Revista Lusófona de Educação n.º 59 (2023)
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Percorrer Revista Lusófona de Educação n.º 59 (2023) por assunto "EDUCAÇÃO"
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Item Discurso e silêncio na (re)organização da Educação Infantil Municipal em Ribeirão Preto(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Carvalho, Beatriz Borges de; Pacífico, Maria Romano; Paula, Thaís Silva Marinheiro de; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEste artigo analisa discursos sobre a reorganização escolar, na etapa da Educação Infantil, realizada pela Secretaria Municipal de Educação (SME) do município brasileiro de Ribeirão Preto, no início de 2022. A investigação realizada apoiou-se no quadro teórico-metodológico de análise do discurso construído pelo investigador francês Michel Pêcheux, no final da década de 1960, teoria que, no Brasil, foi utilizada, em particular, nos trabalhos de Eni Orlandi. Nesta abordagem discursiva a língua é marcada pela história e pela ideologia, ou seja, embora a língua seja a mesma para todos, não é utilizada da mesma maneira, já que o lugar social que cada locutor ocupa interfere na produção de sentidos. O discurso é efeito de sentidos que são construídos pelos interlocutores de acordo com certas condições de produção, entendidas como as circunstâncias de um discurso, a relação dos interlocutores na luta de classes e o contexto social e histórico. A partir deste quadro teórico e conceptual, analisámos os discursos produzidos pela SME, pelo Ministério Público e por meios de comunicação social, com o objetivo de compreender como a reorganização escolar da Educação Infantil foi construída no discurso de diferentes sujeitos. Os resultados dessa análise indicam que o sujeito-professor foi silenciado pela SME e que o sujeito-criança não é concebido como um sujeito-aluno que deve ter garantido o direito a uma educação pública de qualidade.Item O discurso europeu na governação local da educação em Portugal(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Grifo, Ana; Marques, João Lourenço; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA par com outras instituições internacionais, a União Europeia (UE) difunde um discurso educativo que privilegia uma abordagem economicista, especialmente desde a Estratégia de Lisboa. Não dispondo de poder legislativo nesta matéria, instrumentos como a Estratégia Educação e Formação e a Política de Coesão permitem à UE promover um alinhamento dos Estados. Em contexto de governação multinível e de descentralização de competências, importa interrogar de que modo os municípios recebem e incorporam as orientações e o discurso europeu. Neste estudo foi realizada uma análise de conteúdo dos instrumentos de política educativa local de 10 municípios portugueses. Os resultados evidenciam uma europeização algo tímida, na medida em que, por um lado, o discurso de autoridade nacional permanece dominante e, por outro lado, as entidades locais traçam um caminho que atende a necessidades territoriais além da economia. A monitorização aparenta constituir o prolongamento mais evidente das orientações procedimentais europeias, ainda que nem sempre concretizada em indicadores objetivos. A educação instrumentalizada a favor do emprego e da competitividade económica permeia parte do discurso, mas é equilibrada por uma ênfase mais forte nas matérias de inclusão e cidadania. Ademais, a proximidade da governação local permite que o trabalho em rede e o envolvimento da comunidade constituam traços marcantes na estratégia, ainda que secundarizados no discurso europeu.Item Discursos (de partidos) políticos : construção de sentidos para a educação(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Cruz, João Moisés; Costa, Alexandra Sá; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEste artigo analisa os discursos políticos sobre educação produzidos pelos partidos políticos portugueses com assento parlamentar na Assembleia da República durante a primeira sessão legislativa da XIV legislatura (2019-2023). Pretendemos, com essa análise, compreender e discutir os sentidos atribuídos à educação pelos diferentes partidos, contribuindo para o estudo da construção discursiva do campo político da educação. Recorrendo à Análise de Discurso como método de análise, mais concretamente à Teoria do Discurso de Laclau e Mouffe, e partindo de uma perspetiva da política como campo de contingência e de mudança social, analisam-se os discursos com recurso a um dispositivo de análise que integra os conceitos de ponto nodal, articulação e momento. Discute-se a forma como os discursos político-partidários se constituem como discursos de autoridade, através da utilização de uma linguagem que promove o bem comum e universal e que procura revestir esses discursos de um carácter de indiscutibilidade. A luta discursiva dos partidos para fixar os sentidos de educação, evidenciada pela análise, permitiu discutir diferentes propostas de mudança social, bem como o carácter de autoridade desses discursos. As conclusões refletem a construção do sentido político para a educação realizada por cada um dos partidos.Item Dos folhetos de cordel à literatura infantil(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Freitas, Anabela; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoDesde a invenção da imprensa de carateres móveis que os livros apresentam ornamentos, imitando, embora modestamente, as iluminuras dos livros