Mestrado em Psicologia da Justiça
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Item Desigualdade percebida como fator de risco para a violência nas relações de intimidade: uma perspetiva macroestrutural(2016) Moreira, Clara Regina Teixeira; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.Numerosos estudos têm reunido evidências que sustentam a relação entre desigualdade e violência. Apesar da importância e necessidade de analisar o fenómeno da VRI numa perspetiva sociocultural, considerando fatores macroestruturais relacionados com o mesmo, estudos prévios circunscrevem as suas análises a indicadores económicos, negligenciando indicadores pessoais subjetivos. Assim, o presente estudo tem como objetivo explorar a relação entre desigualdade percebida e a experiência VRI. Para o efeito, recolheu-se uma amostra da comunidade (n= 172), através de um protocolo de instrumentos constituído por um Questionário Sociodemográfico, Questionário Experiências de Vitimação na Idade Adulta (QEVIA), Inventário de Experiências de discriminação (IED) e um Inventário de Desigualdade Percebida (IDP). Os resultados demonstraram que a desigualdade percebida, a discriminação percebida e os recursos materiais e económicos percebidos são preditores da experiência de VRI. O controlo percebido revelou ser um preditor marginalmente significativo da mesma. Nesta ótica, os recursos materiais e económicos percebidos são fundamentais para a desvinculação ao par íntimo, proporcionando à vítima maior controlo sobre a sua vida e menor probabilidade de sofrer de violência. É, pois necessário um maior investimento em medidas políticas, sociais e económicas para prevenir este fenómeno.Item Bem-estar social na idade adulta : adaptação e validação da Social Well-being Scales no contexto português(2016) Silva, Ana Lages; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.A saúde mental envolve não apenas a ausência de problemas mas também o funcionamento ótimo do indivíduo, aqui conceptualizado enquanto bem-estar. Em Portugal, estudos anteriores centraram-se na validação de instrumentos de avaliação do bem-estar psicológico e subjetivo. Tendo em conta a lacuna existente na avaliação do bem-estar social, este estudo teve como objetivo adaptar e validar a Social Well-being Scales (Keyes, 1998) no contexto português. Esta escala mostra-se mais adequada para avaliar detalhadamente as diferentes componentes do bem-estar social, pois permite aferir o bem-estar dos indivíduos inseridos em sociedade, atendendo à avaliação dos próprios. O processo de adaptação e validação envolveu diferentes tipos de validade e a análise de consistência interna. Recorreu-se à escala de satisfação com a vida e a duas dimensões do inventário de sintomas psicopatológicos (e.g., ansiedade e depressão) para avaliar a validade convergente e discriminante, respetivamente. A amostra foi constituída por 322 adultos, entre 18 e 58 anos, maioritariamente do sexo feminino (65.8%). Os dados foram submetidos a uma análise fatorial confirmatória (i.e., validade de constructo), a uma análise de validade com base na relação com outras variáveis (i.e., validade convergente e discriminante) e análise de consistência interna. Ao nível da validade de constructo, os dados revelaram um modelo de cinco fatores (consistentes com o modelo original) com bons índices de ajustamento e valores adequados de consistência interna. A escala correlacionouse convergentemente com a dimensão de satisfação com a vida e discriminantemente com as escalas de depressão e ansiedade. Esta escala poderá assumir-se como um recurso fundamental na avaliação do bemestar, permitindo uma abordagem mais compreensiva da saúde mental dos indivíduos. Nesta sequência, poderá, para além de promover o bem-estar social, facilitar uma intervenção mais eficaz e mais direcionada às necessidades específicas dos indivíduos.Item Vitimação e funcionamento psicológico na idade adulta: o papel moderador do suporte social(2016) Ornelas, Maria Júlia; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.O presente estudo teve como principais objectivos: (1) Explorar e compreender a violência nas suas vertentes, contexto, tipo de violência e impacto na saúde; (2) o construto de bem-estar e os aspetos positivos de funcionamento do indivíduo, otimismo e satisfação com a vida; (3) explorar e promover a distinção das correntes filosóficas hedónica e eudaimónica bem como a perspetiva