Babilónia : Revista Lusófona de Línguas, Culturas e Tradução nº 12 (2012)
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Item Hospital-Colónia Rovisco Pais: um projeto de uma cidade ideal?(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Xavier, Sandra; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEste artigo decorre de um projeto de investigação intitulado “Hospital-Colónia Rovisco Pais: antropologia e história em contexto”, apoiado em 2005 pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. Procurarei interrogar a associação estabelecida pelo médico português Fernando Bissaya Barreto (1886-1974) entre o falanstério, concebido por Charles Fourier (1772-1837) nos anos 20 e 30 do século XIX, e as suas propostas de construção de um Hospital-Asilo-Colónia para “alienados” e, posteriormente, para doentes com lepra, atualmente designada por doença de Hansen ou hanseníase, por referência ao médico norueguês Armauer Hansen (1841-1912), que em 1872 identificou o Mycrobacterium Leprae. O propósito será averiguar as possíveis relações entre algumas utopias modernas de cidades ideais que, segundo Jane Jacobs em Morte e Vida das Grandes Cidades, influenciaram o que ela designa por princípios do urbanismo moderno ortodoxo, baseados no que os urbanistas gostariam que as cidades fossem e não no que elas são, e algumas estruturas de isolamento, nomeadamente colónias agrícolas, construídas para todos aqueles que representavam uma ameaça à utopia de uma sociedade perfeita.Item “O Porto é só uma maneira de me refugiar na tarde”(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Oliveira, António; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEugénio de Andrade viveu cinquenta e cinco anos na cidade do Porto e, como ser social, deambulou nos lugares exteriores desta cidade, descobrindo e fazendo descobrir, através dos seus escritos em prosa, a beleza irrecusável de uma cidade pitoresca e inscrita no tempo desde Fernão Lopes até aos escritores mais recentes. A partir desses lugares exteriores, e alimentado por uma experiência de vida e por uma visão artística, ele metamorfoseou os lugares exteriores em lugares íntimos a partir da magia que lhe outorga a palavra poética. Servindo-se da experiência do ser social, o ser criador desce, deste modo, às profundezas da alma e cria um espaço poético cheio de emoções anódinas que purgam as obsessões e as carências do ser social. Assim, e graças à criação poética, os nomes dos lugares do Porto deixam de ser topónimos para serem catalizadores de memórias e de referências. Os espaços geográficos do Porto passam a ser lugares de uma geografia imaginária que as impressões do ser criador suscitam. Depois de sublimar vários espaços da cidade, Eugénio acabou por criar o seu espaço poético no Passeio Alegre onde deixou a sua herança à única herdeira que é a cidade do PortoItem Uma cidade na literatura norte-americana: Nova Iorque em Paul Auster(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Azevedo, Carlos; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoTomando como ponto de partida a ‘ideia’ de América e a importância da Cidade Norte-Americana nas suas dimensões míticas e bíblicas, o presente ensaio analisa os labirintos da Nova Iorque pós-moderna na ficção de Paul Auster, com particular incidência em The New York Trilogy. Argumenta-se que os romances de Auster participam num jogo com o cânone literário norte-americano e com a dicotomia ‘realidade’(’história’) e ficção, abordando questões filosóficas (linguagem e identidade, o duplo) e concentrando-se em estratégias de representação. Argumenta-se que o destaque dado na trilogia de Auster ao elemento do acaso desempenha um papel importante na sua definição de ‘realismo’ e no sentido de deslocalização experimentado pelas suas personagens na megalópole americana. As consequências epistemológicas e ontológicas da subversão austeriana de certezas ‘tradicionais’, tais como a transparência da representação e as estruturas de causa e efeito, conduzem, em última análise, ao questionamento da possibilidade de ‘leitura’ da cidade pós-moderna (do mundo).Item O elemento revolucinário na cidade industrial de Hard Times: do utilitarismo ao valor do senso comum(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Lima, Joana; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoNa sequência da leitura que fazem da obra Hard Times, Edwin Percy Whipple e John Ruskin acusam Charles Dickens de não compreender a filosofia utilitarista e de revelar falta de rigor no tratamento dos assuntos que a esta filosofia dizem respeito. Este artigo procura demonstrar que Dickens não pretende apresentar uma teoria político-económica completa e precisa através de Hard Times. O autor procura mostrar a necessidade da entrada da fantasia na cidade industrial e utilitarista de Coketown e esta obra deverá ser observada como um veículo de reflexão e de crítica, bem como um movimento revolucionário, na medida em que resulta de um exercício artístico que sugere uma nova ordem e que permite uma transmissão de ideias cujo valor deverá ser considerado, ainda que possam revelar a simplicidade do senso comum.Item A alteração do espaço e quotidiano citadino: o operariado do Porto oitocentista(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Taborda, Célia; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoA cidade do Porto oitocentista é um espaço de industrialização, modernização, crescimento populacional e urbano, mas é também um espaço de assimetrias económicas e sociais. A era industrial fez aumentar o número de burgueses ricos e criou uma nova classe, o operariado, acabando por gerar uma “cidade escondida” dominada pelos operários, que vivia no mesmo espaço citadino mas ao mesmo tempo era excluída dele, gerando situações de tensão e conflito que se exteriorizarão com grande acuidade nas últimas décadas do século XIX através de manifestações e greves.Item Uma estética do espaço ou a Lisboa das Gerações de 70 e de 90 como paisagem literária(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Andrade, Maria Raquel Limão de; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoCom a presente abordagem, pretende-se demonstrar que as universos urbanos que Eça de Queirós, Abel Botelho e outros escritores do séc. XIX se tornam um objeto teórico e poético de representação e um complexo texto humano, construído por sobreposições de imagens objetivas e subjetivas. Construídas pelo olhar objetivo do sujeito e pela sua imaginação e fantasia, estas representações têm também em vista a transformação da sociedade pela denúncia dos seus vícios, das suas patologias sociais, de forma a combater a “miséria portuguesa” de Oitocentos.Item Entre a cidade e a floresta: dissidência e anuência em The Scarlet Letter(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Lima, Joana; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEste artigo propõe uma leitura do romance The Scarlet Letter, de Nathaniel Hawthorne, enquanto viagem pelo espaço físico e ideológico norte-americano, através de uma análise dos diferentes momentos do percurso da letra A bordada por Hester Prynne. Movendo-se entre a cidade e a floresta, a personagem assume a sua individualidade e o desejo de afastamento da América puritana, mas, simultaneamente, ao longo da narrativa, percebe-se que a sua rebeldia é diluída num espírito comunitário e ideológico e que a letra A acaba por assumir aquele que provavelmente será o seu maior significado – a América. Esta leitura será feita juntamente com a análise dos artigos: “How the Puritans won the American Revolution” e “The Rites of Assent: Rhetoric, Ritual and the Ideology of American Consensus”, de Sacvan Bercovitch.Item Terrorism, cosmopolitanism and globalization: Joseph O'Neill's Netherland and Mohsin Hamid's The Reluctant Fundamentalist(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Araújo, Susana; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEste artigo examina dois romances sobre os ataques do “11 de Setembro de 2001,” Netherland de Joseph O›Neill, publicado em 2008, e The Reluctant Fundamentalist de Mohsin Hamid, publicado em 2007. Escrito por escritores de diferentes nacionalidades mas com percursos internacionais semelhantes, ambos os romances tentam alcançar uma perspectiva transnacional sobre o clima de insegurança gerado pelos ataques terroristas de 11 de Setembro. Ambos os romances desvendam uma história de violência que une o legado colonial e novas formações imperiais resultantes do capitalismo neoliberal, revelando em última análise dificuldades em forjar uma visão cosmopolita abrangente, face a novas inseguranças internacionais.Item Porto e Bordéus – cidades do vinho e do mundo(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Cardoso, António Barros; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEsta abordagem à história das cidades do Porto e Bordéus pretende mostrar a identidade entre elas a partir de um elemento comum ao seu desenvolvimento – o vinho. Pontos de contacto existem desde a Idade Média, pelas ligações comerciais à Inglaterra, mas também pela afirmação no seio de ambas as urbes de uma burguesia enriquecida que deixa marcas na cultura, no diálogo entre as cidades e as respectivas áreas de influência.Item El Mapa de la Vida e El Corrector: aproximações e distanciamentos das representações literárias madrilenas a Nova Iorque(Edições Universitárias Lusófonas, 2012) Bettencourt, Sandra; Escola de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias da InformaçãoEl Mapa de la Vida (Adolfo García Ortega, 2009) e El Corrector (Ricardo Menéndez Salmón, 2009), são dois romances contemporâneos que polarizam a discursividade literária acerca da experiência dos atentados a 11 de Março de 2004, na capital espanhola. O artigo propõe-se a questionar as diferentes representações literárias da cidade de Madrid num contexto de ansiedades e inseguranças, potencializado por esse acontecimento, através de uma reflexão que identifique as proximidades e singularidades com representações de diferentes naturezas: Haverá um discurso de uma identidade própria e local, ou de uma identificação e apropriação global (nomeadamente em relação ao 11 de Setembro)? E as representações literárias dialogam com outros média narrativos (as artes visuais e performativas), ou, pelo contrário, as suas vozes e silêncios são específicos de uma expressão literária? Deste modo, pretende-se que seja estabelecida uma rede de relações entre diferentes discursos sobre a construção da cidade (Madrid em primeiro plano) enquanto espaço da experiência do terror.