manuscritos medievais. Alguns até apresentam várias ilustrações, como a Crónica do imperador Vespasiano. Tal facto não é de espantar, já que a descoberta da xilogravura e da calcogravura precedeu a da tipografia. Do mesmo modo, a ilustração acompanha, desde muito cedo, as obras para crianças, porquanto já nos Dialogos de preceitos moráes cõ prática delles, em módo de iogo de João de Barros (1540) se ensinavam as virtudes às crianças através de ilustrações. Também a literatura popular, vulgo folhetos de cordel, recorreu à utilização de gravuras. Na verdade, muitas das histórias desses folhetos, umas ligadas ao ciclo bretão ou carolíngio, outras à Legenda Aurea, à sátira ou às Relações dos naufrágios das naus da Índia (cujo sucesso se terá prolongado na Nau Catrineta), aos contos tradicionais, circularam depois sob a forma de letras de fados ou como folhetos lidos pelo povo e pelas crianças. Este tipo de literatura subsistiu entre nós até, pelo menos, aos anos 90 do século XX, sob a forma de livros para crianças. Eram edições tão despojadas que, curiosamente, mais parecem herdeiras destes folhetos, como é o caso de A donzela Teodora, A Princesa Magalona, João de Calais..., do que precursoras dos bem cuidados, bem ilustrados livros da atual Literatura Infantil.Item Dos “ecos do estrangeiro” à internacionalização da educação : dinâmicas comparativas em Portugal (séculos XVIII – XX)(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Madeira, Ana Isabel; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNeste artigo proponho uma reflexão sobre o modo como as questões educativas foram pensadas em Portugal recorrendo a comparações a partir de exemplos com origem em contextos internacionais, entre finais do século XVIII e meados do século XX. O texto defende que a consagração da educação comparada como campo de investigação (e intervenção) é em si mesmo o resultado de um projecto cultural translocal assente numa forma política específica, o Estado-nação, e num modelo de incorporação educativa universal, a escola de massas. A discussão desenvolve-se a quatro tempos. No primeiro tempo discutem-se os ecos do estrangeiro durante o Iluminismo português (sécs. XVIII e XIX); num segundo tempo são os relatos de viagem e as missões ao estrangeiro que nos sinalizam as sociedades de referência para a construção do sistema educativo nacional (finais do séc. XIX – anos 30); num terceiro momento, a internacionalização da questão educativa nas colónias portuguesas aborda a questão das redes de regulação supra-nacionais das políticas imperiais; finalmente (1950-1974), identificam-se momentos de viragem na política educativa no sentido da sua integração em organismos que comparam o desempenho educativo ao nível supra-nacional, reforçando a centralidade politico-económica da educação.Item La formule «former l’esprit critique» : signes et figures de l’autorité dans les discours institutionnels(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Mahmoudi, Kaltoum; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEste artigo baseia-se numa investigação de doutoramento sobre a utilização do termo “formação do pensamento crítico” (Eduscol, 2016) nos discursos institucionais no contexto francês e visa examinar as formas de construção da autoridade nesses discursos. De que forma a utilização da fórmula, como objecto de discurso, contribui para construir e forjar a legitimidade do discurso institucional? Uma análise qualitativa de um corpus de mais de trezentos textos institucionais revela as estratégias retóricas e discursivas dos locutores que participam na construção deste ethos de autoridade. Após definir o objecto do “discurso institucional” e especificar a metodologia de análise do corpus, serão destacados os sinais inscritos na materialidade dos textos institucionais, bem como, as manifestações de autoridade que emanam do uso da fórmula. Esta autoridade baseia-se também na função do locutor, a pessoa que fala em nome da instituição e que, como tal, encarna a sua autoridade e legitimidade. Palavras-chave: pensamento crítico; discurso institucional; autoridade; legitimidade; fórmula.Item La transposition du paradigme PISA en France : des formes d’autorité épistémique à l’ombre de l’État républicain(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Normand, Romuald; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA avaliação PISA pode ser considerada como um paradigma promovido pela OCDE que dá origem a múltiplas traduções e transferências políticas em contextos nacionais. O artigo explora os conjuntos políticos e a governança epistémica que possibilitaram a receção do PISA no sistema educacional francês. Ele mostra que as formas de autoridade epistémica que transpõem o paradigma PISA não só transmitem os conhecimentos especializados que circulam na arena internacional, mas também mantêm um imaginário político e uma grande narrativa republicana. Primeiramente são apresentadas as áreas de interesse e associações políticas entre diferentes atores nacionais envolvidos na transferência e na hibridização desses conhecimentos construídos em torno do PISA. O artigo procura depois caracterizar alguns porta-vozes influentes na produção e na tradução desses conhecimentos numa agenda política reformista ao estilo francês. Palavras-chave: PISA; política; autoridade; ciência; expertise; redes; reformas; França.Item Primeiro mestrado em PBL na Universidade Eduardo Mondlane, Maputo- Moçambique: experiências e desafios(Edições