Diversidade cultural, convivência, conflito e mediação

dc.contributor.authorCosta, Elisabete Pinto da
dc.contributor.authorSantos, João de Almeida
dc.contributor.institutionFaculdade de Direito e Ciência Política
dc.date.issued2017
dc.description.abstractA principal marca das sociedades atuais é a diversidade cultural e civilizacional, fruto da globalização e dos fluxos migratórios a que assistimos desde o século passado. Qualquer sociedade apresenta-se, por isso, cada vez mais plural e multicultural. A relação entre culturas tem-se desenvolvido em contexto de tensão e, nessa medida, torna-se cada vez mais necessário construir e implementar dispositivos e dinâmicas de interação e de inclusão. Nesse sentido, a interculturalidade é algo a construir socialmente, indo além do reconhecimento da diferença e promovendo-se a convivência e a interação na diversidade. Num espaço social, relacional e cultural diverso, onde coabitam diversas pessoas ou culturas, com as suas identidades, princípios, valores, representações, necessidades e até patamares civilizacionais diferenciados, conviver ou viver juntos em interação harmoniosa é bem mais exigente do que partilhar simplesmente o mesmo território na mesma temporalidade. Os conflitos interculturais resultam da oposição entre indivíduos e grupos por razões de território, de pertença religiosa, de valores, de normas culturais e de dimensões civilizacionais, consubstanciando-se muitas vezes em incompatibilidade de interesses, de necessidades e de posições desejadas e manifestadas. Duas ilações fundamentais têm derivado do pluralismo cultural e civilizacional: o receio de um choque de civilizações (Huntington) e o desafio de uma vivência plural e interativa. O desconhecimento e a intolerância contribuem para exacerbar os conflitos interculturais. Nesse sentido, e inspirando-nos nos trabalhos de Carlos Giménez, não partimos da opção entre a convivência e a violência, mas da relação entre convivência e não convivência, onde se inscrevem também situações de conflito. A convivência multicultural deve acontecer num ambiente de diálogo que absorva os conflitos (ocultos, latentes ou manifestos). Nesse sentido, a convivência é uma construção partilhada. Por consequência, a gestão das relações interpessoais e grupais para a gestão e resolução de conflitos, interculturais e interpessoais, deve guiar-se pelas regras próprias do diálogo e pelos princípios do reconhecimento da diferença e da promoção da empatia. Passar da coexistência, num mesmo espaço físico, para a convivência, num espaço simbólico aberto, implica colocar a descoberto diferenças e dissenções, que podem tender para a divisão, se não mesmo para a rutura e exclusão, ou podem evoluir para a compreensividade e resultar em integração e coesão. Na aceção crítica, o conflito, enquanto crise larvar, pode constituir uma oportunidade de mudança, de aperfeiçoamento e de desenvolvimento humano, obrigando os indivíduos a definir-se, a contextualizar-se e a interagir no espaço relacional, social, cultural e civilizacional. A aposta na valorização do conflito e na sua reapropriação pelos indivíduos e grupos, numa lógica de socialização, integração e coesão, é-nos proposta pela mediação. Porque a mediação de conflitos não se encaixa apenas nos referenciais instrumentais e tecnicistas, assumindo objetivos mais amplos em termos societais. Através do tratamento do conflito num nível micro projeta-se um impacto de nível macro, visando gerar uma cultura crítica assente nos princípios da reflexividade, da alteridade, da não-adversariedade e da participação. Assim, a mediação de conflitos propõe uma forma própria de entender as relações humanas. Promove o reconhecimento da singularidade de cada indivíduo ou grupo e possibilita a construção de lugares sociais de cidadania, gerando espaços simbólicos abertos e partilhados. Pode-se então sintetizar duas vocações e dois grandes objetivos a alcançar pela mediação de conflitos: a nível interpessoal, uma vocação capacitadora, pelo empoderamento dos sujeitos; e a nível intercultural e societal, uma vocação emancipadora, pelo sentido da vivência em comunidade, inscrevendo nela a igualdade e a justiça social. A mediação de conflitos baseia-se no respeito pela dignidade e pelos direitos da Pessoa Humana e assume-se como metodologia de construção de convivência intercultural e civilizacional.pt
dc.formatapplication/pdf
dc.identifier.citationCosta, E P D & Santos, J D A 2017, 'Diversidade cultural, convivência, conflito e mediação', Revista da UIIPS, vol. 5, no. 4.
dc.identifier.issn2182-9608
dc.language.isopor
dc.peerreviewedno
dc.publisherUnidade de Investigação do Instituto Politécnico de Santarém
dc.relation.ispartofRevista da UIIPS
dc.rightsopenAccess
dc.subjectDIVERSIDADE CULTURAL
dc.subjectCONFLITOS
dc.subjectINTERAÇÃO SOCIAL
dc.subjectMEDIAÇÃO
dc.subjectCULTURAL DIVERSITY
dc.subjectCONFLICTS
dc.subjectSOCIAL INTERACTION
dc.subjectMEDIATION
dc.titleDiversidade cultural, convivência, conflito e mediaçãopt
dc.typearticle

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