Revista Lusófona de Educação n.º 48 (2020)
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Item Da geopolítica das potências à geopolítica do conhecimento : financeirização e epistemologias de mercado na educação superior brasileira(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Santos, Eduardo; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoEste artigo busca estabelecer os nexos geopolíticos que estão a produzir a reconfiguração político-institucional do sistema federal de educação superior brasileiro, com foco em sua acelerada financeirização e desnacionalização, concluindo pela identificação de aspectos conducentes a sua adequação a epistemologias de mercado. Parte do reconhecimento de que tais mudanças decorrem do processo de globalização político- -econômica que demarca a geopolítica das potências, constituindo-se num processo de regulação transnacional que desborda para o campo educacional que induziu estratégias de privatização de potenciais mercados para, assim, estabelecer o controle da circulação do conhecimento, dado como fator distintivo da competição econômica contemporânea. A análise empreendida vale-se, principalmente, dos aportes teóricos da Sociologia Política da Educação e da Geopolítica, e nos dados do Censo da Educação Superior do MEC. Palavras-chave: educação superior; Brasil; epistemologia de mercado; financeirização; privatização mercantil; regulação transnacional.Item De uma epistemologia clássica à ideia de uma inteligência pública das Ciências(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Robert, André; Guimaraes, Michele Hidemi Ueno; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoCom relação ao que alguns autores têm chamado de “modo 1 do conhecimento”, afirma-se uma concepção diferencialista da atividade de pesquisa, à qual nos encontramos ligados majoritariamente: as instituições de pesquisa dominantes são as universidades e as disciplinas se apresentam claramente separadas; aí predominam epistemologias de ruptura, que podem ser referidas ao modelo bachelardiano. Se não é questão de renunciar às contribuições essenciais dessas posições epistemológicas em nossas práticas de pesquisadores em Ciências Sociais, não podemos, contudo, ignorar o que estes mesmos autores designaram como “modo 2” do conhecimento e a sociedade característica do período contemporâneo. Isto se manifesta, entre outros, com o advento de várias formas de anti-diferencialismo concernentes à atividade de pesquisa (como atestam inúmeras obras dentro da Sociologia da Ciência). Os autores enfatizam ainda um lugar importante, a intervenção agora permanente de “agora” e dos cidadãos. Nossa contribuição examina a relação entre esses dois modos de conhecimento, e discute as questões colocadas pelo o que se desenha hoje em torno de expressões como “Ciências cidadãs”, “Ciências participativas”, “community based research”. Palavras-chave: epistemologia; ruptura epistemológica; diferencialismo e anti-diferencialismo epistemológico; sociologia das ciências; ciências participativas.Item L’ enseignement de l‘histoire en France a-t-il fait l’objet d’un epistémicide? : retour critique sur quelques présupposès de la pensée décoloniale(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Cocke, Laurence De; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoEste artigo tem como objetivo fazer uma reflexão crítica sobre o ensino da História em França. Argumenta-seque o ensino da História só pode ser político e, portanto, é necessário saber quais os conhecimentos básicos que os alunos devem assimilar para exercer a cidadania política. A narrativa histórica da França forjada no século XIX na época daconstituição académica da disciplina de História é baseada numa narrativa linear, ancorada nas grandes personalidadese fundadores de eventos e carregada por uma lógica progressista para demonstrar o progresso de França para o melhor.Essa narrativa histórica tinha um duplo objetivo: fornecer uma matriz de identidade pela identificação comum a um destino coletivo, estabelecer um apego patriótico e um consentimento ao poder, primeiro imperial, depois republicano. Essanarrativa também pretende transmitir um ideal universal diretamente derivado dos pensamentos do Iluminismo, complexos e múltiplos, no centro do qual a História colonial ocupa um lugar central. Em 1957, os programas de História sãoreescritos com a participação de Fernand Braudel. A abordagem “civilizacional” oferece uma nova perspetiva sobre osespaços descolonizadores, oscilando entre a delimitação de uma nova forma de História imediata e o comentário sobre aatualidade. As questões coloniais estão fortemente representadas. O período da década de 1970 até ao presente abordanovas temáticas. A primeira diz respeito à inclusão das descolonizações como conteúdos de ensino a serem organizadosnuma narrativa histórica. O segundo, de caráter mais político, é a demanda social que emerge sobre a memória colonial,em conexão com a politização da França da questão da imigração colonial e pós-colonial. Hoje, a História colonial estámuito presente, no ensino secundário, na faculdade e no ensino tecnológico e profissional.Palavras-chave: ensino