Mestrado Transdisciplinar de Sexologia
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Item Disfunção erétil como ameaça à masculinidade(2014) Francisco, Jorge Manuel Teixeira; Marques, António Manuel, orient.O pénis e o seu desempenho têm-se mantido, ao longo dos tempos, enquanto símbolos de potência, poder, masculinidade e fertilidade, sendo, por isso, essenciais à manutenção duma identidade pessoal positiva. A disfunção erétil representa e é vivida, tendencialmente, como ameaça à masculinidade, com efeitos aos níveis psicológico e social. Este estudo, de âmbito exploratório, pretende contribuir para o aprofundamento do conhecimento acerca da disfunção erétil, valorizando os modos como esta é vivenciada pelos homens e interfere com o seu bem-estar e qualidade de vida e como estes se relacionam com os profissionais que lhes podem prestar ajuda. Entrevistámos 7 homens com idades entre os 19 e os 62 anos e com experiências de disfunção eréctil, tendo submetido o corpus textual a uma análise temática qualitativa. A análise das vivências da disfunção erétil descritas pelos participantes elucida o seu impacto, em termos psicoafetivos, relacionais e simbólicos, e a intersecção de fatores orgânicos, psicossociais e socioculturais. Concluímos que a ocorrência de disfunção erétil mobiliza significados associados à masculinidade hegemónica, pela forte ligação entre o desempenho sexual e a definição dessa masculinidade estereotípica. Esses resultados suscitam a reflexão na prática da sexologia e apelam à continuidade da investigação.Item O chocolate e a resposta sexual da mulher(2014) Piçarra, Ana Cristina do Espirito Santo; Pereira, Nuno Monteiro, orient.Tem sido considerada a existência de uma correlação positiva entre a ingestão de chocolate e a resposta sexual da mulher. Porém, os estudos até agora realizados são dispersos e pouco conclusivos. Neste trabalho exploratório é utilizada uma metodologia experimental em que são comparados vários parâmetros da resposta sexual feminina, considerando três situações controladas: [a] resposta sexual sem consumo de chocolate, [b] resposta sexual com consumo de chocolate imediatamente antes do início da relação sexual e [c] resposta sexual com consumo de chocolate uma hora antes da relação sexual. O tipo e a quantidade de chocolate consumido foram padronizados. A escolha das participantes no estudo obedeceu também a um conjunto de critérios de seleção. É de realçar que o presente trabalho deve ser considerado exploratório, dados os enviesamento da amostra, bem como o seu efectivo reduzido. Contudo, os resultados fornecem alguns indícios interessantes, a explorar futuramente neste tipo de investigação. Assim, sugere-se um efeito significativo do consumo de chocolate na resposta sexual da mulher, em particular quando metabolizado [consumido uma hora antes], nos seguintes parâmetros: [1] lubrificação vaginal antes da relação sexual, [2] excitação global antes e durante a relação sexual, [3] desejo, [4] sensibilidade, [5] duração da relação sexual, [6] intensidade da relação sexual e [7] vontade de repetir. Sugere-se que os princípios biologicamente ativos presentes no chocolate influenciem a resposta sexual. Coloca-se a hipótese de que, provavelmente, estas diferenças possam ser influenciadas principalmente pela PEA presente no chocolate, uma vez que esta parece justificar o aumento da maioria dos parâmetros, embora a cafeína e as N-aciletanolaminas também possam ter um papel nestes aumentos. A ‘vontade de repetir’ e a ‘intensidade da relação’ também poderão ter sido influenciadas por um aumento dos níveis de oxitocina induzidos pela PEA e/ou pelas N- aciletanolaminas. A neurotransmissão oxitocinérgica aumenta fortemente durante o orgasmo e parece estar relacionada com a ligação afetiva e com a intimidade em relação ao parceiro, o que pode funcionar como uma das principais recompensas da relação sexual e, portanto, como um reforço positivo para além de poder levar a que as mulheres interpretem a relação como mais intensa, mais prazerosa. Em relação à ´vontade de repetir’, o aumento significativo na condição ‘chocolate 1h antes’ poderia resultar do aumento da atividade dopaminérgica no corpo estriado e no núcleo accumbens, importante nos fenómenos de reforço e recompensa, e que parece ser uma das principais ações da PEA ao nível do sistema nervoso. Por outro lado, a maior atividade no núcleo accumbens durante o orgasmo poderia sofrer um aumento por ação da PEA presente no chocolate provocando orgasmos mais intensos na condição ‘chocolate 1h antes’, aumentando assim o valor compensatório do orgasmo e, portanto, a vontade de repetir.Item Comportamento sexual, atitudes face à sexualidade e ao uso do preservativo dos jovens universitários(2015) Timóteo, Adriana Bonfim dos Santos; Faria, Miguel Nuno Pereira Silva, orient.Neste trabalho, pretendemos investigar os conhecimentos, comportamentos e atitudes face à sexualidade e uso do preservativo dos estudantes universitários. Participaram no estudo 145 indivíduos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 41 anos distribuídos de forma equivalente entre os dois sexos, sendo 67 do sexo masculino e 78 do sexo feminino, com uma média de idade de 23.33 anos (DP=3.72), na Universidade Lusófona de Ciências e Humanidades, situado no Campo Grande em Lisboa. Para o inquérito foi construído um protocolo formado por três instrumentos, um questionário sociodemográfico e da Historia Sexual, Escala Multidimensional de Atitudes em Relação à Utilização do Preservativo e a Escala de Atitudes Sexuais. Os resultados indicaram diferenças estatisticamente significativas entre os sexos relativamente ao prazer sexual associado ao uso do preservativo, assim como ao embaraço na compra e na negociação. Já os homens evidenciam uma atitude mais negativa na fiabilidade, eficácia e prazer sexual atribuído ao preservativo, enquanto as mulheres consideram que pode-se tirar partido da utilização do preservativo.Item Body dissatisfaction and sexual distress: testing a mediation model with pregnant and non-pregnant partnered women(2017) Coelho, Soraia de Jesus Rosa; Pascoal, Patrícia, orient.manidades e Tecnologias – Escola de Psicologia e Ciências da Vida 5 Resumo Introdução: A gravidez é caracterizada por mudanças físicas, hormonais e psicológicas que podem afetar a sua sexualidade daquelas que estão em um relacionamento diádico, afetando a relação sexual do casal. Objetivo: Comparar uma amostra de mulheres grávidas e não grávidas e estabelecer se as mulheres grávidas apresentam níveis mais baixos, iguais ou superiores de insatisfação corporal, distração cognitiva durante a atividade sexual e distress sexual sobre a função sexual em comparação com mulheres não gravidas e testar um modelo explicativo moderado de mediação do impacto da insatisfação corporal em sofrimento sexual, usando a gravidez como moderador. Métodos: O presente estudo teve a participação de 44 mulheres não grávidas e 43 mulheres grávidas da população geral portuguesa (n = 87), com idade compreendidas entre os 25 e 40 anos que se autoidentificam como heterossexuais e estão envolvidas em uma díada exclusiva e comprometida, e que completaram uma pesquisa on-line. Principais medidas de estudo: as mulheres completaram a medida geral validada da insatisfação corporal (Escala Global de Insatisfação Corporal), distress sexual (procedimento retirado da Pesquisa Nacional de Atitudes Sexuais e Estilo de Vida), distração cognitiva baseada na aparência do corpo durante a atividade sexual (Escala de Distração de Aparência Corporal). Resultados: Distração cognitiva com a aparência do corpo intervém na associação entre insatisfação com o corpo e dificuldades sexuais. Além disso, o efeito da insatisfação corporal sobre o distress sexual, na presença da variável mediadora, foi reduzido a não significância, revelando assim um efeito de mediação completo da distração cognitiva com base na aparência do corpo na associação entre insatisfação corporal e angústia sexual. Conclusão: Este estudo avança nossa compreensão da sexualidade durante a gravidez, avaliando o distress sexual. Como tal, os dados fornecem uma imagem mais precisa sobre o distress sexual que as mulheres experienciam durante a gravidez em relação à insatisfação corporal.Item Perceção e preocupações dos encarregados de educação acerca da sexualidade de jovens com e sem perturbações neurodesenvolvimentais : estudo comparativo(2017) Quartilho, Fanny Laure Guimarães; Pascoal, Patrícia, orient.Jovens com perturbação neurodesenvolvimental expressam desejos e esperanças de conjugalidade, de maternidade/paternidade e de uma vida sexual. Porém, a sua experiência e conhecimento nesta área podem ser limitados e, por conseguinte, podem apresentar comportamentos sexuais suscetíveis de serem considerados inaceitáveis pela nossa sociedade. Encarregados de educação podem ser, direta e/ou indiretamente, responsáveis por estas limitações, por causa das preocupações ou dos preconceitos resultantes da falta de informação e/ou comunicação. Este estudo prendese com a necessidade de avaliar a perceção que estes têm sobre a sexualidade do seu educando com ou sem perturbação neurodesenvolvimental (CPN vs SPN), avaliando domínios como o comportamento sexual, a educação sexual, os conhecimentos sobre a privacidade e o comportamento social dos seus educandos, bem como as preocupações que estes educadores podem ter em relação a este tema. Para tal, aplicamos, via online, uma escala - Escala do Comportamento Sexual – a 64 encarregados de educação de nacionalidade portuguesa, 47 com educandos SNP e 17 com educandos CPN. Estes jovens possuem idades que variam entre os 10 e os 18 anos. O presente estudo conclui que em comparação aos pais de jovens SPN, os pais de jovens CPN apresentam mais preocupações com a sexualidade dos seus educandos, evidenciam maior ansiedade e mais comportamentos de superproteção. Acham que os seus filhos denotam menores níveis de educação sexual e de conhecimentos relacionados com a privacidade.Item Disfunção sexual masculina após transplantação renal : influência do tempo pós-transplantação renal e do impacto da imagem corporal na satisfação sexual pós-transplantação(2017) Mota, Renato Miguel Lains dos Santos; Cardoso, Jorge Manuel dos Santos, orient.Estima-se que 10% da população mundial sofra de insuficiência renal crónica (IRC). Esta altera a qualidade de vida e a sobrevida dos doentes, sobretudo no período terminal da doença pela necessidade de utilização de uma técnica de substituição da função renal. A transplantação renal é a terapêutica que oferece uma qualidade de vida que mais se aproxima da dos indivíduos sem IRC terminal. A sexualidade é uma componente significativa da qualidade de vida global (QoL) e da qualidade de vida associada à saúde (HRQoL), sendo no doente transplantado renal influenciada por diversos factores biopsicossociais. A disfunção sexual é muito prevalente no transplantado renal, apresentando uma etiologia multifactorial e exercendo um impacto negativo sobre a satisfação sexual e sobre a QoL e a HRQoL. Nos transplantados, a integração de um novo órgão no organismo implica um reajustamento da imagem corporal, com a probabilidade de desencadear efeitos psicológicos negativos, bem como repercussões na intimidade e na resposta sexual. Este estudo teve como objectivo avaliar a função sexual masculina, a satisfação sexual e a satisfação com a imagem corporal após transplantação, numa amostra de conveniência obtida na Unidade de Transplantação Renal do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Foi realizado um estudo transversal unicêntrico com recurso aos seguintes instrumentos: International Index of Erectile Satisfaction, New Scale of Sexual Satisfaction, Brief Symtom Inventory e Body Image Scale. A taxa de resposta foi de 27.2% diagnosticando-se disfunção eréctil em 66.1% da amostra. Identificou-se a presença de pelo menos um factor de risco para doença cardiovascular em 97.3% dos inquiridos e de 3 ou mais factores em 27.7%. Encontrou-se uma correlação entre o funcionamento sexual e a satisfação sexual (r=.598; p<.01; n =112) e entre satisfação com a imagem corporal e a função sexual (r =-.193; p<.05; n =112). O tempo decorrido após a transplantação (36meses) não evidenciou diferença na função sexual e na satisfação sexual ainda que a idade, o consumo de psicofármacos, a imagem corporal e a existência de parceira/o sexual tenham moderado a variância entre esses grupos de transplantados. Estes resultados apontam para uma elevada taxa de disfunção sexual, nomeadamente de disfunção eréctil, face à prevalência conhecida para a população geral. Verificou-se uma relação entre a função sexual e a satisfação sexual. A imagem corporal mais satisfatória associou-se a um melhor funcionamento sexual mas não a maior satisfação sexual reflectindo provavelmente os mecanismos de ajustamento que a satisfação sexual tende a manter ao longo da vida de um indivíduo. Permanece por determinar de modo longitudinal o efeito da transplantação