Transgressões ao papel de género tradicional e violência na relação de intimidade

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2018

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Resumo

No presente estudo é objeto de investigação a relação entre os papéis de género tradicionais e a violência nas relações de intimidade (VRI). Assim, o objetivo centra-se em compreender como a conformidade com os papéis de género tradicionais e a perceção de transgressões aos mesmos por parte da companheira íntima podem estar associadas a comportamentos abusivos, numa amostra do sexo masculino, em relações heterossexuais. Esta é constituída por 105 indivíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos (M = 33,32, DP = 13,031, Mo = 23). Os instrumentos utilizados avaliam o impacto da perceção da desigualdade de poder associada aos papéis de género e das transgressões a estes papéis e o seu relativo impacto emocional, as crenças sobre a violência íntima, o impacto emocional da desigualdade de poder associada a estes papéis de género, a regulação emocional, as atitudes face aos papéis de género e as estratégias de resolução de conflitos positivas ou abusivas no contexto de conflitos entre parceiros íntimos. Os resultados demonstraram que os cenários hipotéticos e projetivos para avaliação da violência e da perceção de desigualdade são um instrumento relevante na investigação da VRI, e revelaram que situações de conflito associadas à perceção de transgressão aos papéis de género tradicionais põe em causa o valor próprio dos sujeitos, estando associadas com uma experiência de vergonha interna e maior probabilidade de recurso às estratégias abusivas. Verificou-se ainda que quanto maior a perceção de ameaça ao valor próprio, a vergonha interna e a atribuição a transgressão aos papéis de género tradicionais, maior será a probabilidade de recurso a comportamentos violentos. Assim sendo, o presente estudo poderá contribuir para esclarecer as dinâmicas através das quais o patriarcalismo e a desigualdade de género, expressas na socialização de papéis de género tradicionais, podem explicar o fenómeno da VRI. Daqui decorrem implicações relevantes para ampliar a intervenção a respeito do fenómeno.
In the present study the relationship between traditional gender and violence in intimacy relationships (VRI) is investigated. Thus, the main objective is to understand how compliance with traditional gender roles, as well as perceived intimate partner misconduct may be associated with abusive behavior, based on a sample of the masculine gender, in heterosexual relations. The sample consisted of 105 males, aged between 18 and 64 years (M = 33,32, SD = 13,031, Mo = 23). The instruments used evaluate the impact of the perceived power inequality associated with gender roles and the transgressions of these roles and their relative emotional impact, the beliefs about intimate violence, the emotional impact of the power inequality associated with these gender roles, emotional regulation, attitudes toward gender roles, and strategies for resolving positive or abusive conflicts in the context of conflits between intimate partners. The results showed that the use of hypothetical and projective scenarios in the evaluation of violence and the perception of inequality are a relevant tool in the investigation of VRI, and have revealed that situations of conflict associated with perceived trasngression of traditional gender roles call into question the value and are associated with an experience of internal shame and with a greater probability of using abusive strategies. It was also verified that the greater the perceived threat of selfworth, the internal shame and the attribution of transgression to traditional gender roles, the greater the likelihood of recourse to violent behavior. Thus, the present study may contribute to clarify the dynamics through which patriarchy and gender inequality, expressed in the socialization of traditional gender roles, can explain the phenomenon of VRI. Hence relevant implications for broadening intervention on the phenomenon.

Descrição

Orientação: Joana Maria Barreto Ramos de Almeida Cabral

Palavras-chave

MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA E DA SAÚDE, PSICOLOGIA, PSICOLOGIA CLÍNICA, ESTEREÓTIPOS, GÉNERO, VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE, PSYCHOLOGY, CLINICAL PSYCHOLOGY, STEREOTYPES, GENDER, INTIMATE PARTNER VIOLENCE

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