Babilónia : Revista Lusófona de Línguas, Culturas e Tradução nº 10/11 (2011)
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Item The victim that speaks is not a victim(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Kona, Prakash; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEste artigo incide sobre o modo como as vítimas respondem à situação de vitimização através da «fala» ou sobre uma política de articulação. Aborda o papel da ordem social na criação da tortura como meio de alcançar o controlo e o papel das vítimas que inadvertidamente se tornam cúmplices da vitimização num sistema «que faz com que os homens torturem e prendam pessoas inocentes». O artigo examina igualmente as nuances da palavra «fala» e as suas conotações mais profundas em termos de resistência face a uma ordem injusta. As vítimas são tão complexas quanto o fenómeno de vitimização. Por esse motivo, uma perspectiva interdisciplinar é essencial para compreender o significado do acto de falar da vítima; essa é a perspectiva aqui seguida para sustentar a minha visão sobre o modo como a vítima deixa de ser vítima durante o processo de «fala».Item Cole Porter em Melgaço(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Ribeiro, Luís Cláudio; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Silencing the philosopher(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Trisokkas, Ioannis; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEm primeiro lugar argumentarei que existem dois modos de tematizar filosoficamente o silêncio: como um fenómeno do mundo e como o silenciamento do filósofo. Este segundo modo constitui um problema cuja carência de solução impede o primeiro modo de tematização. Em segundo lugar, discutirei o cepticismo pirroniano como aquela teoria filosófica que origina o silenciamento do filósofo e contestarei três objeções que defendem que este cepticismo não é construído em modo espúrio. De seguida mostro como o filósofo alemão Georg Hegel se propõe refutar o cepticismo pirroniano no seu magnum opus, a Ciência da Lógica. Finalmente, delineio as consequências da solução hegeliana a este problema para uma tentativa específica na história da filosofia de assegurar um lugar para o silêncio na teoria e na prática ontológica.Item O som do silêncio no cinema e na fotografia(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Gil, Inês; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoNo cinema, o silêncio é muito utilizado porque tem uma grande riqueza semântica; no entanto, quando se limita em acompanhar a imagem, e vale por si só, precisa de tempo para ser compreendido e apreciado. Este silêncio cria atmosferas particulares que dão a forma ao filme. A fotografia é em si, silenciosa. Quando ela «fala com o espetador» é porque o seu conteúdo exprime ou sugere o som. O cinema tem o movimento das imagens e a possibilidade de reproduzir os sons da vida. A fotografia tem a possibilidade de congelar o tempo. Ambas mostram uma imagem espelhada da realidade. Será que podem exprimir o mesmo silêncio?Item Babilónia, meu amor(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Mancelos, João de; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Cosas del silencio(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Pérez, Victoria; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Long distance(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Escobar, Linette; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Ciel vide(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Timénova, Zlatka; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Le silence de la phrase chez Marguerite Duras(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Timénova, Zlatka; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoFalar do silêncio na literatura parece paradoxal, o próprio da literatura sendo a representação através do verbal. No entanto, o silêncio e a palavra são indissociáveis. Filósofos e críticos pós-modernos parecem cada vez mais interessados no silêncio eloquente que se manifesta pelos textos de um grande número de escritores contemporâneos. Marguerite Duras faz parte destes últimos. O objectivo do nosso artigo é analisar algumas das formas sintácticas do silêncio nos seus textos narrativos.Item Into the silence of the objects : analyzing Samuel Beckett’s nothingness(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Florescu, Florina Catalina; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoOs objetos têm sempre desempenhado um papel fundamental nas nossas vidas, pela forma como eles, passivamente, fazem-nos companhia e transmitem tacitamente a sua quietude inata. Contudo, o que acontece quando os objetos se tornam uma presença tão poderosa que, como resultado, dominam a vida das pessoas? Noutras palavras, o que é que acontece quando os objetos sobrecarregam as pessoas com as suas potentes (falando literalmente, sempre lá) presenças? No silêncio dos objetos há um lugar onde nos tornamos conscientes da nossa insignificância, da nossa crise de identidade,ansiedade de linguagem e entorpecimento. Mas nas peças Endgame e Act without Words I de Samuel Beckett, o dramaturgo gradualmente capta a inutilidade da vida das personagens principais e a transformação das suas mentes e corpos numa coleção de objetos arquivados. Sem interagir com outras pessoas e por se autoencarcerarem estas personagens de Beckett esquecem-se o que é ser humano e tornam-se «uma não-coisa, nada». Pode haver um facto perturbador nesta realização, e, sem dúvida, até mesmo uma infeliz aliteração; mesmo assim, o que é ainda mais chocante é que estas personagens são paradigmáticas em relação ao que significa ter pisado uma aniquilação prematura ontológica e existencial. Estas são agora objetos abandonados entre outros objetos, uma espécie de coleção ineficaz. Com base nestes argumentos, este ensaio mostra uma tremenda influência de Beckett no desenvolvimento da teoria da descarnalizaçao e da desmaterialização do corpo e