Caleidoscópio : Revista de Comunicação e Cultura nº 05/06 (2004/2005)
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Item O 11 de Setembro como mega-acontecimento: um desafio à globalização(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Claudia, Alvares; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoDefende-se, neste texto, que o 11 de Setembro põe em causa os parâmetros de definição tradicional de «acontecimento mediático», revelando uma função simultaneamente integradora e desagregadora. Ao mesmo tempo que serviu para consolidar um comunitarismo ocidental definido em relação a uma alteridade islâmica ameaçadora, também enfatizou a existência de fissuras numa globalização não homogénea, deixando em aberto divisões acentuadas entre centro e periferia. A especificidade do 11 de Setembro prende-se ainda com o facto desse acontecimento ter sido produzido para os media por aqueles que pretendiam desafiar o sistema de globalização de que os media fazem parte. Assim, este mega acontecimento adquire conotações particularmente perversas, pois o ritual ao qual deu origem foi, em parte, ditado pelo ‘outro’, com o intuito de utilizar os media como espaço público de contestação, combate e confronto em tempo real.Item A abordagem do enquadramento nos estudos do jornalismo(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Gonçalves, Telmo; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoA abordagem do enquadramento transfor - mou-se nas últimas duas décadas num dos paradigmas mais expressivos dos estudos do jornalismo. Percorremos, neste artigo, a evolu - ção desta corrente de investigação, desde as suas origens até aos seus desenvolvimentos mais recentes. Pretendemos, assim, demonstrar os diferentes sentidos com que a noção de «frame» tem vindo a ser aplicada nos estudos do jornalismo, evidenciando-se hoje como um conceito incontornável tanto no estudo das notícias como na investigação dos seus efeitos.Item Anúncio e capa de revista : territórios paralelos ou contíguos?(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Cardoso, Carla Rodrigues; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoImagem e texto são dois elementos partilhados por anúncio e capa de revista. As semelhanças entre estes dois dispositivos comunicacionais começam ou terminam aqui? A resposta a esta questão passa pela análise das estratégias subjacentes à criação do anúncio publicitário e da capa de revista. Neste último caso, optou-se por restringir o campo das publicações, optando-se pelas newsmagazines, sólidas representantes do mundo do jornalismo. Depois do esgrimir de argumentos teóricos, parte-se para a análise empírica das capas de Janeiro de 2004 da newsmagazine portuguesa Visão, à procura de vestígios concretos que as relacionem ou não com os anúncios de revista.Item Carlos Fino, A Guerra em Directo, Verbo, Lisboa, 2003(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Baptista, Carla; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem O cerco ideológico do Estado Novo à imprensa de 'província'(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Barros, Júlia Leitão de; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoApós a aprovação da Constituição, em 1933, o Estado Novo lançou uma nova política de informação assente em dois instrumentos: a Direcção Geral dos Serviços de Censura e o Secretariado de Propaganda Nacional (S.P.N.). O SPN produziu dois documentos, no seu primeiro ano de actividade, referentes à sua actuação junto da imprensa de província, estando um deles até aqui inédito O presente artigo, partindo desta base documental, procurou contribuir para uma refle - xão em torno do processo de arranque do novo sistema informativo do Estado Novo. Tudo parece indicar que a actuação do novo regime junto da imprensa de província» foi prudente, gradual e planificada. As intervenções punitivas procuraram lidar com a diferenças regionais existentes e contaram a seu favor com jornais de influência local circunscrita.Item As construções do luto após a morte de Diana(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Dayan, Daniel; Katz, Elihu; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoOs autores do conceito de «televisão cerimonial» reflectem neste artigo sobre as comemorações e as homenagens em torno de Diana de Gales, que consideram como «peregrinações, encontros com um “sagrado” definido em termos de inacessibilidade». Diana desempenha aqui o papel de «um começo, de uma entrada, de uma ligação entre os mundos, representa o ponto em que as grandes periferias podem, de pleno direito, e sem sanção violenta, aproximar-se da ostentação, da «pompa e circunstância».Item Conteúdos jornalísticos auto-referenciais : entre o jornalismo e a publicidade(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Ferreira, Vanda; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoOs conteúdos jornalísticos auto-referenciais definem os actuais territórios e a fluidez das fronteiras entre jornalismo e publicidade. As estratégias comerciais das empresas jornalísticas e da publicidade requisitam a credibilidade pública do jornalismo ao mesmo tempo que testam a sua capacidade de resistência aos objectivos das sinergias de conteúdos e promocionais estabelecidas entre meios jornalísticos detidos por grupos económicos de comunicação.Item Contributos do realismo para o discurso jornalístico(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Ponte, Cristina; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO realismo é uma forma de expressão cultural indissociável dos jornais de grande circulação e prestígio que surgiram a partir de meados do século XIX. Procuramos reflectir neste artigo sobre os contributos do estilo realista a nível da produção escrita do jornalis mo e da sua estética e também na sua orien tação ética e sentido público da sua inter venção. Nesta caracterização do realismo literário em dimensões estéticas e sociais, dá-se atenção aos processos de descrição como formas de representação da realidade e privile - giam-se orientações derivadas desta matriz no jornalismo contemporâneo: o «novo jornalismo» dos anos 60 do século XX e o jorna lismo de investigação, que surge nos finais do século XIX.Item O Crocodilo e o Rato(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Luís, Agustina Bessa; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação«Alguém que se deita no divã do psiquiatra faz com que se estenda consigo um crocodilo e um rato». A partir desta afirmação, a escritora reflecte, neste pequeno ensaio, sobre a influência da televisão na sociedade contemporânea. Sem desprezar a força do «pequeno écrã – ela “é bem recebida e indispensável até” – traça-lhe limites: a televisão «não nos engana, só nos ilude».Item Da realidade à ficção : a cobertura noticiosa da guerra no