renal sobre a sexualidade e a imagem corporal.Item Disfunção sexual feminina na diabetes mellitus tipo 2(2017) Marques, Nicole Santos; Cardoso, Jorge Manuel dos Santos, orient.A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica crónica de elevada prevalência, afetando 422 milhões de indivíduos em todo o mundo. Em Portugal, a prevalência estimada é de 13,6%, sendo a Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) responsável por 90% dos casos. Nas mulheres com DM, a prevalência da disfunção sexual feminina (DSF) varia entre 25-71% mas a génese da doença é ainda mal compreendida. Apesar dos trabalhos existentes sugerirem que as repercussões da doença na saúde sexual diferem consoante o tipo de DM, os estudos que avaliam o funcionamento e a satisfação sexual feminina na DM2 são em pequena quantidade, apresentam metodologias díspares e resultados contraditórios. Este trabalho visa determinar a prevalência de DSF nas utentes com DM2 de um centro de saúde da região de Lisboa, avaliar o impacto da DM2 nos vários domínios da sexualidade e analisar a influência de características biopsicossociais no funcionamento e satisfação sexual. Trata-se de um estudo transversal realizado num único centro clínico. Amostra de conveniência, constituída por 285 mulheres com idades entre os 45 e os 70 anos, 112 com o diagnóstico de DM2 e 173 sem DM. Utilizou-se os seguintes instrumentos de auto-preenchimento: questionário clínico, Índice de Funcionamento Sexual Feminino (IFSF), Nova Escala de Satisfação Sexual (NSSS) e Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI). A taxa de resposta foi de 42,7%. A prevalência de DSF na amostra foi de 55,7%, sendo de 70,9% nas mulheres com DM2 e de 46,5% nas mulheres sem DM. Os preditores do funcionamento sexual na amostra estudada foram a idade, a autopercepção do estado de saúde, a presença de perturbação emocional e a terapêutica com psicofármacos e antidiabéticos orais. Os preditores da satisfação sexual foram o IFSF, a autopercepção do estado de saúde e a presença de dislipidemia. A DM2 associou-se a pontuações significativamente mais baixas no IFSF, nos domínios do desejo, excitação, orgasmo, lubrificação, satisfação e dor e também na NSSS. Nas mulheres com DM2 verificou-se uma relação significativa negativa da idade com o domínio do desejo e excitação. A duração da doença, o nível de controlo metabólico e a presença de complicações da doença não teve impacto na função sexual. Persiste a necessidade de realizar investigação orientada para a multiplicidade de factores implicados na DSF na DM2.Item Sexualidade num Portugal multicultural : estudo transcultural entre portugueses e imigrantes(2018) Barroso, Ana Martins; Pascoal, Patrícia, orient.Apesar do multiculturalismo de Portugal, poucos estudos foram realizados para entender se há diferenças relativamente à saúde sexual e reprodutiva entre os portugueses e os imigrantes. Através deste trabalho pretendemos explorar se há diferenças relativamente a certos indicadores de saúde sexual e reprodutiva entre portugueses e imigrantes residentes em Portugal. Trata-se de um estudo exploratório, transversal, descritivo, quantitativo, onde, através de uma amostragem não probabilística, reunimos 935 participantes (50.5% homens e 49.5% mulheres), entre os 18 e 72 anos, vivendo em Portugal. Utilizámos um questionário para recolher dados sociodemográficos e informação sobre indicadores de saúde sexual e reprodutiva. Os resultados demonstraram que existem algumas diferenças estatisticamente significativas entre os participantes de diferentes países no que diz respeito ao uso do preservativo, frequência de masturbação, história de dor durante a penetração vaginal, falta de desejo sexual, ejaculação atrasada ou ausência de ejaculação e prática de mutilação genital feminina ou de circuncisão. Devido às diferenças encontradas, defendemos um aumento do conhecimento cultural relativamente à sexualidade por parte dos profissionais de saúde bem como uma adaptação cultural dos programas de promoção da saúde sexual. Devem ser realizados estudos qualitativos para entender melhor as representações e comportamentos relacionados à saúde sexual de cada país.Item Sexualidade em adultos com paralisia cerebral(2019) Gomes, Maria Margarida Costa Ribeiro; Pascoal, Patrícia, orient.Dada a escassez de estudos sobre