Mute : controvérsias entre música e silenciamentos, recursos para abertura de diálogo no processo expositivo do Musée du Quai Branly

Miniatura indisponível

Data

2024-06-11

Título da revista

ISSN da revista

Título do Volume

Editora

Lusofona University

Resumo

A recusa à presença de olhares múltiplos sobre uma mesma história nos espaços expositivos não é algo novo, e continuar a perpetuar a inexistência de diálogo é uma escolha. Comumente identificamos em exposições e coleções das quais as vozes plurais que os objetos representam estão colocadas em “mudo”, mute – referência em língua inglesa à expressão que caracteriza a ausência de som em um equipamento audiovisual. Estes processos de silenciamento perante as comunidades de origem dos objetos musealizados, quando levados ao nível da sonoridade, reforçam tanto ou ainda mais a invisibilização das pessoas relacionadas ao contexto em que o objeto foi criado. Neste artigo, propomo-nos a trabalhar sobre coleções etnográficas de instrumentos musicais, questionando e como a arte contemporânea tem encontrado meios de propor discussões necessárias e alinhadas à investigação comprometida com a representação das pessoas e os direitos humanos. Para tanto, será analisado um exemplo de trabalho dedicado à crítica e ao diálogo decolonial a partir da sonoridade, realizado pela artista Youmna Saba, La Réserve des non-dits [A Reserva do “não dito”], em exposição no Musée du quai Branly, em Paris, entre 05 de novembro de 2022 e 18 de fevereiro de 2024. Complementarmente, serão abordados os recursos que as propostas artísticas têm encontrado para a proposição de diálogos diversos a fim de alcançar uma museologia mais inclusiva. O objetivo do artigo é assim problematizar uma ação que, a partir da música, tem questionado o silêncio e trazido para os espaços expositivos formas de representação alternativas. Palavras-chave: Musicologia; Museologia; Silenciamento; Exposição; Decolonial.
The refusal to have multiple perspectives on the same story in exhibition spaces is not something new, and continuing to perpetuate the lack of dialogue is a choice. We commonly identify in exhibitions and collections where the plural voices that the objects represent are placed on “mute” – a reference to the expression that characterizes the absence of sound in audiovisual equipment. These processes of silencing towards the communities of origin of museum objects, when taken to the level of sound, reinforce as much or even more the invisibilization of people related to the context in which the object was created. In this article, we propose to work on ethnographic collections of musical instruments, questioning how contemporary art has found ways to propose necessary discussions aligned with research committed to the representation of people and human rights. To this end, an example of work dedicated to criticism and decolonial dialogue based on sound will be analyzed, created by the artist Youmna Saba, La Réserve des non-dits [The Unspoken Reserve], on display at the Musée du quai Branly, in Paris, between November 5th, 2022 and February 18, 2024. Additionally, the resources that artistic proposals have found to propose diverse dialogues will be addressed in order to achieve a more inclusive museology. The objective of the article is to problematize an action that, through music, has questioned silence and brought alternative forms of representation to exhibition spaces. Keywords: Musicology; Museology; Silencing; Exhibition; Decolonial.

Descrição

Palavras-chave

MUSEOLOGY, SOCIOMUSEOLOGY, MUSICOLOGY, DECOLONIALITY, EXHIBITIONS, ETHNOGRAPHY, MUSEOLOGIA, SOCIOMUSEOLOGIA, MUSICOLOGIA, DECOLONIALIDADE, EXPOSIÇÕES, ETNOGRAFIA, Cadernos Sociomuseologia Nova serie 23 - 2024 (vol. 67)

Citação

Luiz, N P & Portezan, C 2024, 'Mute : controvérsias entre música e silenciamentos, recursos para abertura de diálogo no processo expositivo do Musée du Quai Branly', Cadernos de Sociomuseologia, vol. 67, no. 23, pp. 131-142. https://doi.org/10.60543/csm.v67i23.9488