Iraque(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Pina, Sara; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoAcompanhamos a invasão do Iraque pelos E.U.A pelos media. Mas as fontes que presta - ram informações à comunicação social norteamericana foram em esmagadora maioria próguerra e oficiais. Os repórteres «embedded» foram rigorosos? Alguns jornalistas que viveram esta situação acharam que a resposta pode ser negativa. A verdade é que a elaboração da realidade no discurso jornalístico tem consequências nessa própria realidade, reconstruindo-a e modificando-a permanentemente.Item Daniel Ricardo, Ainda Bem Que Me Pergunta. Manual de Escrita Jornalística, Editorial Notícias, Media & Sociedade, 2003(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Martins, Carla Isabel Agostinho; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Democracia, comunicação e negócio: o crescimento desmesurado da concentração económica(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Jones, Daniel E.; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoNeste artigo passa-se em revista a evolução da concentração das indústrias culturais e comunicativas que, ao longo do tempo, foram adquirindo um maior protagonismo na vida política, cultural e económica das sociedades, especialmente das mais desenvolvidas. A interrelação que se deu entre os regimes democráticos e os meios de comunicação, sobretudo desde o século XIX nos países liberais (embora com uma democracia mais restringida do que a actual), entrou em crise. Em traços largos, a crescente mercantilização da actividade cultural, comunicativa e de entretenimento coloca a questão de saber se os actuais macro ou mega grupos comunicativos e multimédia não têm um protagonismo excessivo, que de alguma maneira conviria controlar por parte dos Estados democráticos. Embora com uma visão geral, procurou-se utilizar exemplos do caso espanhol.Item Denis McQuail e Sven Windahl, Modelos da Comunicação, Para o Estudo da Comunicação de Massas, Editorial Notícias, 2003(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Lopes, Anabela de Sousa; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem O ecrã no lugar do juíz : ou a representação da justiça no cinema de Fritz Lang(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Mesquita, Mário; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO autor regista que os filmes da «fase americana» de Fritz Lang, como Fury (1935-36), o realizador revelam atitude semelhante à de um antropólogo perante as instituições judiciárias. Este tipo de filmes constituem uma espécie de antecipação da problemática contemporânea dos «julgamentos mediáticos». Lang evidencia as insuficiências do aparelho judiciário para assegurar os direitos da pessoa, especialmente quando as multidões iradas cercavam os tribunais. Os media dominantes na época – as actualidades cinematográficas, a rádio e os jornais – antecipavam, por vezes, a sentença, embora deixassem «fora de campo» eventos decisivos, contribuindo para fazer da sala de audiências num teatro de sombras.Item Fernanda Câncio, Geração Modelo, Olhem para Mim, Publicações D. Quixote, Cadernos de Reportagem, 2003(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Pina, Sara; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Uma fronteira ou o jornalismo económico como forma de conhecimento especializado(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Martins, Christiana; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoAs fronteiras surgem dentro do corpo da actividade jornalística. Jornalismo especializado ou forma especializada de conhecimento. A econo mia como especialização do jornalismo. As carências de estudos académicos sobre o tema. As múltiplas visões sobre o jornalismo económico. Uma certeza, por mais económico que seja, será sempre jornalismo. Há regras a cum prir e vícios a abandonar. Nunca a esque - cerItem Helena Ângelo Veríssimo, Os Jornalistas nos anos 30/40-Elite do Estado Novo (2003), Coimbra: Edições Minerva, Colecção Comunicação(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Caldeira, Clara Roldão Pinto; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Jornalismo de saúde : evidências de um processo de especialização(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Vasconcelos, Alberto; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoDiferenciado, sobretudo, por uma forte componente científica, o jornalismo dos assuntos de saúde deixou de pertencer à esfera generalista para se autonomizar enquanto território especializado. Todavia, o processo é recente; investigadores, clínicos, decisores políticos, as próprias redacções, ainda não se mostram perfeitamente familiarizados com o espectro de competências do jornalista de saúde. Importa, como tal, conhecer os objecti - vos e as limitações desta corrente jornalística, tanto quanto o seu esforço de descodificação do avanço científico se tornou essencial para a democratização do conhecimento sobre os mecanismos de saúde e de doença.Item O Jornalismo e os limites da representação(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Neto, António Fausto; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO texto reflecte, a partir do caso «Lula e o New York Times», os limites e as imposições do processo de enunciação dos discursos. Chama atenção para a importância que tem o âmbito da linguagem para a produção da actualidade jornalística, enfatizando que seu estatuto não se situa excludentemente no âmbito da cultura e dos valores relativos à produção da noticiabilidade. Os processos de produção de sentido são proferidos por estratégias discursivas em vários campos sociais. Mostra que o campo jornalístico é actor e paciente e finalmente, diz que o texto jornalístico além de condensar vários textos, é a instância quem controla os fluxos de sentidos uma vez que é quem profere o sentencimento da questão. Isso significa afirmar que apesar das manifestações de outros campos, subsiste a sentença jornalística que no seu próprio «fórum» faz permanecer as referências de suas convicções.Item Jornalismo económico em tempos de concentração : faces visíveis das pressões sobre a informação(Edições Universitárias Lusófonas, 2005) Garrido, Helena; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO objectivo deste trabalho é avaliar se os jornalistas de economia têm, hoje mais que no passado, uma percepção de maior condicionalismo do exercício da actividade de informar sobre matérias económicas e financeiras, na sequência dos movimentos de concentração e diversificação empresarial que afectaram os sectores económicos em geral os ‘media’ em particular. Com base num pequeno inquérito conclui-se que a esmagadora maioria dos inquiridos considera que a informação económica está hoje mais condicionada, atribuindo esta tendência essencialmente à concentração.