Entretextos
URI permanente desta comunidade:
Navegar
Percorrer Entretextos por autor "Aníbal, Graça"
A mostrar 1 - 1 de 1
Resultados por página
Opções de ordenação
Item A educação no Portugal dos anos 60: uma análise do discurso ideológico dos parlamentares da ditadura na Assembleia Nacional (1961 - 1964)(Edições Universitárias Lusófonas, 2010) Aníbal, Graça; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNeste trabalho procurámos utilizar como método de descodificação do texto a análise crítica do discurso, tendo subjacente a noção de que qualquer discurso é moldado por relações de poder e por ideologias. Considerámos como corpus de análise os discursos dos parlamentares portugueses sobre educação no período de 1961 a 1964, período em que se realizam dois debates no âmbito da educação: a proposta de lei do plano de construções para o ensino primário (em 1961) e o aviso prévio sobre educação nacional (em 1964). Num regime político de partido único como era então o português, os deputados eleitos pertenciam às listas desse partido partido único, pelo que os debates não constituiam momentos de confrontação de posições significativamente divergentes. Sendo o discurso um instrumento privilegiado de interacção social, procurámos analisar como a classe dominante, mesmo quando utiliza os aparelhos repressivos do Estado, recorre a estratégias de persuasão para criação do consenso como meio de legitimação do poder. Por outro lado o sistema escolar e mais concretamente a escola, na sua acepção mais ampla de instituição socializadora, foi (e é) naturalmente entendida como podendo ter um papel fomentador de ideologias de que a classe dominante procura benefíciar. Os textos do corpus que analisámos são, assim, entendidos como produto da acção elocutória de agentes sociais, operando com possibilidade de escolhas, de acordo com a sua natureza de actor ideológico, numa estrutura de poder e dominação. A análise não visa apenas descrever o corpus linguístico de um sistema abstracto, mas entender como as escolhas linguísticas correspondem às posições ideacionais assumidas pelos falantes em determinados contextos sociais, políticos e ideológicos, escolhas essas que são estratégias ideológicas reveladoras de uma representação do mundo e da percepção de si e do outro.