do bem-estar subjetivo (BES) e bem estar psicológico (BEP); (4) a importância do suporte social na saúde e nos efeitos benéficos na vida dos sujeitos. De referir que este estudo procurou testar o papel moderador do Suporte Social (SS) na predição do funcionamento psicológico atual, tendo como variável antecedente a experiência de vitimação durante o último ano. A amostra foi constituída por 381 sujeitos, de ambos os sexos, recolhida online em todo o território nacional. O protocolo de instrumentos administrados incluiu um questionário sociodemográfico, uma medida de bem-estar psicológico (Escalas de Bem-Estar Psicológico - EBEP; Ryff, (1989), adaptada por Novo, (2003); Escala de suporte social (Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido –(MSPSS); Zimet, Dahlem, Zimet & Farley, (1988), adaptada por Carvalho, Pinto-Gouveia, Pimentel, Maia & Mota-Pereira, (2011); Escala de sintomatologia psicopatológica (Brief Symptom Inventory – (BSI); Derrogatis, (1982), adaptada por Canavarro, (2007); Questionário de Experiências de Vitimação na Idade Adulta – QEVIA; Lisboa, Barroso, Patrício & Leandro, (2009), validado por Antunes, Ferreira & Magalhães, (2016). Os resultados sugerem que o suporte social familiar modera de forma marginalmente significativa a relação entre as experiências de vitimação e a sintomatologia psicopatológica. Níveis elevados de suporte social familiar relacionam-se com baixos níveis de experiências de vitimação e a sintomatologia psicopatológica. O estudo desenvolvido confirmou resultados de outros estudos. Resultados do moderador do suporte social não são estatísticamente significativos. Encontradas implicações concetuais metodológicas. Limitação sentida, pouca literatura a nível de violência no geral.Item Vitimação por stalking e funcionamento psicológico na idade adulta: o papel moderador da duração da experiência(2017) Leite, Ana Isabel Dias; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.O stalking constitui um fenómeno de violência socialmente significativo, complexo e multifacetado. De acordo com esta perspetiva, as pessoas com níveis superiores de Bemestar possuem uma melhor autoaceitação e assumem a intenção de se sentirem bem consigo próprias, e conscientes das suas próprias limitações. O principal objetivo deste estudo é testar o papel moderador da duração da experiência de vitimação por stalking na predição do funcionamento psicológico atual, tendo como variável antecedente a frequência dos comportamentos deste tipo, sofridos durante o último ano. A amostra do estudo foi constituída por um total de 494 participantes, na maioria mulheres (74.8%), com idades compreendidas entre os 18 e os 63 anos (M= 32.35; DP= 9.43). A duração do stalking afigurou-se um moderador estatisticamente significativo na relação entre a frequência dos comportamentos e o BEP – ‘Domínio do Meio’ (β = .375, p = .011), indivíduos que reportaram ter sofrido comportamentos de stalking num registo mais frequente revelaram maior BEP (Domínio do Meio). Este estudo vai ao encontro da necessidade de se alargar o estudo de diferentes experiências de vitimação a indicadores de funcionamento positivo e/ou de saúde mental das vítimas.Item Vitimação e funcionamento psicológico na idade adulta : o papel moderador do estatuto social subjetivo(2017) Silva, Sara Oliveira; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.A investigação no âmbito do impacto psicológico associado às experiências de vitimação tem-se centrado fundamentalmente nas consequências negativas e menos nas dimensões de funcionamento psicológico adaptativo. Por outro lado, vários estudos têm verificado uma relação significativa entre o Estatuto Social Subjetivo e indicadores de saúde física ou mental, no entanto, são inexistentes estudos que consideraram o ESS na compreensão do impacto decorrente das experiências de vitimação. Neste sentido, o presente estudo propôs-se a testar o papel moderador do Estatuto Social Subjetivo (ESS) na predição do funcionamento psicológico atual, tendo como variável antecedente a experiência de vitimação durante o último ano. A amostra foi constituída por 381 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 67 anos de idade (M= 34; DP= 10,63), sendo que a maioria era do sexo feminino (52.8%). Em termos de instrumentos recorreu-se a um questionário sociodemográfico para recolher informação sociodemográfica e a avaliação individual do Estatuto Social Subjetivo, a um questionário de autorrelato para avaliar experiências de vitimação na idade adulta (QUEVIA), a uma escala de Bem-Estar Psicológico (EBEP) para avaliar indicadores de bem estar, e a um inventário de sintomas psicopatológicos (BSI) para avaliar sintomatologia de depressão e ansiedade. Os resultados confirmaram o papel moderador do ESS, demonstrando que em condições de elevado ESS, resultam níveis inferiores de sintomatologia depressiva e níveis superiores de Bem Estar Psicológico, particularmente no que respeita à dimensão de autonomia.Item Vitimação, acontecimentos de vida e funcionamento psicológico na idade adulta(2017) Brás, Cátia Salomé Araújo; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.A compreensão do impacto das experiências de vitimação na idade adulta e dos acontecimentos de vida stressantes tem sido alvo de um crescente interesse por parte da investigação científica. Não obstante, os estudos realizados centram-se essencialmente nos efeitos negativos e negligenciam outras dimensões adaptativas de funcionamento psicológico. Simultâneamente, dados empíricos têm vindo a evidenciar o poder cumulativo dos fatores de risco, dos stressores e/ou experiências adversas no desenvolvimento humano. Nesta sequência, o presente estudo teve como principal objetivo analisar a influência cumulativa (das experiências de vitimação e acontecimentos de vida stressantes) no funcionamento psicológico na idade adulta, explorando a sua relação com a psicopatologia e com o bem estar psicológico. A amostra foi constituída por 383 sujeitos (53% sexo feminino), com idades compreendidas entre os 18 e os 67 (M=34;DP=10,63). O protocolo de instrumentos administrados incluiu um questionário sociodemográfico, uma medida de sintomas psicopatológicos (BSI; Degoratis, 1982; adaptado por Canavarro, 2007), uma medida de bem estar psicológico (EBEP; Escalas de Bem Estar Psicológico, Ryff, 1989; adaptado por Novo, 2003) e uma medida de experiências de vitimação (Questionário de Experiência de Vitimação na Idade Adulta; Lisboa, Barroso, Patrício & Leandro, 2009, adaptado por Antunes, Ferreira & Magalhães, 2016). Os resultados confirmam o poder preditivo das experiências de vitimação e dos acontecimentos de vida stressantes e, ainda, a sua influência cumulativa no funcionamento psicológico, evidenciando um impacto negativo ao nível da sintomatologia e do bem estar.Item As teorias explicativas sobre o crime de homicídio na decisão judicial - uma análise comparativa entre o discurso dos magistrados e os acórdãos(2017) Batista, Vera Mónica Ramos; Dias, Ana Rita Conde, orient.Este trabalho tem como objetivo compreender se as teorias explicativas do crime, especificamente sobre o homicídio, indicadas pela literatura, estão implícitas na decisão judicial. Incluiu 12 magistrados selecionados, de acordo com os seguintes critérios: i) a exercer funções nos tribunais judiciais de primeira instância da região Norte (por se tratarem dos tribunais onde ocorre a primeira decisão judicial); e (ii) possuir, no mínimo, 5 anos de experiência em casos de homicídio com dolo. A inclusão dos participantes foi guiada através da análise dos resultados, introduzindo novos casos de comparação de acordo com o sexo (seis do sexo masculino e seis do sexo feminino). A entrevista semiestruturada foi realizada, com foco na tomada de decisões judiciais. Os acórdãos - amostra documental - foram antecipadamente recolhidos utilizando a palavra homicídio para pesquisa de descritor na base de dados dos acórdãos portugueses, excluíndo desta recolha, os homicídios sem dolo e os acórdãos sem informação sobre a pena atribuída, referentes ao Tribunal da Relação do Porto e o Supremo Tribunal de justiça. A metodologia de análise utilizada foi a análise de conteúdo. Concluindo que os juízes referem de um modo geral todas as abordagens às teorias explicativas, dando ênfase às teorias intraindividuais, no entanto, discute-se que as referem inconscientemente e sem conhecimento específico destas.Item Jovens “delinquentes” institucionalizados em Portugal : um estudo qualitativo das suas histórias de vida(2017) Teixeira, Silvana Daniela Ventura; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.Não existe uma definição consensual na literatura para o termo “delinquência juvenil”. Na tentativa de explicação deste fenómeno encontra-se na literatura, teorias intra-individuais, da aprendizagem social, sócio-estruturais e desenvolvimentais. Verifica-se a predominância de estudos focados na prevalência e na identificação de factores de risco ou de preditores da delinquência, sendo escassos os estudos que procuram compreender o fenómeno desde o ponto de vista de quem o vivencia, de carácter qualitativo. Assim, surge este estudo no sentido de colmatar esta lacuna, através da análise da história de vida de 9 jovens, do sexo masculino, institucionalizados num Centro Educativo em Portugal. Para aceder aos participantes recorreu-se ao pedido de autorização para recolha de dados no Centro Educativo à DGRSP, onde posteriormente foi obtido o consentimento informado dos jovens e/ou dos seus representantes legais. As entrevistas foram realizadas e gravadas nas instalações do Centro Educativo, com uma duração média entre os 45 e os 120 minutos e transcritas na íntegra, de modo a salvaguardar-se a integridade dos relatos para posterior análise. Os resultados indicam que a família e o grupo de pares assume um papel central na vida dos jovens, apesar das experiências negativas (e.g.: maus-tratos, rejeição, abandono). Os jovens focam ainda a dificuldade e instabilidade decorrentes da institucionalização, assim como os remorsos associados ao cometimento dos comportamentos delinquentes. Salienta-se a influência negativa das experiências adversas no seu autoconceito e a valorização do ideal de família unida e afetuosa.Item Homens vítimas de violência na intimidade: perceções de estudantes universitários(2018) Homem, Joana Pereira Pinto Gentil; Machado, Andreia Patrícia Guimarães, orient.A violência nas relações de intimidade contra os homens esteve sempre presente na nossa sociedade, apesar de omissa. O estereótipo e a desejabilidade social são os principais fatores associados à manutenção deste fenómeno de violência nas relações de intimidade. A nível internacional e nacional, os estudantes universitários mantêm perceções inadequadas acerca desta dinâmica, e revelam-se uma das populações em que este fenómeno está presente e que o nível de prevalência é elevado. Como pertinência deste estudo pretende-se uma compreensão das perceções dos estudantes universitários, para se possível, perceber as suas origens. Ao focar nestas origens é importante intervir de forma primária, remodelando as representações e perceções que estes constroem até aqui, em função dos comportamentos por aprendizagem ao longo do “novo” conceito de uma educação mais igualitária. Sendo os jovens universitários uma população alvo de maior interesse sobre este fenómeno, foi colocado online o instrumento de autorrelato (inventario de perceções sobre violência doméstica e homicídio conjugal Este estudo abrangeu 205 estudantes universitários a nível nacional da Universidade Lusófona do Porto, com o objetivo de perceber as suas perceções acerca da violência nas relações de intimidade contra os homens. Os resultados confirmam a literatura demonstrando perceções desadequadas, sobre o fenómeno de uma forma geral. A subescala do autorreconhecimento como vítima revelou-se adequada, mas apenas em associação com o contacto direto com a violência nas relações de intimidade e no elevado ano escolar. Palavras-chave: estudantes universitários, homens vítimas, violência na intimidade.Item Vitimação por stalking e funcionamento psicológico na idade adulta: o papel moderador do suporte social(2018) Vieira, Ana Catarina Brito Santos Sousa; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.Não obstante a atenção científica que o fenómeno de vitimação por stalking tem recebido no panorama internacional, este é ainda um tema menos estudado no contexto nacional. Para além disso, e à semelhança do que acontece com outras tipologias de violência, o investimento empírico (nacional e internacional) tem privilegiado a análise de dimensões de impacto para os alvos negligenciando outras dimensões importantes de saúde mental (i.e., bemestar) e os fatores de proteção, nomeadamente o suporte social. Este estudo pretendeu ultrapassar as principais lacunas identificadas na literatura sobre experiências de vitimação e que se prende com o foco tradicional no impacto e sintomas psicopatológicos decorrentes de vivências desta natureza e, especificamente, visou aferir o papel moderador do suporte social na predição do funcionamento psicológico, tendo como variável antecedente a experiência de vitimação por stalking durante o último ano. Assumindo-se uma