mente do povo, culminando na revolução tecnológica onde queremos ser empilhados dentro de incontáveis arquivos de computador. O principal argumento propõe uma reflexão sobre como podemos pôr em perigo a nossa sofisticação emocional e social, jogando este complicado «jogo» digital.Item A poesia é um estado de transe(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Oliveira, Vera Lúcia de; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Black Notebook #9, 1am Boston(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Sousa, Brian; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoItem Laughing in the mechanism : du choix du silence comme élément autobiographique dans le poème ''Agrippa'' de William Gibson (1992)(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Becker, Christophe; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoSilence is a fundamental component of artistic creation, be it in the musical domain or in the world of cinema. The notion of silence, however, seems to reach a dead end within the field of literature. Gilles Deleuze notes this when referring to “silence within the words,” or the “asyntaxic limit” which is not situated “outside of the language” in Antonin Artaud’s poetry. This particular notion becomes even more problematic when relating to autobiographies which are traditionally informative. Firstly, I examine how the author, through narration of his own life and path, opts for short or long silences in his writing, thus seeming to renounce his primary goal. I then proceed to study American writer William Gibson’s poem, “Agrippa-A Book of the Dead” (1992). Inspired by the discovery of a photo album belonging to his father, the author conjures up memories from his childhood in Virginia. The singularity of “Agrippa” can mostly be found in the mechanisms it sets in motion whilst being read. The poem, only available on disk at first, is being erased by an encryption program or “logic bomb” while being decoded by the computer, meaning it can only be read once and leaving nothing but emptiness, silence at the end. I propose studying “Agrippa,” demonstrating how the progressive disappearance of the text, through William Gibson’s writing technique, has an unprecedented reach. The main objective of this paper is to demonstrate that Gibson uses the poem as a means to prone a literary revolution where art “leaves the framework,” where “the written word leaves the page” in a way that is both tangible and effective, leading the reader to an interrogation which raises aesthetic, philosophical and possible theological issues; for example, Maurice Blanchot claiming that God only communicates “through his silence.”Item The dialectic of silence and remembrance in Lily Brett’s ''Things could be worse''(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Botez, Catalina; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoThe dynamics of silence and remembrance in Australian writer Lily Brett’s autobiographic fiction Things Could Be Worse reflects the crisis of memory and understanding experienced by both first and second-generation Holocaust survivors within the diasporic space of contemporary Australia. It leads to issues of handling traumatic and transgenerational memory, the latter also known as postmemory (M. Hirsch), in the long aftermath of atrocities, and problematises the role of forgetting in shielding displaced identities against total dissolution of the self. This paper explores the mechanisms of remembrance and forgetting in L. Brett’s narrative by mainly focusing on two female characters, mother and daughter, whose coming to terms with (the necessary) silence, on the one hand, and articulated memories, on the other, reflects different modes of comprehending and eventually coping with individual trauma. By differentiating between several types of silence encountered in Brett’s prose (that of the voiceless victims, of survivors and their offspring, respectively), I argue that silence can equally voice and hush traumatic experience, that it is never empty, but invested with individual and collective meaning. Essentially, I contend that beside the (self-)damaging effects of silence, there are also beneficial consequences of it, in that it plays a crucial role in emplacing the displaced, rebuilding their shattered self, and contributing to their reintegration, survival and even partial healing.Item The right to remain silent : the ethics of invasion and evasion in Paul Sayer’s ''The Comforts of Madness''(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Byatt, Jim; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEste artigo considera as implicações do silêncio e da ética da experimentação médica no romance de Paul Sayer, The Comforts of Madness, vencedor do prémio Whitbread. O romance de Sayer debruça-se sobre um paciente emestado catatónico, Peter, o qual procura retirar-se para um estado de pura subjetividade como consequência de uma série de eventos traumáticos. Inicialmente tratado num hospital tradicional, é posteriormente transferido para uma clínica experimental onde é submetido a uma série de «tratamento» invasivos e bárbaros com o objectivo de «curá-lo». A abordagem de Sayer dos temas relacionados com a insanidade, o silêncio pessoal e a medicina progressiva levanta questões relativas ao direito do indivíduo de rejeitar o mundo comunitário e à ética de extrair a narrativa retida da narrativa relutante. Ao examinar os processos de normalização e resistência, o romance levanta questões relativamente à ética da inclusão forçada e estabelece uma legitimidade de não-cooperação, o direito ao silêncio, o qual funciona em paralelo com a legitimidade da voz marginalizada. A tendência recente nos estudos literários tem sido no sentido da exposição e promoção das vozes anteriormente ostracizadas pela indústria editorial e pelo público leitor, mas, de um modo geral, este processo tem partido da premissa de que a voz perdida beneficia de tal exposição. Para