a sexualidade em pessoas com paralisia cerebral, este estudo pretende, com recurso a uma amostra de adultos (N = 19): (1) explorar as perceções, necessidades e os conhecimentos associados à sexualidade; (2) identificar os fatores associados à satisfação na vida afetivo/relacional e sexual de adultos com paralisia cerebral. Foi conduzido um estudo qualitativo transversal e exploratório. A amostra foi recolhida através de um pedido de colaboração com associações que apoiam pessoas com paralisia cerebral (e.g., Associação de Paralisia Cerebral, em Lisboa, Associação Centro de Vida Independente, Associação Mithós e Associação Salvador). Como critérios de inclusão na amostra foram estabelecidos: (1) compreender e escrever em português; (2) viver em Portugal; (3) ter mais de 18 anos; (4) ter um diagnóstico de paralisia cerebral, sem alterações cognitivas; (5) responder de forma individual, i.e., sem a presença de outras pessoas. Os participantes responderam a um questionário on-line, numa plataforma de opensource, com cinco perguntas abertas focadas nas perceções e necessidades relativas à sexualidade. Os dados foram analisados através da Análise Temática que conduziu à identificação de diversas propriedades do construto “prazer sexual” permitindo a identificação das significações que lhes estão associadas funções, contextos, processos e fontes.Item Defining polyamory: a thematic analysis of lay people’s definitions(2019) Maiochi, Francisco Hertel; Pascoal, Patrícia, orient.Este estudo visa analisar definições do público geral para o Poliamor, e comparar as definições apresentadas entre pessoas em relacionamentos monogâmicos (MR) e pessoas em relacionamentos consensuais não-monogâmicos (CNMR), e também entre pessoas heterossexuais e não heterossexuais. Para a realização deste estudo qualitativo e exploratório dados foram coletados através de inquérito online com uma amostra de conveniência, onde foi perguntado “O que significa Poliamor?”. Conduzimos uma análise temática de forma a encontrar padrões de significados e utilizamos os dados demográficos coletados para realizar as comparações entre os grupos. A amostra final foi composta de 463 participantes, entre 18 e 66 anos de idade (M=32.19, SD = 10.01), maioritariamente mulheres (61%) e heterossexuais (60,5%). A maioria dos respondentes se encontravam em relacionamentos monogâmicos (54,2%), seguidos pelos em nenhum relacionamento (21%), e pelos em relações não-monogâmicas (13,2%). A análise demonstra que as pessoas têm uma variedade ampla de definições para o Poliamor, e que a maior parte das pessoas tem um entendimento relativo do termo. Pessoas em CNMR valorizaram sentimentos positivos na relação, e expressaram temas de compromisso, consentimento informado e coabitação, enquanto estes temas foram menos presentes nas respostas de pessoas em MR. Os resultados foram discutidos em relação ao estigma e a desumanização.Item BDSM/fetichismo e relações amorosas(2019) Quaresma, Ana Rita Marujo; Pascoal, Patrícia, orient.As práticas BDSM e Fetichistas têm vindo a ser encaradas cientificamente como uma variante da sexualidade humana. No presente trabalho, pretendemos analisar as significações e experiências acerca das práticas BDSM/Fetichistas e sua inter-relação com os relacionamentos amorosos. Uma amostra de conveniência de 87 pessoas, com idade igual ou superior a 18 anos, praticantes ou interessadas em BDSM/Fetichismo, completaram um questionário online, criado com recurso à participação de membros da comunidade, contendo perguntas de âmbito sociodemográfico e questões abertas para análise temática. As pessoas desta amostra têm uma média de idades de 33,02 anos (DP= 9,63), e a maioria reportou frequência universitária, habitando nas zonas de Lisboa, Porto e Setúbal. Os resultados demonstram expectativas múltiplas sobre como interagir sexualmente com o/a(s) parceiro/a(s). Estas expetativas são complexas e podem levar ao término da relação amorosa por sentimentos de frustração alicerçados no estigma. O estudo demostra a importância desta dimensão da sexualidade para o bem-estar dos indivíduos com práticas ou interesse em BDSM/Fetichismo e como as diferentes dinâmicas relacionais permitem lidar com a incompatibilidade de interesses. A falta de representações sociais positivas aparenta potenciar o estigma sobre praticantes de