perspetiva multidimensional de Saúde Mental, o presente trabalho irá considerar não apenas dimensões negativas do funcionamento, mas também a dimensão do bem-estar, essencial para uma análise integradora do funcionamento psicológico individual. A amostra foi constituída por 494 participantes, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 63 anos. Os resultados revelaram efeitos de moderação significativos do suporte social (outros significativos e amigos) na relação entre a vitimação sofrida por stalking e dimensões de sintomatologia (ansiosa) e de bem-estar psicológico (domínio do meio e crescimento pessoal). É necessário um maior investimento ao nível da investigação relativamente a este tema, tendo mais em conta a necessidade das vítimas em obter um suporte social mais adequado às suas necessidades de recuperação.Item Preservação do sentido identitário na condição de sem-abrigo(2018) Rodrigues, Hugo Daniel Pereira; Cabral, Joana, orient.As pessoas em condição de sem-abrigo são continuamente confrontadas com o problema da construção da sua identidade pessoal que é influenciada pelo modo estereotipado e estigmatizado em que se inserem na hierarquia social. O presente estudo pretendeu explorar as narrativas de indivíduos nesta condição, na tentativa de melhor compreender o seu funcionamento psicológico e que tipo de estratégias intrapsíquicas são utilizadas para fazer frente a esse confronto identitário. A amostra foi constituída por 13 sujeitos que estão ou já estiveram em condição de sem-abrigo. Foi realizada uma entrevista semiestruturada a cada um dos participantes, tendo um guião adaptado da entrevista de McAdams (1995), The Life Story Interview, no entanto focando dimensões consideradas importantes para a identidade. Para a análise e tratamento dos dados utilizou-se o software NVivo 10 e posteriormente a análise temática. Os resultados do estudo confirmam o que é referido na literatura, os indivíduos na situação de sem-abrigo podem assumir diferentes posições face à sua condição, podendo incorporar a identidade social de sem-abrigo ou por outro lado distanciar-se dela. No entanto esta questão não deve ser vista de forma linear, visto que em função de determinadas circunstâncias os sujeitos podem utilizar estratégias diferentes e até contraditórias. Com esta investigação foi possível perceber que um mesmo individuo pode adotar diferentes estratégias de preservação do seu sentido identitário, que à luz de uma perspetiva psicodinâmica podem passar por mecanismos de (des)identificação, projeção, introjeção e negação.Item Homens vítimas de violência nas relações de intimidade: perceções da comunidade geral(2018) Gomes, Ana Raquel Teixeira; Machado, Andreia Patrícia Guimarães, orient.A violência nas relações de intimidade (VRI), durante largos anos, foi encarada como um problema individual. Porém, apesar de atualmente ser reconhecida como um problema social, criminal e transversal, a sociedade não encara o homem vítima do mesmo modo que encara uma mulher vítima, o que provoca impacto negativo significativo no homem, nomeadamente, no processo de procura de ajuda. O objetivo deste estudo foi aceder às perceções da comunidade em geral sobre a violência nas relações de intimidade contra homens. Para esse efeito foi aplicado um inventário de perceções online a 405 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 59 anos. Os resultados demonstram que, em média, os participantes apresentam perceções desajustadas sobre o fenómeno. A ambiguidade encontrada nas afirmações demonstra a necessidade de se desenvolverem ações de sensibilização e de formação, que aumentem a consciencialização social e capacitem a comunidade geral para prevenir/intervir na VRI contra os homens, permitindo influenciar e apoiar o homem vítima no processo de procura de ajuda, seja ela formal ou informal.Item Ajustamento psicossocial de crianças e jovens em acolhimento familiar: uma revisão sistemática da literatura(2018) Saraiva, Ricardo José Pontes; Oliveira, Célia Regina Gomes, orient.O objetivo deste trabalho centra-se na necessidade de aprofundar um tema pouco explorado no panorama nacional, nomeadamente o ajustamento psicossocial de crianças e jovens em regime de acolhimento familiar, analisando a investigação empírica dos últimos 10 anos. Para o efeito, procedeu-se à realização de uma revisão sistemática da literatura neste âmbito, por via de uma análise descritiva dos