Sayer, existe o caso igualmente persuasivo relacionado com o reconhecimento do direito à privacidade, em risco de ser preterido numa era de transparência excessiva. Este ensaio discute o modo como o romance de Sayer aborda estas preocupações e salienta a sua consciência do processo complexo de lidar com o indivíduo para quem a recusa a falar corresponde a um gesto social ambíguo.Item Homens e animais : entre silêncio e metamorfose(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Neves, Rita Ciotta; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO texto interroga-se sobre uma questão que tem cada vez mais atualidade: a questão animal. Problemática que, para muitos, torna-se simbólica dum discurso mais geral sobre a catástrofe ecológica do planeta, representando a abertura para um novo problema epistemológico e, além disso, jurídico. No artigo, a questão é ilustrada através de alguns exemplos literários, onde o silêncio e as metamorfoses nos animais apresentam-se como um enigmático e fecundo elo de ligação entre os dois mundos, o humano e o animal.Item The audible and the inaudible : Bob Kaufman and the politics of silence(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Fisher, Thomas; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoO poeta americano Bob Kaufman fez um voto de silêncio nas décadas de sessenta e setenta do século passado. Durante quase dez anos, não falou nem escreveu. “The Audible and the Inaudible: Bob Kaufman and the Politics of Silence” (“O Audível e o Inaudível: Bob Kaufman e a Política do Silêncio”) é uma tentativa de ver o silêncio de Kaufman como uma espécie de discurso político em nome das massas anónimas, dos marginais, dos que não conseguem fazer-se ouvir. O ensaio baseia-se, em parte, na obra recente de Jacques Rancière sobre discurso e política. Para Rancière, a política só pode ser exercida através do discurso, através da participação dos que não são vistos como parte activa. No entanto, o silêncio de Kaufman é uma recusa do discurso e da participação; assim sendo, o ensaio procura explorar o silêncio como um discurso político que se mantém socialmente isolado e inaudível, mas procura, ainda assim, reconhecer todos aqueles que continuam a não ter voz nas nossas instituições democráticas.Item Elizabeth Bishop’s sounds of sanity(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Canipe, Cayce Leigh; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoIn this article, I examine the implications of rewriting definitions of sanity and insanity through the use of noise, silence, and language,positioningElizabeth Bishop’s short story “In the Village” as a form of resistance against traditional readings of madness, logocentrism, and identity. I suggest that by writing her characters as undivided from the world of sound, Elizabeth Bishop’s story shifts understandings of insanity, which is often conceptualized through denials of agency, allowing her characters to escape in noises and hesitations in language and communication. “In the Village” avoids silencing the “insane” mother through her placement in a caesura of sound and silence. This article avoids a biographical reading of “In the Village,” which is often connected with her own mother’s “mental breakdown,” because Bishop’s writing would have been as much affected by her conscious awareness of her past as it was by the unconscious impulses and histories of writing in the West. Rather, I take into account Bishop’s own personal history as well as the repetitions that reflect a placement in a tradition appearing in the story itself. Using this particular lens, I believe a rereading of “In the Village” is in order, where the “mad mother” is not silenced by the oppressive social structures that control the insane,” but she instead finds escape in the multitudes of sounds that associate with her, erasing the power of language and opening a new world where agency exists in a scream or in a striking hammer.Item From enforced silence to creative silence : Amitav Ghosh’s ''The Hungry Tide''(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Ain, Sandip; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoNeste ensaio, procuro explorar como Ghosh traça a trajetória do silêncio do subalterno, principalmente através do personagem Fokir, enquanto movimento que ocorre desde o ato de ser silenciado até ao primeiro ato de resistência a esse silêncio, em seguida, até ao ato de se apropriar desse silêncio e, finalmente, até uma derradeira jornada que consiste em tornar esse silêncio seu, transformando- o de tal modo que acaba por caracterizar o seu, o nosso, modo de saber e ser. O silêncio não se opõe, então, à linguagem, mas é algo complementar: acrescenta significado à linguagem. O silêncio funciona aqui enquanto retórica e, como se verá, não é tratado em termo dos binários ocidentais como algo que se opõe ao discurso e que é caracterizado pela ausência. O meu argumento neste ensaio é semelhante ao do escritor Phulboni em The Calcutta Chromosome - o silêncio é caracterizado pela presença e possui vida própria; o silêncio é, aqui, uma força criativa. Em ambos os casos, será uma questão de escolha o facto de se ter em consideração as personagens subalternas ou marginais. Os grupos de subalternos usam frequentemente o silêncio como retórica, uma vez que muitas vezes lhes é negado o privilégio de representação nas narrativas principais. O silêncio seria, muitas vezes, uma ferramenta melhor do que a linguagem, porque a linguagem é o discurso dos poderosos. O silêncio não resistiria à equação do poder, mas também corromperia as mesmas ferramentas responsáveis pela criação da discriminação. Neste ensaio, gostaria de salientar como em The Hungry Tide, de Ghosh, nos deparamos com uma viagem que parte de um silêncio forçado para um silêncio criativo e colaborativo.Item No meio da multidão… há solidão povoada(Edições Universitárias Lusófonas, 2011) Madureira, Libânia; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da Informação