BDSM/Fetichistas. Estudos futuros com praticantes e não praticantes de poderão ajudar a esclarecer como se representam e negoceiam a monogamia e o amor romântico na presença de interesses divergentes.Item The blame game : exploring portuguese gamers’ perceptions and experiences regarding sexism in video games(2021) Valente, Verónica; Beato, Ana, orient.Com o aumento do número de mulheres na comunidade de vídeo-gamers maior tem sido o foco dado à hostilidade entre jogadores, salientando-se uma consciência acerca do sexismo no mundo dos videojogos. Deste modo, o principal objetivo deste estudo consistiu em analisar as perceções que os gamers têm em relação a estereótipos de género e sexismo quer nos conteúdos quer na comunidade gamer. Para explorar estes tópicos, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e individuais. A amostra foi composta de 30 entrevistas (16 homens) de participantes entre os 18 a 42 anos de idade. A análise temática das transcrições sugeriu três temas principais: impacto dos videojogos, sexismo nos videojogos, e sexismo entre gamers. Em relação ao impacto dos videojogos na vida dos gamers, o impacto negativo triunfou devido à influência negativa nas relações dos gamers. Em relação aos conteúdos dos videojogos, a objectificação sexual feminina foi destacada pelos participantes, enquanto que o sexismo benevolente por parte dos gamers do género masculino sobressaíram nos discursos. Estes temas foram discutidos a partir da literatura relevante, apresentando-se explicações para os resultados e recomendações para trabalhos futuros.Item Vitimização sexual : o papel dos traços do espectro do autismo e das crenças sobre o consentimento sexual e sobre a violência sexual(2022) Hardisty, Sandra Cláudia Veiga de Araújo; Beato, Ana Filipa Gordino, orient.Vários estudos se têm dedicado à compreensão das experiências de vitimização sexual. Para além de fatores de risco, como pertencer ao género feminino, outros têm sido explorados, tal como o papel das crenças sobre a violência. Uma dos temas mais recentemente estudados está relacionado com o risco acrescido de pessoas com condições neuropsicológicas têm de ser vitimas desta forma de violência, tendo as pessoas com traços autísticos sido identificadas como uma população particularmente vulnerável. Porém, este é um tema ainda inexplorado no nosso país, necessitando de melhor compreensão, nomeadamente do papel das crenças sobre o consentimento sexual na explicação do fenómeno da vitimização sexual. O presente estudo transversal, descritivo e correlacional teve como principais objetivos: caraterizar as experiências de vitimização em função de variáveis sóciodemográficas relevantes e da presença de traços de autismo; e explorar o papel das variáveis sociodemográficas, das crenças sobre o consentimento sexual e sobre a violência sexual, e da dos traços de autismo na predição de experiÊncias de vitimização sexual. Participaram no estudo 420 participantes adultos da população geral entre os 19e os 74 anos, dos quais 287 eram mulheres e 131 homens. Os participantes preencheram um protocolo de investigação recolhido via online constituído por um questionário geral, pela Escala do Consentimento Sexual – Revista (Humphreys & Brousseau, 2010), Escala de Experiências Sexuais – Subescala de vitimização (Koss et al., 2006), Escala de Crenças sobre Violência Sexual (ECVS) (Martins et al., 2012) e Coeficiente de Espectro Autista (Allison et al., 2012) – versão resumida. Os resultados demonstraram que as experiências e vitimização variam em função da idade e da orientação sexual. Existem diferenças entre vitimas e não vitimas em relação aos níveis de autismo, com as vitimas a revelarem mais caracteristicas autênticas do que as não-vitimas, e em relação às crenças e maior consciência do consentimento sexual. De entre todas as variáveis preditoras utilizadas neste estudo, que foram exploradas conjuntamente, a única que teve um papel significativo na vitimizaçao sexual foi a presença de traços autisticos. Deste modo, os nossos resultados salientam a importância de adequar a educação sexual às necessidades características especificas desta população e salienta a importância das estratégias de medidas de prevenção e de intervenção na área da violência sexual incluírem pessoas com orientações sexuais diversas e com perturbações do neuro desenvolvimento.Item Commitment, sexual satisfaction and relational satisfaction during military deployment : a comparative study(2022) Esteves, Higino Fernando Neves; Beato, Ana Filipa Gordino, orient.Current literature studding Long Distance Relationship (LDR) originated by military deployment is mainly focused on at home partner’s perspective and the associations between geographical separation and relational satisfaction. Little is known about the role that commitment and sexual satisfaction play in the relationship and the perspective of the deployed military members in comparison with those living a relationship based on a daily contact with their partners. Objective: The main purpose of this cross-sectional and comparative study was to compare diverse relational variables, such as commitment, relational satisfaction and sexual satisfaction between Portuguese military members in military deployment, i.e., experiencing a Long Distance Relationship (LDR) and those who maintained a Geographically Close Relationship (GCR). Design and Method: Participants in Long Distance Relationships (n=172) were Portuguese military members deployed in Afghanistan (n=72), Central-African Republic (n=86) and São Tomé and Príncipe (n=15). The ones that were in a GCR (n=256) were also Portuguese military members, but on normal duty in different Military Units and Bases in the Portuguese Territory. All voluntary participants were in a romantic relationship and completed an online survey, that included the Investment Model Scale (Rodrigues & Lopes, 2013), the New Sexual Satisfaction Scale (Pechorro et al., 2014) and items assessing Communication satisfaction, previously used in exploratory studies with Portuguese military members and their partners. LDR and GCR data was collected simultaneously, three months after deployment. Bivariate correlations were used to analyze the associations between variables, independent samples T-test was applied to compare the samples according the variables of interest, and simple and sequential mediations were performed to check for the predicted models. Results: The findings suggest that the military members in LDR had significantly higher levels of commitment, relational and sexual satisfaction than those in GCR. No differences were found in the degree of relational investment. Additionally, communicational satisfaction and relational satisfaction were identified as significant indirect mediators of the relationship between the group (LDR vs GCR) and commitment and the group (LDR vs GCR) and sexual satisfaction. Conclusions: Overall, the results are in line with previous research that evidenced an increased overall satisfaction with various relational factors when partners are living a Long Distance Relationship.Item Empowering care : navigating the role of portuguese family doctors in sexual medicine(2024) Rodrigues, Ana Margarida Mendes Guilherme; Escola de Psicologia e Ciências da VidaA saúde sexual (SS) é fundamental à qualidade de vida, sendo foco da intervenção da Medicina Sexual (MS). Dentro do Serviço Nacional de Saúde, os Médicos de Família (MF) garantem cuidados abrangentes numa ação biopsicossocial. O objetivo deste estudo exploratório foi investigar perceções dos MF acerca do seu papel na MS e como otimizá-lo. Utilizou-se um design qualitativo on-line transversal, recolhendo-se uma amostra de 73 MF. Analisaram-se os dados através de análise sumativa de conteúdos. Estabeleceram-se três categorias sobre como os MF percecionam o seu papel na MS: “Protagonista”, “Antagonista” e “Circunstancial”. Identificaram-se duas categorias sobre como este poderia ser otimizado: “Legitimar a Saúde Sexual” e “Aumentar o Desenvolvimento Profissional”. Os MF reconhecem-se como gestores institucionais e cuidadores abrangentes, recorrendo a tarefas familiares para exercer num contexto condicionado. Melhorar o seu papel significaria investir em formação, expedir recursos, criar diretrizes detalhadas e sensibilizar profissionais e utentes para lá da perspetiva biomédica. Os resultados salientam a necessidade de ação institucional para reforçar o papel crucial dos MF na MS, garantindo uma utilização eficaz dos recursos e uma resposta holística e consistente em SS, melhorando o cuidado geral aos utentes e sinalizando a SS como uma prioridade nos cuidados de saúde primários.