resultados da investigação publicada nas bases de dados referenciais da área. Inseriram-se os seguintes termos de pesquisa (e respetiva combinação): Acolhimento Familiar AND Psicossocial (em Língua Portuguesa), Acogimento Familiar AND Psicosocial (em Língua Espanhola), Foster Care AND Psychosocial, Foster Care AND Psychosocial Adaptation, Foster Care AND Psychosocial Adjustment, e Foster Care AND Psychological (em Língua Inglesa). Esta pesquisa resultou na obtenção de 106 artigos, tendo em consideração se os termos de pesquisa encontravam-se no titulo e/ou resumo dos mesmos. Estes artigos foram alvos de triagem, consoante os critérios de inclusão e exclusão definidos. Após aplicação destes critérios chegou-se aos 36 artigos utilizados para esta revisão. A análise qualitativa de conteúdo resultou na identificação de 4 categorias temáticas, referentes a dimensões comportamentais, cognitivas, da saúde mental e do próprio conceito de ajustamento das crianças acolhidas, tomando como ponto de comparação o impacto que as outras medidas de acolhimento têm nos seus beneficiários. Os resultados desta revisão apontam para um retrato de vulnerabilidade como modo de descrever esta população, estando sujeita a múltiplos riscos de cariz psicossocial, o que engloba consequências em todas as dimensões referidas anteriormente.Item Vitimação indireta na infância, violência prisional e psicopatologia: um estudo com a população reclusa em Portugal(2018) Vieira, Ana Rita Brito Santos Sousa; Dias, Ana Rita Conde, orient.O presente estudo pretende caracterizar as experiências de vitimação indireta na infância, as experiências de violência (vitimação e perpretação) no contexto prisional, o estado psicológico dos reclusos, homens e mulheres, e analisar se estas variáveis estão ou não interligadas. Para esse efeito, recolheu-se uma amostra de 394 participantes em situação de reclusão em vários Estabelecimentos Prisionais da Região Norte. Neste estudo, foram aplicados como instrumentos um questionário sociodemográfico e criminal, o Questionário de História de Adversidade na Infância (ACE) e, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI). Os resultados demonstraram que 130 reclusos relatam ter pais separados ou divorciados, 119 vivenciaram algum tipo de violência doméstica, 84 habitaram com alguém com problemas de abuso de substâncias, 84 relataram ter habitado com alguém que se suicidou, tentou suicidar-se ou tinha alguma perturbação mental e 106 dos participantes tiveram algum familiar preso. Relativamente às experiências de violência no contexto prisional, 97 dos reclusos referem já ter sofrido algum tipo de violência enquanto que, 68 admitem já ter praticado algum tipo de violência no Estabelecimento Prisional. Verifica-se que os participantes que relataram ter sofrido algum tipo de violência no Estabelecimento Prisional apresentam níveis superiores de Adversidade na Infância quando comparados com os participantes que não sofreram qualquer tipo de violência. O mesmo se aplica aos participantes que relataram ter praticado algum tipo de violência no Estabelecimento Prisional.Item Vitimação na infância, vitimação prisional e desajustamento psicológico na população reclusa em Portugal: o papel da vitimação direta na infância(2018) Ribeiro, Patrícia Alexandra de Sousa; Dias, Ana Rita Conde, orient.A nível nacional pouco se conhece sobre a experiência da vitimação no contexto prisional, não havendo estudos sobre a sua prevalência e, menos ainda, que procurem analisar a sua associação a um historial de violência direta e ao longo da vida. Assim, o presente estudo tem como objetivos: estimar a prevalência de violência direta e da vitimação ao longo da vida de mulheres e homens reclusos, incluindo a vitimação prisional actual e caracterizar o seu ajustamento psicológico em função dos dados sociodemográficos e criminais. Recolheuse uma amostra de 394 participantes em situação de reclusão em vários Estabelecimentos Prisionais da Região Norte e Centro. Foram aplicados como instrumentos um questionário sociodemográfico e criminal, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos (BSI) e o Questionário de História de Adversidade na Infância (ACE). Os resultados indicam que 88% experienciou adversidade na infância, sendo as mulheres que mais relatam ter sofrido abuso físico na infância. No que toca à vitimação prisional, 25% dos participantes reportam terem sofrido algum tipo de