Cadernos de Sociomuseologia Nova serie 08 - 2016 (Vol. 52) : Museus, Sociomuseologia e Fenomenologia
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Percorrer Cadernos de Sociomuseologia Nova serie 08 - 2016 (Vol. 52) : Museus, Sociomuseologia e Fenomenologia por autor "Câmara, Ana Zarco"
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Item Museus-Casas: Um Olhar Fenomenológico(Edições Universitárias Lusófonas, 2016) Câmara, Ana ZarcoO objetivo da comunicação é elaborar, tendo em vista a espacialidade própria aos museus-casas, uma investigação de caráter fenomenológico. Tal caráter se desvela através da consideração de todo e qualquer objeto como dotado de uma infinidade de significações, que somente se delimitam no instante em que este entra em relação. Nosso ponto de partida é a duplicidade do objeto “museu-casa”: enquanto objeto voltado para o habitante da casa e suas construções de sentido; e enquanto objeto voltado para o olhar e as expectativas do visitante da casa, daquele que perscruta a fronteira movediça e intangível, que separa e reúne tempos, espaços e significâncias tecidas pela relação casa-morador-visitante. É sabida a impossibilidade de se reconstruir com fidelidade absoluta e inconteste a “aura” da casa de outros tempos, assim como sabe-se da atual tendência a afastar o objetivo do museu-casa de tais pretensões. A ausência dos moradores e o deslocamento espaço-temporal são alguns dos fatores que impedem um olhar direto à casa per se. Apesar deste distanciamento tomado da casa em sua dinâmica própria, há um fator considerado privilegiado quando se trata das relações entre os ambientes re-encenados e o visitante, por concernir ao próprio do museu-casa: a intimidade evocada. Aquilo que diferencia o museu-casa de outros museus e que estimula, no visitante, uma receptividade peculiar, a saber, a curiosidade por conhecer, ainda que deslocados de seu espaço-tempo e movimento próprios, os espaços secretos de uma personagem histórica. Ao contrário dos elementos revelados pelo habitante da casa, que pertencem ao âmbito do público e exposto, temos com o museu-casa, a oportunidade de acessar o universo íntimo do morador, recriando o dado, re-colorindo os ambientes. Sob este aspecto, a casa aberta à visitação se revela como plataforma propícia a um estetizar que faz dos objetos expressões, assim como faz do visitante artista ativo do espaço íntimo.