MB-231). Extratos de P. madagascariensis (maceração e ultrassons em acetona) e P. neochilus (ultrassons em acetona) apresentaram efeitos antibacterianos contra Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, S. epidermidis e Klebsiella pneumoniae. O extrato de ultrassons de P. madagascariensis obtido com acetona apresentou potentes efeitos antibacterianos em espécies de Staphylococcus, incluindo uma estirpe resistente à meticilina, verificando-se uma concentração mínima inibitória no intervalo de 1,95 a 7,81 μg/mL. Esta atividade encontra-se de acordo com os usos tradicionais destas plantas como agente anti-infecioso. Os extratos metanolicos apresentaram potentes efeitos antioxidantes a uma concentração de extrato de 100 ng/mL (60,8-89,0%). O extrato de maceração em acetona de P. madagascariensis apresentou alguns efeitos citotóxicos na linha celular de cancro de mama MDA-MB-231 com um IC50 de 64,52 mg/mL. Uma vez que os extratos mais bioativos foram obtidos a partir de P. madagascariensis, estes foram caracterizados em maior detalhe com identificação e quantificação dos principais compostos nesses extratos. Quatro compostos foram identificados por comparação com padrões: ácido rosmarinico, 7α,6β-dihidroxiroyleanona, 7α-acetoxi-6β-hidroxiroileanona e coleona U. Um composto diterpenico foi isolado a partir do extrato de ultrassons com acetona de P. madagascariensis e caracterizado por RMN de 1H e 13C como 7α-formiloxi-6β-hidroxiroileanona. Este composto foi isolado pela primeira vez a partir desta planta. Os efeitos citotóxicos dos compostos purificados foram determinados numa bateria de linhas celulares de cancro e em conjugação com dados da literatura, foram estabelecidas algumas relações de estrutura-atividade na estrutura abietanica do tipo roileanona. Foi observada alguma seletividade para linhas celulares de cancro por parte da 7α,6β-dihidroxiroileanona e 7α-acetoxi-6β-hidroxiroileanona com com índice de seletividade de 4,3 e 3,2 respetivamente.O extrato com maior potência antibacteriana identificado na triagem inicial foi selecionado para sua incorporação numa formulação fitossomal com posterior encapsulação por quitosano. Os fitossomas obtidos apresentavam-se amorfos, uniformes na forma (SEM e AFM), com um tamanho médio de 1082 ± 363 nm e potencial zeta de 20,59 ± 12,02 mV. A eficiência de encapsulação determinada por HPLC (57,7 ± 0,06%). A existência de interações entre os componentes da formulação foi analisada por A ocorrência de encapsulação foi demonstrada por DSC e DRIFTS. Os fitossomas demonstraram uma libertação sustentada com redução da permeação trans-cutanea. Uma melhoria em até 4 vezes na atividade anti-estafilococo (concentração mínima inibitória de 0,49 a 31,25 mg/ml). A segurança desta formulação foi demonstrada por baixa citotoxicidade em queratinocitos humanos in vitro e por irritação negligenciável in vivo nos ensaios de irritação cutânea aguda e sub-crónica em ratinhos. Este estudo demonstrou o potencial do género Plectranthus como fonte de novos agentes antibacterianos justificando-se alguns dos usos etnomedicinais destas plantas. Os diterpenos do tipo abietano isolados a partir de P. madagascariensis possuem efeitos citotóxicos com alguma seletividade face a algumas linhas celulares de cancro. A formulação desenvolvida a partir do extrato de P. madagascariensis corresponde a um promissor candidato a antibacteriano tópico com amplo espectro de atividade e elevada potência.
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    Contribuição para a compreensão da microcirculação periférica e da sua regulação através dos componentes oscilatórios do fluxo medido por laser doppler
    (2016) Silva, Henrique Nuno Nazaré e; Buján Varela, Julia, orient.; Rodrigues, Luís Monteiro, orient.
    A microcirculação refere-se ao conjunto dos vasos sanguíneos com calibre inferior a 150 μm responsáveis pelo transporte de oxigénio e nutrientes para as células e de produtos do metabolismo para os sistemas de eliminação. O fluxo sanguíneo microcirculatório é regulado de forma complexa, por mecanismos intrínsecos e extrínsecos aos próprios tecidos. Qualquer disfunção que ocorra numa rede microvascular poderá comprometer a viabilidade tecidular A pele tem sido explorada, desde há vários anos, como um modelo potencialmente representativo dos fenómenos de regulação normal e alterada do fluxo sanguíneo microcirculatório, em larga medida devido à facilidade de acesso à sua rede microvascular. O estudo da microcirculação cutânea tem sido progressivamente facilitado pelo desenvolvimento de diversas tecnologias não invasivas, como é o caso da fluxometria por laser Doppler (LDF) e da gasimetria transcutânea, entre as mais utilizadas. Por último, é cada vez mais frequente realizar manobras de provocação que visam alterar as condições iniciais de perfusão e induzir respostas compensatórias, aumentando a sensibilidade da análise. Contudo, muitas destas tecnologias registam fenómenos oscilatórios de natureza complexa e de difícil interpretação, o que limita o acesso a esta informação in vivo. A exploração do sinal de LDF, em particular dos seus componentes oscilatórios, torna-se essencial para o estudo da regulação da microcirculação em condições de perfusão normal e alterada, pelo que orientámos o presente estudo no sentido de aprofundar o nosso conhecimento sobre estes temas através da questão “qual a contribuição dos componentes oscilatórios do sinal de LDF para a regulação da função microcirculatória“ ? Para responder a esta pegunta estabelecemos os seguintes objetivos: (i) desenvolver metodologias que permitam obter parâmetros funcionais microcirculatórios in vivo em indivíduos saudáveis de diferentes idades e caracterizar eventuais alterações relacionadas com o envelhecimento; (ii) encontrar as melhores ferramentas de análise fina do sinal de LDF; (iii) desenvolver um modelo animal que permita testar os intrumentos até aqui desenvolvidos, olhando mais aprofundadamente, se possível, para os fenómenos em causa; viii Para o primeiro objetivo foram estudados dois grupos de indivíduos saudáveis – um grupo de 35 indivíduos jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos (22,1 ± 3,7), e um grupo de 30 indivíduos saudáveis, mais velhos, com idades compreendidas entre os 40 e os 65 anos (50,8 ± 7,6). Em ambos os grupos foram registados sinais de LDF, de pressão transcutânea de oxigénio (tcpO2) e de perda transepidérmica de água (PTEA) durante a realização de três protocolos experimentais – elevação passiva da perna, oclusão supra-sistólica ao nível do tornozelo e respiração de oxigénio a 100%. Para o segundo objetivo foram aplicadas três ferramentas de análise – a transformada de wavelet (WT), a análise de flutuação retificada (DFA) e a análise de entropia à multiescala (MSE). Para o terceiro objetivo foi utilizado um grupo de 16 murganhos C57BL/6 com idades entre as 8 e as 27 semanas, tendo sido submetidos à respiração de oxigénio a 100% enquanto sedados e outro grupo de 9 murganhos de 16 semanas aos quais foi induzida isquémia unilateral do membro posterior, submetidos ao protocolo de respiração de oxigénio a 100%, antes e depois desta indução. Os resultados obtidos pelos objetivos, permitiram chegar às seguintes conclusões: (i) o protocolo de elevação passiva da perna provoca uma resposta vascular semelhante à encontrada no protocolo de oclusão supra-sistólica, podendo ser utilizado como alternativa a este; ambos induzem respostas hiperémicas compensatórias comparáveis. A oclusão permitiu revelar uma relação inversa entre a amplitude do sinal de LDF e a amplitude da PTEA, o mais importante indicador da função de “barreira” epidérmica; (ii) o protocolo de respiração de oxigénio a 100% é o mais fácil de aplicar no humano. O padrão de resposta envolve na maioria dos casos diminuição da perfusão / vasoconstrição embora o aumento da perfusão / vasodilatação também tenha sido observado. No entanto, a análise dos sinais de LDF não permitiu encontrar diferenças estatisticamente significativas nas respostas vasculares entre indivíduos de idades diferentes. Já a gasimetria transcutânea permitiu encontrar menores níveis de tcpO2 em indivíduos mais velhos, refletindo uma redução da capacidade de extração de oxigénio. A relação inversa entre o sinal de LDF e a PTEA foi aqui consistentemente registada. (iii) as análises de WA e de MSE foram as que demonstraram maior interesse na comparação das alterações das propriedades dos sinais de LDF entre as diferentes ix fases de cada protocolo e na comparação de indivíduos de diferentes idades. O protocolo de elevação passiva da perna foi o único que permitiu encontrar diferenças nas respostas vasculares, avaliadas por LDF, entre indivíduos de diferentes idades – indivíduos mais velhos apresentam um maior nível de perfusão basal, explicada por uma maior atividade miogénica, com menor nível de entropia, e respondem à manobra de elevação com uma maior atividade miogénica e simpática juntamente com uma menor atividade endotelial independente de monóxido de azoto (NO) face aos indivíduos mais jovens; (iv) O modelo animal revelou: a. Como no humano, um padrão de resposta vascular à respiração de oxigénio a 100% semelhante, com diminuição da perfusão / vasoconstrição e aumento da perfusão / vasodilatação; b. Neste modelo, após a indução da isquémia do membro posterior, o membro controlo respondeu consistentemente com diminuição de perfusão enquanto que o membro isquémico respondeu com aumento de perfusão; c. Ainda como nos humanos, conseguimos identificar, no murganho, seis bandas espetrais no sinal de LDF, compatíveis com as seguintes atividades: cardíaca (5,3- 4,6 Hz), respiratória (3,8-3,2 Hz), miogénica (0,17-0,059 Hz), simpática (0,052-0,020 Hz), endotelial NO-dependente (0,017-0,0094 Hz), e endotelial NO-independente (0,0084-0,0042 Hz); d. Tratar-se de um modelo adequado para o estudo da fisiologia e da patofisiologia circulatórias; (v) A análise de wavelet é aquela que melhor permite compreender a contribuição dos diferentes determinantes que competem para a regulação da microcirculação durante a resposta às diferentes condições de perfusão experimentalmente desenvolvidas. A resposta de diminuição da perfusão / vasoconstrição relacionada com a hiperóxia parece dever-se à redução de ambas as componentes endoteliais, em ambos os modelos.