violência no contexto prisional. Relativamente aos sintomas psicopatológicos, ao nível do Índice de Sintomas Positivos, 50% dos participantes pontuam acima do ponte de corte, bem como todas as subescalas encontram-se acima da média para a população geral. Verifica-se que quem relata ter sofrido vitimação prisional relata também mais experiências adversas na infância, comparativamente com quem não relata vitimação no contexto prisional.Item Vitimação e funcionamento psicológico na idade adulta: o papel moderador do sexo(2018) Santos, Diana Alexandra Fernandes dos; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.Apesar do foco tradicional no estudo de sintomas psicopatológicos decorrentes de experiências de Vitimação, vários autores têm sublinhado a necessidade de se assumir uma perspetiva mais holística de saúde mental neste domínio, destacando tratar-se de um estado completo de isenção de psicopatologia e níveis elevados de Bem-Estar. Considerando, também, evidências prévias sobre a relação entre psicopatologia e sexo, o presente estudo tem como objetivo testar o papel moderador do sexo na relação entre Vitimação e funcionamento psicológico, na idade adulta. Tanto as experiências de Vitimação como o funcionamento psicológico são aqui conceptualizados e medidos de forma multidimensional. A amostra foi constituída por 383 sujeitos, maioria do sexo feminino (53%), média de idades de 34.01 anos (DP = 10.6 anos). Trata-se de um estudo exploratório/correlacional, cujo protocolo de investigação inclui o BSI, EBEP e o Inquérito Nacional de Vitimação, divulgado através de contactos institucionais e redes sociais, com recolha de dados via online. No tratamento/análise dos dados utilizou-se o software informático SPSS. Dos resultados conclui-se que níveis superiores de vitimação estão associados a níveis superiores de sintomas depressivos e ansiosos. Na análise da variável sexo na relação entre a vitimação e os sintomas psicopatológicos, constatou-se que o sexo exerce um efeito moderador na relação entre a violência psicológica e a depressão, e na relação entre a violência física e a depressão. Contudo, é quando os níveis de vitimação psicológica e física são reduzidos, que homens e mulheres se distinguem mais e, em ambos os casos, são as mulheres quem apresentam mais problemas dessa natureza. Verificou-se que o sexo exerce um efeito moderador na relação entre as três formas de violência (física/sexual/psicológica) e a ansiedade, a destacar-se o sexo feminino. No que respeita à vitimação e ao BEP, níveis superiores de vitimação estão associados a níveis inferiores de BEP. Na análise do efeito do sexo na relação entre a vitimação e o BEP, o sexo exerce um efeito moderador na relação entre a violência psicológica nas seguintes dimensões do BEP: Relações Positivas, Objetivos de Vida e Aceitação de si.Item Riscos e funcionamento psicológico na idade adulta: o papel mediador das experiências de vitimação(2018) Ribeiro, Cátia Cristina Cunha; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.O impacto das experiências de vitimação e de acontecimentos de vida adversos tem sido alvo de interesse científico crescente. Apesar disso, os estudos têm-se focado nas consequências psicopatológicas na vida adulta decorrentes de adversidade experienciada na infância, subsistindo também uma vasta diversidade concetual na literatura da especialidade. De facto, escasseiam trabalhos que explorem a relação entre acontecimentos de vida adversos e experiências de vitimação na vida adulta, considerando o mesmo período temporal e integrando também as dimensões de bem-estar. Consequentemente, a investigação tem negligenciando o impacto nos sujeitos que experienciam acontecimentos adversos e violência. Assim, o presente estudo teve como principal objetivo testar o papel mediador de experiências de vitimação na predição do funcionamento psicológico, tendo como variável antecedente a experiência de adversidade durante o último ano. A amostra foi constituída 383 participantes, com idades compreendias entre os 18 e os 64 anos. O protocolo incluiu um questionário sociodemográfico, um questionário de experiências de vitimação (QEVIA), uma medida de sintomatologia psicopatológica (BSI) e uma escala de bem-estar psicológico (EBEP). Os resultados demonstram que a violência, em particular, a psicológica, exerce um papel mediador significativo entre a adversidade e o funcionamento psicológico, quer