secundário; História; colonização; colonialidade; decolonialidade.Item Por um projeto insurgente e resistente de decolonialidade da universidade latino-americana(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Severino, Antonio Joaquim; Tavares, Manuel; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoO presente texto tem por objetivo fazer uma reflexão e análise sobre as implicações da colonização na destruição das culturas dos povos originários da América Latina pela imposição de um modelo de racionalidade e epistemológico de caráter eurocêntrico. O processo de colonização gerou a colonialidade, conceito mais abrangente e mais profundo do que o de colonização. Colonialidade do poder, das mentes, do conhecimento, do gênero, da sexualidade. Construídas no âmbito e por influência da cultura europeia, as instituições de educação superior, vêm reproduzindo os modelos de racionalidade de herança europeia, primeiro e, posteriormente, também norte-americana. A proposta de decolonialidade e sua relação com o conceito e prática da interculturalidade crítica, constitui uma opção política com implicações pedagógicas, epistemológicas e ontológicas. Palavras-chave: colonização; colonialidade; educação superior; interculturalidade crítica; decolonialidade.Item Qualitative research in the time of a disaster like COVID-19(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Wa-Mbaleka, Safary; Costa, António Pedro; CeiED - Interdisciplinary Research Centre for Education and Development2020 entrará na história como o ano em que o mundo foi desafiado por um inimigo invisível que mudou tudo na sociedade humana, no século XXI. É a pior pandemia moderna, que abalou todos os aspetos da vida humana. Claramente, ninguém em nenhum campo estava bem preparado, se é que estava preparado, para a COVID-19. A novidade desta pandemia abriu espaço para várias oportunidades de investigação qualitativa, para ajudar a entender e abordar as implicações sociais. Neste artigo, discutimos as tendências sociais da COVID-19, o papel da investigação qualitativa durante um desastre como esta pandemia e como conduzir investigações qualitativas sobre e no decorrer de uma catástrofe semelhante. Este artigo também apresenta o modelo Crisis Recovery Stages, que pode ajudar os investigadores a moverem-se efetivamente no modo de produção, apesar do desastre. O artigo também gera ideias para questões atuais, que podem ser abordadas através da investigação qualitativa. Palavras-chaves: investigação qualitativa; COVID-19; modelo crisis recovery stages.Item As reconfigurações da educação : a dimensão socioeducativa(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Gonçalves, Maria Neves; Brás, José Viegas; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoAs Ciências da Educação (CE), para sobreviverem e se renovarem, não podem deixar de constituir-se como um lugar de articulação de interdisciplinaridades várias em torno da Educação. É neste sentido que, para responder às diversas problemáticas sociais, emerge a Educação Social entendida como um trabalho social e educativo, numa visão mais ampla quer de prevenção quer de ressocialização, tendo por base uma lógica interdisciplinar e transdisciplinar. Assim, no contexto desta problemática, traçámos para este artigo os seguintes objetivos: (i) repensar, com um olhar histórico, no quadro das CE, a dimensão socioeducativa da educação; e (ii) refletir sobre os contributos do conhecimento e da investigação em CE para as políticas e intervenção socioeducativas. Pelas fontes que compulsámos e pela análise bibliográfica que fizemos, podemos concluir que os vários dispositivos discursivos se foram progressivamente articulando na problematização e materialização do papel do educador na esfera da intervenção socioeducativa. E que o lugar da Educação Social, enquanto espaço de intervenção educativa e social, se está a configurar relevante na realidade socioeducativa portuguesa, contribuindo para alargar o perímetro do Estado de Bem-Estar (Antunes, 2013) e para una ‘buena vida’, ‘una vida resonante’, de que fala Harmud Rosa (2019). Palavras-chave: ciências da educação; educação social; trabalho social e educativo.Item Ya no mirarse con los ojos del amo : apuntes sobre una educación descolonizadora y descolonial(University of Lusophone Humanities and Technology, 2020) Estermann, Josef; CeIED (FCT) - Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e DesenvolvimentoPara alcançar uma educação verdadeiramente descolonizadora e descolonial, é preciso praticar uma desconstrução intercultural crítica dos esquemas mentais “coloniais” e ir além de uma concepção culturalista do mundo. Isso significa que é necessário adotar diferentes rupturas epistemológicas para que não mais vejamos com os olhos do outro e reproduzamos as introjeções mentais do colonizador e do neo-colonizador. Tomando como exemplos as novas constituições políticas “descoloniais” da Bolívia e do Equador, advertimos sobre os perigos de uma educação descolonial superficial e de maquiagem que não questiona as verdadeiras relações de poder. Palavras-chave: epistemologia; Abya Yala; descolonização; educação; conhecimento; interculturalidade; colonialidade.