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Percorrer Entretextos por autor "Brás, José Gregório Viegas"
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Item O aperfeiçoamento técnico do corpo no imaginário da I República : a Ginástica da Educação Cívica. A Educação Cívica da Ginástica(Edições Universitárias Lusófonas, 2009) Brás, José Gregório Viegas; Gonçalves, Maria Neves L.; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA situação política europeia e a deflagração da 1ª guerra Mundial contribuíram para o crescente peso da instituição militar na formação cívica dos cidadãos reabilitando o heroísmo guerreiro e evidenciando a necessidade de fortificar a saúde a coragem pela educação física e pela higiene. Este novo imaginário, no qual se inscrevem as Sociedades de Instrução Militar Preparatória (SIMP), trouxe novas exigências. Educar a juventude segundo os valores da sociedade emergente, colocou-se como um novo imperativo. Este trabalho foi assegurado pelas tecnologias de poder a que Michel Foucault chamou disciplinas. Neste processo, temos a destacar o corpo como principal foco de disciplinar a mente. O corpo nas SIMP fica sujeito a um aperfeiçoamento técnico de acordo com o novo imaginário social. A construção da identidade pelas SIMP encontra terreno fértil nesse novo objecto cultural que é o corpo. É aí que se vai inscrever a nova identidade que se pretende projectar. No corpo vai-se materializar todo o universo simbólico deste processo de construção histórica. Os corpos não são objectos naturais, neutros, a-históricos, pelo contrário, transportam códigos identitários através dos seus gestos, do seu porte, da sua aparência, das suas capacidades, quer dizer, das suas marcas, servindo para demarcar simbolicamente o grupo de pertença. MerleauPonty obriga-nos a pensar o corpo para além do tradicional dualismo cartesiano. Este novo poder da SIMP atravessa o corpo e faz dele um novo objecto de saber. Este novo poder e saber impregnam-se nos corpos e gravam-se nas consciências. Com a nossa comunicação pretendemos analisar estas novas sensibilidades, como estas novas disposições da consciência vão servir para as pessoas se situarem no mundo social, ensinando-as a preferir.Item Corpo, sociedade e escola: sensibilidade educativa(Edições Universitárias Lusófonas, 2010) Brás, José Gregório Viegas; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNeste artigo analisa-se a conexão entre estas três dimensões: corpo, sociedade e escola. Se cada sociedade tem o seu padrão cultural e se a cultura não é estática porque é recriada por cada um de nós, o homem passa a ser não só intérprete mas também criador de cultura. É da relação da natureza com a cultura que nasce uma outra realidade que designamos por CORPO. A construção o corpo processa-se no plano cultural e social sendo aqui que ele é inventado, dando origem à formação de uma nova realidade suprabiológica de grande carga simbólica. É pelos mitos, ritos, crenças, que o homem atribui um significado ao mundo e a seus objectos. Acresce que a escola encerra, no dizer de Michel Foucault (1987), um tipo específico de poder - o poder disciplinar que actua sobre o adestramento do corpo. Na escola, o controlo do corpo é feito na moldura do tempo e do espaço uma vez que são vigiados os gestos, as posturas e, todas as operações do corpo - o levantar do braço, o virar a cabeça, o sentar e o levantar, o falar e o estar calado, etc. Assim, o que se nos afigura imperioso é ter uma nova sensibilidade educativa para tornar inteligível a interrelação entre corpo, sociedade e a escola.Item Governo e salvação do corpo : a lenta inflexão do discurso da salvação(Edições Universitárias Lusófonas, 2010) Brás, José Gregório Viegas; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNeste artigo, pretende-se analisar a forma como o aparecimento do Estado moderno veio colocar o problema do capital-vida, conduzindo à magna questão da salvação do corpo como uma das suas preocupações e uma das suas metas. Interessa-nos sobretudo saber como se deu início à operação de salvação do corpo, partindo do pressuposto que a formação do Estado e do governo visam, em última análise, conservar todos os membros da sociedade. A compreensão deste problema passa pela ideia da governamentalidade, conceito que expressa o trajecto intelectual de Foucault e que contém, por sua vez, o conceito de biopoder que toma forma com a ideia de biopolítica da população e com a anatomia política do corpo. Ao contrário da cura das almas o cuidar do corpo insere-se num certo uso terapêutico que exige novas competências. Procura-se fugir da doença porque agora valoriza-se não o sofrimento mas o bem-estar (salvação do corpo). A saúde passa a ser a chave de acesso aos prazeres e não o desejo de penitência que sacralizava o sofrimento. A nova relação saúde-doença, veio colocar a necessidade de salvar o corpo, uma vez que a antiga retórica religiosa da redenção é agora substituída por um discurso laico se bem que o auto-controlo e a reflexividade, enquanto espaços de gestão da liberdade individual, façam também parte integrante do governo de salvação. A sociedade salva-se na medida em que souber salvar o corpo.Item Os saberes e poderes da reforma de 1905(Edições Universitárias Lusófonas, 2010) Brás, José Gregório Viegas; Gonçalves, Maria Neves L.; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNeste artigo, revisitamos a reforma de 1905 ao nível das inovações curriculares e dos dispositivos pedagógicos que a singularizaram. Como enfoques metodológicos, assumimos o currículo enquanto construção social, e estabelecemos uma conexão entre pedagogia do poder e do saber, na linha de Nietzsche e de Foucault de que, por detrás de todo o saber, o que está em jogo é uma luta de poder, estando o poder político intrinsecamente correlacionado com o saber. Abordamos, num primeiro momento, a nova configuração curricular proposta por este diploma - elaborado pelo director geral de Instrução Pública, Abel Andrade, e promulgado pelo ministro do Reino, Eduardo José Coelho - e colocamos em evidência, por um lado, os mecanismos que fizeram com que a educação física integrasse definitivamente o currículo dos alunos do liceu e, por outro, a forma como abriu caminho para um novo conhecimento e para uma nova construção do corpo. Num segundo momento, relevamos a importância do que designamos por novos mecanismos de regulação onde incluímos o caderno diário, o incentivo à prática pedagógica de arquivar e expor os trabalhos dos alunos e a cooperação entre o liceu e a família. Por fim, concluímos que esta reforma deve ser vista em articulação com a reforma anterior de Jaime Moniz e que ambas acabam por corresponder a duas peças fundamentais do movimento reformista cuja aposta, em última análise, era a formação da futura elite governante.