ao nível da sintomatologia (ansiosa e depressiva), quer do bem-estar (Aceitação de Si, Domínio do Meio e Relações Positivas). Este estudo encerra um conjunto de mais-valias em relação à investigação prévia neste domínio, especificamente, experiências adversas e de vitimação vivenciadas na adultez, considerando o mesmo período temporal e integrando também as subdimensões do bem-estar psicológico.Item Vitimação e funcionamento psicológico na adolescência: o papel mediador do suporte social(2018) Neves, Cláudia Sofia Monteiro; Antunes, Carla Margarida Vieira, orient.A violência na adolescência tem impacto no funcionamento psicológico e bem-estar das vítimas. Este trabalho considera a violência numa perspetiva holística e multidimensional e pretende estudar a violência e funcionamento psicológico na adolescência e o papel mediador do suporte social. Nesta sequência, o protocolo envolveu um questionário sociodemográfico, um questionário para avaliar experiências de vitimação na idade adulta (QUEVIA), escala de suporte social (MSPSS), escalas de avaliação de sintomatologia de internalização (EADS), de externalização (ASRDS) e de bem-estar psicológico (EBEP). A amostra foi constituída por 114 adolescentes, do sexo masculino e feminino, com idades entre os 15 e 18 anos. Os resultados encontrados evidenciam a existência de mediação entre a violência Psicológica e depressão, bem como entre a violência psicológica e uma dimensão do bem-estar. Nos dois casos o mediador revelou-se ser o suporte social familiar percebido. Estes resultados evidenciam a relevância do suporte social (e mais especificamente o familiar) no contexto da vitimação na infância e adolescência, quer para a intervenção psicológica individual, quer para o desenvolvimento de programas de prevenção.Item As representações mediáticas da violência nas relações de intimidade(2018) Silva, Flávia Cristina Pereira da; Machado, Andreia Patrícia Guimarães, orient.Os média, enquanto elementos de mediação social, têm um grande impacto na perceção do público pelo modo como retratam a violência nas relações de intimidade. O presente estudo é de cariz qualitativo e visa, através da análise temática de notícias (n = 44), a caracterização da violência nas relações de intimidade, dos seus intervenientes e a identificação dos discursos existentes acerca da violência. Os resultados demonstram que os homens são maioritariamente vítimas de violência física e as mulheres de violência psicológica. De igual modo evidenciaram a existência de estereótipos em torno do consumo de substâncias e da violência sexual e a transmissão de discursos desculpabilizadores e normalizadores da violência. As implicações práticas prendem-se com uma caracterização mais fidedigna deste fenómeno, das vitimas e perpetradores/as e uma maior consciencialização do homem como vítima e da mulher como agressora.Item Vitimação por stalking : preditores da auto-perceção da violência sofrida(2018) Maganinho, Jéssica Filipa Silva; Ferreira, Célia Isabel Lima, orient.O stalking é uma temática relativamente recente, principalmente no território nacional. Alguns investigadores revelam uma certa dificuldade em obter respostas claras e definitivas no que concerne a sua definição. É um fenómeno que se constrói numa vasta multiplicidade de condutas e encerra um espectro bastante diversificado e heterógeno de vítimas e perpetradores. As perceções relativamente a este fenómeno são consideradas incertas, podendo variar num contínuo de reações e emoções, sendo a auto-perceção um critério influenciador para o reconhecimento da experiência. O objetivo geral deste estudo é analisar os fatores preditores da auto-perceção da experiência de vitimação por stalking de acordo com a severidade, a frequência e a duração dos comportamentos de stalking sofridos, bem como, o tipo de relação vítima-stalker. Os resultados sugerem que cerca de metade da amostra experienciou pelo menos um comportamento. No entanto, alguns critérios revelaram-se determinantes para a auto-perceção da experiência como violenta, sendo que os sujeitos alvo de estratégias de perseguição e vigilância, aqueles que foram fotografados e/ou filmados sem autorização e aqueles que sofreram uma conduta mais reiterada revelaram maior probabilidade de se reconhecerem como vítimas deste tipo de conduta. Estes dados sugerem a necessidade de reflexão sobre a adequação do texto legal, recentemente aprovado no nosso país.