Universitárias Lusófonas, 2023-05-26) Salvador, Elsa Maria; Fernandes, Natércia; Tivana, Lucas; Mendonça, Marta; Mandlate, Ernesto Vasco; Eduardo, Maria; Anjos, Filomena dos; Magaia, Telma; Raice, Rui; Pereira, Amina Saibo; Nipassa, Orlando; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO presente trabalho pretende descrever o processo de elaboração do primeiro currículo do Mestrado em Ciências de Nutrição no modelo de aprendizagem baseado em problemas (PBL) na Universidade Eduardo Mondlane. Argumenta-se que, embora seja complexo e exigente, a elaboração e implementação do currículo no modelo PBL, se afiguram necessárias e adequadas para minimizar problemas reais de alimentação e nutrição que afectam o quotidiano da população moçambicana. A elaboração do currículo teve a duração de dois anos e recorreu a métodos participativos que envolveram onze docentes de sete faculdades da Universidade Eduardo Mondlane, realização de consultas aos stakeholders, capacitação da comissão de desenvolvimento do currículo, participação em workshops, reuniões virtuais alargadas e encontros presenciais em pequenos grupos. Foram entrevistados 90 stakeholders de diferentes instituições, exercício que permitiu a definição do perfil profissional ideal para os mestres em ciências de nutrição no país. As reuniões virtuais, com facilitadores das Universidades de Maastricht e de Wageningen, ambas do Reino dos Países Baixos, resultaram na aquisição de conhecimento e habilidades necessários para o desenho do currículo e posterior implementação nos termos do modelo de aprendizagem baseado em problemas. As reuniões presenciais em pequenos grupos serviram para discussão e concertação de ideias que se afiguraram cruciais para os módulos que estavam a ser desenhados. Finalmente, os workshops permitiram um intenso trabalho que culminou com a elaboração integral do currículo e subsequente aprovação pelos órgãos colegiais da Universidade Eduardo Mondlane.Item Os professores cooperantes na formação inicial de futuros docentes(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Leite, Carlinda; Marinho, Paulo; Pereira, Fátima Sousa; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoReconhecendo ser importante que futuros educadores e professores, durante a formação inicial, vivenciem experiências profissionais, devidamente acompanhados, que prepararem para a profissão, o artigo dá conta de um estudo que traz ao debate perceções de professores cooperantes (PC) sobre o modelo de formação e condições que têm para realizar a função. Recorrendo a entrevistas semiestruturadas a PC que colaboram na formação de docentes de diferentes níveis de escolaridade, o estudo responde às perguntas de investigação: que perceções têm PC sobre as condições que a formação inicial oferece para a socialização com a profissão? que relações se estabelecem entre instituições de ensino superior (IES) e Escolas/PC? que perceções têm PC sobre a adequação do perfil que possuem para o exercício das funções que devem realizar? A análise de conteúdo das entrevistas permite tecer as seguintes considerações: o tempo de estágio é curto para a preparação profissional, embora a formação assegure uma boa preparação teórica; as relações de pertença às IES influenciam a aceitação do cargo, apesar de não usufruírem de condições para o exercer; em muitos casos, as IES não estabelecem relações fortes e articuladas com os PC; os PC consideram ter perfil adequado à função, seja adquirido por investimento pessoal, pela experiência da função ou pelas oportunidades de formação que as IES oferecem.Item Qualitative research methods : do digital tools open promising trends?(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Costa, António Pedro; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoA Investigação Qualitativa tem ganhado, nos últimos anos, maior reconhecimento científico, dado o aperfeiçoamento das metodologias mais adensadas e lastreadas em saberes de diferentes âmbitos do conhecimento. Um dos fatores que contribuíram para a melhoria da qualidade dos estudos qualitativos foi a incorporação de um conjunto de ferramentas, boa parte delas digitais. Embora estas ferramentas possam fornecer suporte e reduzir a subjetividade, elas devem estar alinhadas com os marcos teóricos-conceituais-metodológicos da investigação, eixos que lhe dão coerência e coesão. As competências do investigador são fundamentais para garantir a integridade e a ética do processo de construção da investigação, desde a formulação do projeto até à divulgação dos resultados. Neste contexto, no caso específico da análise de dados qualitativos, as ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA) podem ajudar os investigadores a identificar padrões e tendências através de um grande volume de dados, gerar visualizações e sínteses e até mesmo oferecer sugestões para outras questões ou áreas de investigação. Por outro lado, esta dimensão implica que o investigador desenvolva literacias digitais e multimodais. Neste ensaio, espera-se discutir os desafios a serem superados no desenvolvimento e uso de ferramentas acuradas. Palavras-chave: CAQDAS; inteligência artificial; métodos digitais.Item Recherche en éducation et discours institutionnels sur l’École : débats et approaches critiques : entretien avec Cédric Fluckiger, didacticien de l’informatique(Edições Universitárias Lusófonas, 2023) Bernardo, Luís Manuel; Bart, Daniel; Lopo, Teresa Teixeira; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento