Cadernos de Sociomuseologia Nova serie 16 - 2020 (Vol. 60)
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Item Memorias de dolor y construcción de exposiciones: hablar de feminicidio(Lusofona University, 2020) Coronado-Téllez, Gabriela; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoAs mortes violentas de mulheres por razões de gênero, também conhecidas como feminicídios, continuam a aumentar as suas cifras no México, o que tem colocado o país como um dos lugares mais perigosos para ser mulher. O crescimento dos crimes e a impunidade que os rodeia tem gerado indignação em diversos setores da sociedade e tem-lhes levado à mobilização, uma destas ações é a de “No Estamos Todas” traduzido como ‘Não Estamos Todas Aqui’, que através da ilustração procuram visibilizar as ditas violências. Partindo da premissa de que os museus e, portanto, as exposições têm função social e devem ser ativas na promoção de direitos humanos e da igualdade de gênero. Neste artigo apresenta-se uma análise das exposições de No Estamos Todas desde uma perspectiva sociomuseologica. Estas ações aconteceram em novembro em Portugal e no mês de março no México. Mesmo quando compartilham a mesma finalidade de visibilizar e sensibilizar ao público sobre feminicídio e transfeminicídio, as linguagens utilizadas nestas exposições foram diferentes, enquanto a primeira procurava explicar a gravidade dos crimes, a segunda tinha o foco nas vítimas desta violência. Estas duas experiências são analisadas utilizando o guia de processo expositivo de Pierre Mayrand.Item Patrimônio e conceito antropológico de cultura: uma longeva relação(Lusofona University, 2020) Fuenzalida, Maria Paz Josetti; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO trabalho buscou discutir a associação feita entre o conceito antropológico de cultura e o alargamento do escopo da noção de patrimônio que ocorreu a partir do início do século XXI, especificamente no que diz respeito às políticas estabelecidas para a proteção do patrimônio cultural imaterial. Argumentou-se que, por ser polissêmico, o conceito antropológico de cultura manteve relação com a noção de patrimônio desde o primeiro quarto do século XX, ou seja, quase um século antes. Verifica-se que o sentido atribuído às duas categorias se transformou. Ademais, discutiu-se que uma ampliação da categoria patrimônio é fruto da ação dos mais diversos atores sociais na demanda por direitos culturais diferenciais, operando com uma gramática político-cultural específica, que dinamizou enunciados como multiculturalismo, diversidade cultural e representação, buscando uma visão não hierarquizante de cultura, o que impactou diretamente na conceitualização de patrimônio e na política de proteção de bens culturais. Para tanto, como maneira de delimitar a discussão, optou-se por trabalhar com documentos produzidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no período, visto ser agente e arena protagonista no que diz respeito às políticas de proteção a bens culturais.Item O corpo na museologia como expressão de identidade no pensamento contemporâneo(Lusofona University, 2020) Freitas, Sara Veríssimo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoNo presente artigo procuramos refletir, no âmbito de uma investigação de doutoramento na ULHT, departamento de Sociomuseologia, sobre a Tatuagem como expressão artística para a museologia contemporânea, onde se procura dar visibilidade a um processo de identidade, a um mapeamento de vivências e, por último, de afirmação de um território que é de cada um de nós – o nosso corpo. Se por um lado, procuramos dar respostas a um dos problemas que consideramos importantes no mundo contemporâneo, buscamos também refletir sobre alguns problemas que assolam a Museologia e os Museus. Ao longo desta investigação indagamos também, através de trabalho de campo expresso por entrevistas aos tatuados, salientar a importância do sujeito nos processos museológicos, através do autoconhecimento, autoestima e autocrítica, em que o sujeito é ao mesmo tempo objeto museológico, considerado como obra de arte. O sujeito tatuado é então portador de imensas problemáticas que são também comuns ao universo Sociomuseológico: ele é sujeito e objeto de memória e esquecimento – mapeamento do seu território; é também sujeito de poder, de seu corpo; é ponto de identificação patrimonial através das suas estéticas; é a busca de uma identidade ou de uma diferença no seu território, e é resultado dos processos fenomenológicos da modernidade. Estes são apenas alguns dos pontos que irão ser abordados no presente texto.Item Construindo a Sociomuseologia: uma análise das teses defendidas no Doutoramento em Museologia da ULHT (2008-2020)(Lusofona University, 2020) Biléssimo, Angelo; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO presente artigo tem por objetivo apresentar dados preliminares de uma investigação que busca auxiliar na compreensão dos contributos de teses e dissertações defendidas no Departamento de Museologia da Universidade Lusófona para o desenvolvimento da Sociomuseologia entre os anos de 2008 e 2020. Esse estudo tem entre suas preocupações compreender como está sendo estruturada a produção de conhecimento na área da Museologia, a partir das pesquisas desenvolvidas na ULHT, e a emergência da Escola de Pensamento da Sociomuseologia. Neste artigo concentramos nossa análise nas teses de doutoramento, analisando 46 trabalhos defendidos entre 2008 e 2020, o que corresponde à totalidade dos trabalhos localizados para o período. Discutimos esta produção através da análise dos temas tratados, espaços geográficos abarcados e um breve perfil dos pesquisadores envolvidos, buscando apontar interpretações e possibilidades de compreensão da Sociomuseologia.Item Escola Livre de Artes Arena da Cultura: erigindo pontes entre formação e inclusão cultural de jovens e adultos(Lusofona University, 2020) Neves, Ana Luísa; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoO artigo explicita e faz uma análise sobre as metodologias participativas de curadorias de exposições no contexto da Escola Livre de Artes Arena da Cultura. Faz-se possível apresentar reflexões sobre a experiência vivenciada como Professora na referida Escola, situada em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (BH-MG), no segundo semestre de 2019. Inicialmente apresento as diretrizes da ELA-Arena, e, em seguida trago embasamentos e discussões em torno deste trabalho. Para além de conclusões, pretendo que o artigo traga bons exemplos em torno das possibilidades de democratização e inclusão cultural ocorrida a nível local.Item Redes de Partilha, Educação e Preservação Patrimonial: 30 anos construindo pontes e abrindo caminhos de integração nas Américas(Lusofona University, 2020) Haspo, Beatriz; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoEm regiões de grandes desigualdades sociais, econômicas, ambientais e culturais, como a América Latina e o Caribe, o trabalho de redes de partilha é vital para potencializar esforços de formação profissional em preservação patrimonial com o objetivo da valorização de culturas, ancestralidades e patrimônios. Este artigo apresenta a trajetória da rede APOYOnline – Associação para Preservação do Patrimonio das Américas, com mais de 4.500 membros que há 30 anos vem desenvolvendo um trabalho de integração e equidade cultural no âmbito da preservação patrimonial na América Latina, Caribe e demais países de língua portuguesa e espanhola e faz reflexões sobre desafios ainda por ultrapassar para alcançar uma preservação integral, comprometida e sustentável .Item A Sociomuseologia como escola de pensamento e a Museologia Social como prática. Como os museus podem ajudar a transformar a realidade dos grupos sob o efeito da marginalização?(Lusofona University, 2020) Neu, Maria Magdalena; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoMuseus são organizações que devem servir à sociedade e, portanto, eles precisam se adaptar às mudanças sociais. Vivemos em uma época em que entendemos que a representatividade é de suma importância para grupos sob efeito de marginalização. As vozes dessas pessoas têm sido sistemática e institucionalmente silenciadas há várias centenas de anos. Uma vez que a museologia tradicional falha em se engajar com grupos marginalizados, e é, até hoje, uma instituição fundamentalmente elitista, a Sociomuseologia como escola de pensamento e a prática da Museologia Social surgiram com a clara missão de retificar este déficit. A escola de pensamento, a prática e seu potencial de desenvolvimento sociopolítico e econômico de um território merecem ser cuidadosamente examinados. Este artigo tem o objetivo de proporcionar insights sobre este novo paradigma museológico. Serão apresentados dois estudos de caso de instituições de museus sociais em favelas brasileiras que exemplificam os benefícios que esses museus já produziram para as comunidades em que estão inseridos. Serão apresentados exemplos de ações desenvolvidas nesses museus e como elas afetam o cotidiano dos moradores locais. Este trabalho foi escrito com base no material reunido para a tese de bacharelado da autora, entregue na Alemanha em 2018, e conta com estudos de campo, entrevistas originais transcritas e traduzidas, observações e uma análise da função social desses museus.Item Representações permeáveis: Sentimento e embate ideológico(Lusofona University, 2020-08-31) Godoy, Henrique; Faculdade de Ciências Sociais, Educação e AdministraçãoSob argumentos objetivistas de comunicação, os discursos do poder reproduzem sua ideologia pelas diversas camadas e estruturas sociais, que consciente ou inconscientemente, o incorporam. Por trás deste manto de imparcialidade vive a normalização da violência e sua consequente permanência no cotidiano. Estabelecer as subjetividades da emoção e do sentimento como parte de um processo de conscientização política, permite posicionarmos a Sociomuseologia/Museologia Social lado a lado com as práticas comunitárias, incluindo a fotografia. Discute-se aqui, sob estes conceitos, a importância desta abertura da esfera pública na reparação de memórias dolorosas, que abrem caminho na inversão das narrativas históricas.